Imperatriz Leopoldinense conta história de Lampião através da literatura de cordel
Por Flavia Cirino - 21/02/23 às 02:42
A comunidade de Ramos entrou na avenida com “sangue quente”, disposta a sair dali campeã como um “aperreio”. O Nordeste que foi apresentado destacou o sertão, o semiárido, registrando os signos mais próximos ao cangaço.
Representando Lampião, Matheus Nachtrgaele levantou as arquibancadas ao lado de sua Maria Bonita, interpretada por Regina Casé.
“Lampião é um personagem tão interessante da cultura brasileira que, independentemente de herói ou vilão, bom ou mau, criou a identidade do que é o homem nordestino”, disse o carnavalesco Leandro Vieira.
“O Rei do Cangaço conseguiu uma coisa que poucos brasileiros conseguiram, que a eternidade. Ele não era nem bom, nem mau, mas é eterno”, sintetizou ele .
Ficha técnica:
Fundação: 06/03/1959
Cores: Verde, Branco e Ouro
Presidente de Honra (In Memoriam): Luiz Pacheco Drumond
Presidente: Cátia Drumond
Enredo: O Aperreio do Cabra que o Excomungado Tratou com má-querença e o Santíssimo não deu Guarida
Carnavalesco: Leandro Vieira
Diretor de Carnaval: Mauro Amorim
Intérprete: Pitty de Menezes
Mestre de Bateria: Lolo
Rainha de Bateria: Maria Mariá
Famosos: Regina Casé, Matheus Nachtergaele, Hariany Almeida e Marina Ferrari
O SAMBA
Me Leva, Gabriel Coelho, Miguel da Imperatriz, Luiz Brinquinho, Antonio Crescente e Renne Barbosa assinam o samba-enredo que a comunidade abraçou desde a escolha e defendeu com maestria na avenida
Confira a letra:
Imperatriz veio contar pra vocês
Uma história de assombrar, tira sono mais de mês
Disse um cabra que nas bandas do Nordeste
Pilão deitado se achegava com o bando
Vinha no rifle de corisco e cansanção
Junto de Cirilo Antão, Virgulino no comando
Deus nos acuda, todo povo aperreado
A notícia corre céu e chão rachado
Rebuliço no olhar de um mamulengo
Era dia 28 e lagrimava o sereno
E foi-se então… Adeus, capitão!
No estouro do pipoco
Rola o quengo do caboclo
A sete palmos desse chão
Nos confins do submundo onde não existe inverno
Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno
Atiçou o cão cá-trás, fez furdunço
E Satanás expulsou ele do Inferno
O jagunço implorou lugar no Céu
Toda santaria se fez de bedel
Cabra-macho excomungado de tocaia no balão
Nem rogando a Padim Ciço ele teve salvação
Pelos cantos do sertão… Vagueia, vagueia
Tal qual barro feito a mão misturado na areia
Quando a sanfona chora, mandacaru aflora
Bate zabumba tocando no meu coração
Leopoldinense, cangaceiro, a minha escola
Eis o destino do valente Lampião
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino