Carnaval 2022: Viviane Araújo já cogita aposentadoria à frente da bateria

Por - 14/04/22 às 08:10

Viviane Araújo no arco da apoteose, exibindo a barriga de grávidaViviane Araújo está grávida de um menino - Foto: Reprodução/ Instagram @araujovivianne

A Rainha das Rainhas pode deixar de encantar seus súditos a qualquer momento. Isso mesmo! A uma semana do Carnaval, Viviane Araújo, grávida de Joaquim, seu primeiro filho com o empresário Guilherme Militão, já pensa em parar de sambar à frente de uma bateria de escola de samba.

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Com 15 anos de reinado à frente dos ritmistas da Bateria Furiosa e com quase três décadas de Carnaval na Marquês de Sapucaí, a sambista e atriz de 47 anos, quer dar a mesma oportunidade a outras meninas:

Não tenho mais aquele vigor todo. Não estou dizendo que estou velha, mas estão vindo outras meninas por aí que merecem essa chance”.

Aos cinco meses de gestação, ela é presença mais do que confirmada no desfile do Salgueiro este ano – “sem poder sambar riscando a avenida, como eu gosto” – e pretende repetir a dose em 2023. Mas avisa que, depois disso, o futuro no ziriguidum é incerto.

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“Esse ano é especial porque estou vivendo um momento especial. Mas ano que vem é a volta da ‘rainhona’, da Viviane rainha e aquela coisa toda. Ainda não tenho uma data para me aposentar do posto, mas isso, claro, já passa pela minha cabeça”, disse ela no podcast “Só Se For Agora”, de Jorge Perlingeiro, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).

VIVIANE ARAÚJO COMEMTA POLÊMICA SOBRE SAMBA NO PÉ DE RAINHAS

Não existe a hipótese de falar, pensar ou viver o Carnaval sem citar Viviane Araújo. A atriz de 47 anos é, há muito tempo, um ícone na folia. E, como poucas, reúne um conjunto de qualidades que reforçam a cada desfile o título de “Rainha das Rainhas”. E isso reforçado por nomes como Luma de Oliveira, outra referência, que é uma das grandes admiradoras da mamãe do ano.

Em conversa exclusiva com a reportagem de OFuxicoViviane – que desfilará com 5 meses de gestação de seu primeiro bebê – abriu o coração sobre a recente polêmica que tem agitado os bastidores do Carnaval, viralizando na web, ganhando manchetes e aguçando um tema que vem ganhando força.

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Mayara Lima, princesa da escola de samba carioca Paraíso do Tuiuti, do Grupo Especial, virou assunto nos quatro cantos após um vídeo no qual aparece sambando em total sincronia com os instrumentos da bateria. Uma desenvoltura muito diferente da rainha, que não exibe a mesma intimidade com o ritmo. Por conta disso, discussões em torno do posto voltaram a ser debatidas.

Com a experiência de quem pisa numa avenida desde 1995, quando estreou no Império da Tijuca, pelo Grupo de Acesso, e pela Beija-Flor, no Grupo Especial, Viviane Araújo – totalmente despida de vaidade – diz que não samba como gostaria e defende que “o riscado” não é algo obrigatório para uma rainha de bateria. Para a soberana mais respeitada do Carnaval do país, o respeito à escola de samba e à bateria, que o coração de tudo, deve estar em primeiro lugar.

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Confira a íntegra da entrevista:

OFuxico: É redundante elogiar sua trajetória no Carnaval, a representatividade para mulheres e, sobretudo, sua postura e entrega como rainha de bateria. Diante disso, como você vê essa situação que tem sido tão comentada, sobre rainha de bateria ter que sambar como passista?
Viviane Araújo: Rainha de bateria nunca precisou sambar como passista, na minha opinião. É só você pegar todo o histórico de rainha de bateria até agora. Rainha que fizeram grandes sucesso, rainhas que foram reverenciadas, que foram endeusadas por todo o mudo do samba, por todos.

OFuxico: Pode citar uma?
Viviane AraújoLuma de Oliveira era a coisa mais linda de se ver na avenida. Uma elegância, um prazer, uma verdade que a gente via e se encantava. Luma era maravilhosa e nunca teve um samba de passista. Mas nem por isso deixou de ser o ícone que sempre foi e é amada até hoje. Uma querida que todo mundo sente saudade. Ser rainha é um conjunto de muitas coisas envolvidas. O mais importante é ter amor. Não estra ali por interesse de alguma coisa por estar fazendo isso ou aquilo. É estar ali por amor e prazer, por amor à sua escola, àquilo que você faz, e com verdade. Pra mim, isso é o principal.

OFuxico: Essa polêmica, então, da falta de samba no pé, acaba sendo desnecessária…
Viviane Araújo: São vários fatores, várias qualidades. Acho lindo uma passista sambando. Não tem coisa mais linda na avenida. Eu falo isso porque é o momento em que eu mais vibro, que mais me encanto. É lindo de ver uma passista sambando na avenida. É importante demais a gente valorizar isso, a escola valorizar isso. Tem umas que valorizam, outras não. Mas independentemente disso, de coloca-las à frente de uma bateria ou de coloca-las de musa, elas têm que ser valorizadas sempre. Elas levam público para as quadras das escolas de samba, os gringos querem ver as passistas sambando, e acho lindo, aplaudo de pé quando vejo uma passista sambando. Mas se rainha não é simplesmente sambar como passista, é muito além.

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OFuxico: Você pode definir o que é ser uma Rainha de bateria?
Viviane Araújo: Tem que saber o que representa ali, é todo um contexto. Tem que saber que você está ali à frente do coração da escola, a parte mais importante de uma agremiação. Se alguma coisa der errado na bateria, acabou tudo. Tem que estar ligada em tudo o que acontece com a bateria, ouvindo, prestando a atenção. E ser elegante na forma como você está conduzindo aquilo ali. Ser elegante, soberana, reverenciando seus súditos, apresentando, mostrando ao público, aos jurados, a sua bateria. Fazer aquilo ali com amor, com verdade, com prazer. Respeitar aquele lugar que você está. 

OFuxico: No geral, você acha que as rainhas estão seguindo isso?
Viviane Araújo: Vejo que hoje algumas não respeitam esse lugar. Fazem palhaçada, fazem coisas caricatas e isso me incomoda um pouco, me deixa um pouco triste. Eu tenho plena consciência de que não sambo como passista, mas sempre admirei elas.

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OFuxico: Como assim, Viviane? Seu samba no pé é sempre muito elogiado!
Viviane Araújo: O meu samba é de sempre admirá-las e querer sambar como elas, mas cada uma tem o seu samba, o seu jeito de sambar. Eu sambo de um jeito que agrada algumas pessoas, se mão agradasse eu não estaria ali há tanto tempo. Por isso digo que não é só o samba no pé. É muito importante respeitar o lugar que você está. É respeitar e se dar ao respeito. Você está ali representando a sua escola, à frente de uma bateria, à frente do coração da escola.

OFuxico: Mesmo sendo a Rainha das Rainhas, sabemos que ninguém está livre de críticas e comentários negativos. Como você lida com isso?
Viviane Araújo: Fico muito triste quando alguém comenta: ‘não samba nada!’. Isso não é verdade! Eu sambo sim, me orgulho de sambar como eu sambo e de ter a minha história no mundo do samba, no carnaval. Essas coisas magoam um pouco na hora. Depois passa, não dou muita importância pra isso, mas acho desnecessário. A pessoa pode falar: ‘Não gosto do samba dela”. Aí, ok, respeito. Mas “não samba nada”, não dá! Posso não sambar como passista, mas samba como a rainha que sou, como uma rainha que está aí há tantos anos sendo respeitada e amada pelo povo. Sei que é difícil agradar a todo mundo, a gente nunca vai agradar e tá tudo bem, e tá tudo certo!

OFuxico: Os holofotes em torno da Mayara Lima se deram por conta da sincronia dela com a bateria, algo que você também tem (em 2011, quando a internet ainda não tinha a força atual, Viviane levou a Sapucaí ao delírio por conta da total sincronia com os ritmistas da Bateria Furiosa, sambando e tocando tamborim, à época comandada por Mestre Marcão, que, por coincidência, é o responsável pela bateria do Tuiuti, escola de Mayara). É muito difícil atingir esse nível de entrosamento?

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Viviane Araújo: Pra conseguir esse sincronismo, tem que ensaiar muito. E sobre isso eu bato no meu peito: eu sou muito presente na minha escola. Na Mancha não sou tanto por não morar em São Paulo, é mais difícil. Mas em relação ao Salgueiro, estou sempre. Pra ter essa sincronia com a bateria é muito importante ouvir, prestar a atenção, aguçar o ouvido e ter o gingado, claro. Se não tiver o gingado, fica difícil!

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino