Beija-Flor sofre com princípio de incêndio no início do desfile

Por - 21/02/23 às 03:27

Beija Flor carro pega fogoReprodução/TV Globo

A azul e branca exaltou a “verdadeira” Independência do Brasil, a expulsão das tropas portuguesas da Bahia, em 1823, que em 2023 completa 200 anos, transformando o desfile em um ato cívico. Os excluídos do Grito do Ipiranga forma retratados na Marquês de Sapucaí, com uma reflexão proposta pelos carnavalescos: “Essa Independência abraça exatamente a quem? Quem é que tem domínio? Quem é que realmente consegue acessar sua autonomia? Dignidade do trabalho, acesso à Terra, acesso a direitos, liberdade de ser quem você quer ser?”.

“A grande ideia é que a gente construa sempre junto uma ideia de Brasil ou ideias de brasis muito melhores”, diz André Rodrigues, que assina o enredo com Alexandre Louzada.

Logo no início do desfile, a agremiação sofreu com um princípio de incêndio em um dos carros. Rapidamente, foram retirados alguns componentes da escola, com a ajuda dos bombeiros. O fogo foi controlado e as pessoas atendidas, rapidamente.

Destaque principal, na parte mais alta, Edson de Assis teve que ser retirado do local, enquanto as chamas eram contidas.

Com o incêndio controlado, Neguinho da Beija-Flor, com o auxílio de Ludmilla, iniciou o canto da escola, a quinta a desfilar na madrugada desta terça-feira, 21 de fevereiro, e o refrão caiu como uma luva pro momento: “Deixa Nilópolis cantar”.

Ficha técnica:

Fundação: 25/12/1948
Cores: Azul e Branco
Presidente de Honra: Aniz Abrahão David
Presidente: Almir Reis
Enredo: “Brava Gente! O Grito Dos Excluídos No Bicentenário da Independência”
Carnavalescos: Alexandre Louzada e André Rodrigues
Diretor de Carnaval: Dudu Azevedo
Intérpretes: Neguinho da Beija-Flor e Ludmilla
Mestres de Bateria: Rodney e Plínio
Rainha de Bateria: Lorena Raissa
Famosos: Giovanna Lancellotti, Brunna Gonçalves e Enzo Celulari

O SAMBA

Assinado pelos compositores Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa, o samba-enredo da Beija-Flor teve um ótimo rendimento na avenida, com o canto forte da comunidade, aliado ao bom desempenho de Neguinho e Ludmilla.

Confira a letra:

A revolução começa agora
Onde o povo fez história
E a escola não contou
Marco dos heróis e heroínas
Das batalhas genuínas
Do desquite do invasor

Naquele dois de julho, o sol do triunfar
E os filhos desse chão a guerrear
O sangue do orgulho retinto e servil
Avermelhava as terras do Brasil

Eh! Vim cobrar igualdade, quero liberdade de expressão
É a rua pela vida, é a vida do irmão
Baixada em ato de rebelião (eh, eh)

Desfila o chumbo da autocracia
A demagogia em setembro a marchar
Aos “renegados”, barriga vazia
Progresso agracia quem tem pra bancar

Ordem é o mito do descaso
Que desconheço desde os tempos de Cabral
A lida, um canto, o direito
Por aqui o preconceito tem conceito estrutural

Pela mátria soberana, eis o povo no poder
São marias e joanas, os brasis
Que eu quero ter

Deixa Nilópolis cantar!!!
Pela nossa independência, por cultura popular

Ô, abram alas ao cordão dos excluídos
Que vão à luta e matam seus dragões
Além dos carnavais, o samba é que me faz
Subversivo beija-flor das multidões

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino