[CRÍTICA] Heartstopper: 2ª temporada evolui, aprofunda e cria ‘universo próprio’
Por Raphael Araujo - 01/08/23 às 08:00 - Última Atualização: 31 julho 2023
O corações dos fãs vão parar na quinta-feira, 03 de agosto! Isso porque na data estreia a segunda temporada de “Heartstopper” na Netflix, mais de um ano depois que a primeira chegou e conquistou uma legião de fãs no mundo, sendo renovada para mais duas temporadas um mês após estrear.
OFuxico teve a oportunidade, dada pela Netflix Brasil, de conferir a nova temporada completa de maneira adiantada, e logo abaixo, vamos comentar sobre os episódios inéditos de maneira aprofundada, mas completamente livre de spoilers, para que você sua experiência não seja destruída. Confira!
SINOPSE E EQUIPE
Na segunda temporada de “Heartstopper”, Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) navegam em seu novo relacionamento; Tara (Corinna Brown) e Darcy (Kizzy Edgell) enfrentam desafios imprevistos e Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney) descobrem se podem ser mais do que apenas amigos.
Com as provas chegando, uma viagem escolar a Paris e um baile de formatura para planejar, a turma tem muito o que fazer enquanto viajam pelas próximas fases da vida, amor e amizade.
Sobre Heartstopper Temporada 2
Data de lançamento: 03 de agosto
Episódios: 8
Produção: See-Saw Films
Roteiro e Criação: Alice Oseman
Direção: Euros Lyn
Produção Executiva: Patrick Walters, Iain Canning, Emile Sherman, Alice Oseman, Euros Lyn
Elenco: Kit Connor, Joe Locke, Yasmin Finney, William Gao, Corinna Brown, Kizzy Edgell, Sebastian Croft, Tobie Donovan, Rhea Norwood, Jenny Walser, Cormac Hyde-Corrin e Olivia Colman
O CORAÇÃO AINDA FICA QUENTINHO?
Muito do que fez “Heartstopper” ser bem-sucedida em sua primeira temporada ano passado foi o fato de que, com personagens da comunidade LGBTQIAPN+, uma história de amor extremamente fofa e singela foi contada, indo na contramão de muitas que acabavam negativas quando não se tratava de personagens héteros e cisgêneros.
Mesmo quando não se focava em Nick e Charlie, outros personagens da comunidade ganhavam destaque, e uma leveza indescritível tomava conta da tela, deixando seu “coração quentinho” após conferir os episódios, chegando a se emocionar como dois rapazes e seu núcleo de amigos se encontraram e descobriram o amor.
E o novo ano, continua nesse clima? SIM! A série ainda é “comfort” (confortável em inglês, termo usado para produções leves), então pode dar play sem medo de ser feliz. Você se emocionará, claro, e ficará tenso em alguns momentos, mas ainda é o colorido e radiante mundo que a temporada anterior apresentou, e com certeza te deixará com um sorriso no rosto e apaixonado pelos personagens, mesmo que nem tudo seja tão “simples” assim dessa vez.
PROFUNDIDADE DE HISTÓRIA E PERSONAGENS
Um dos maiores trunfos dessa nova temporada é que o universo já está estabelecido, assim como seus personagens, possibilitando que agora tudo ganhe uma nova profundidade, trazendo uma trama ainda mais madura que no ano anterior, com dilemas mais complexos e críveis, que graça ao clima da atração, podem ser facilmente consumidos ao mesmo tempo que se gera uma reflexão acerca do assunto abordado.
Como a sinopse e as prévias mostraram, Nick e Charlie estão buscando entender como assumir de vez o relacionamento ao mundo e a discussão sobre “sair do armário” é feita ao longo dos oito episódios. Mesmo que isso pareça repetitivo é bastante comum que pessoas LGBTQIAPN+ passem pela mesma jornada ao longo da vida. Representatividade em tela com sucesso!
Nick tem mais momentos como o descrito, mas Charlie ainda tem seus próprios dilemas, afinal, ele sofreu bullying quando se assumiu antes da primeira temporada se iniciar, e mesmo que vejamos muita insegurança dele diante disso no primeiro ano da série, detalhes adicionais aqui acabam fazendo a diferença.
Porém, um os grandes chamarizes do novo ano é que os amigos da dupla finalmente ganhem mais espaço, e antes vistos como secundários/coadjuvantes, aqui alçam a um novo nível de importância. Os protagonistas são Nick e Charlie, claro, mas pensa nos Vingadores originais do cinema: Homem de Ferro e Capitão América sempre foram os rostos principais, mas Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro continuam protagonistas da equipe.
DILEMAS DOS PERSONAGENS RESTANTES
Se podemos fechar uma trindade, Elle com certeza foi o terceiro pilar dos novos episódios, tendo talvez a melhor jornada dos principais e sendo a personagem que mais te cativa ao aparecer, trazendo pontos de discussão extremamente necessários. Todos os seus pontos tratados são conectados de maneira ímpar, sendo a mais desenvolvida provavelmente.
Tao possui sua própria jornada ao lado da artista e mesmo que muito da história dele e de Elle estejam conectadas, ele tem seu espaço e seus momentos de evoluir. Digo o mesmo sobre Tara, que possui suas questões, como vemos no trailer, mas a rama de Darcy acaba chamando mais a atenção, e muita gente pode, infelizmente, acabar se identificando.
Isaac (Tobie Donovan) sempre parece deixado de lado e foi alvo de apontamentos de estar sempre com seu livro e sozinho. Bom, isso tem um motivo, e conforme os episódios vão passando, seus dilemas ficam claros, e uma representatividade muito boa se é criada a partir dele.
Mais foco, menos foco, ressalto: os sete possuem seu momento de brilhar e possuem suas próprias jornadas e questões, e quando falamos em diversidade, eles são diversos nos mais variados sentidos possíveis, seja na orientação e identidade de gênero, seja por todos terem sua profundidade.
Palmas para os atores, que mais à vontade em seus papéis, estão com a atuação mais afiada e entendendo melhor os personagens que interpretam, trazendo essa profundidade em tela diversas vezes, com falas ou sem. Será que vem novas vitórias no Emmy voltado para crianças e família?
UNIVERSO “PRÓPRIO” EM RELAÇÃO AO QUADRINHO
Apesar de alterações e incrementos, a primeira temporada de “Heartstopper” seguiu à risca os acontecimentos dos quadrinhos na qual se inspirou e os pontos chaves todos estavam ali e até a ordem dos acontecimentos era estritamente respeitada.
Logo surpreendente da segunda temporada é que ela passa a ficar mais independente dos quadrinhos de Alice Oseman, que também sendo roteirista da adaptação, sabe muito bem como mexer em seu próprio material para expandi-lo de maneira certeira e transformar HQs em série.
Muito da profundidade maior descrita anteriormente vem disso, da necessidade de preencher oito episódios de meia hora, cujo um quadrinho de mais de 300 páginas não seria suficiente sozinho, e foi aqui que os demais personagens ganharam foco e acontecimentos diferentes nasceram, surpreendendo até mesmo aqueles que leram a obra original.
Sahar (Leila Khan), que era apenas a colega de quarto das meninas na viagem à Paris, aqui tem bem mais aparições, assim como Tori (Jenny Walser), James (Bradley Riches) e Harry (Cormac Hyde-Corrin). e além de Issac, os outros personagens originais da série não são esquecidos, principalmente Imogen (Rhea Norwood), que também possui sua jornada própria.
Ben (Sebastian Croft) volta também, e mesmo já tendo aparecido na temporada anterior, ele não estava presente no volume 3 da HQ (cuja temporada se baseia), então tudo que vemos dele é inédito, e com certeza surpreenderá os espectadores. David (Jack Barton) segue à risca o material base que veio, mas é o que os fãs queriam dele de fato em tela.
Por fim, a ordem de acontecimentos marcantes dos quadrinhos é alterada, o que pegará muita gente contrapé, seja por esperar uma cena e achar que ela não virá, ou pro se surpreender coma chegada delas. Isso corrobora com a construção desse “universo próprio e independente” de “Heartstopper”.
FIDELIDADE NÃO SE PERDE
Porém, isso não quer dizer que está completamente diferente, pois apesar de não ser a mesma coisa do quadrinho, a temporada traz os momentos mais importantes e esperados do volume 3, que diga-se de passagem, estão entre alguns dos favoritos dos faz da obra de Alice Oseman.
Grande parte do que os fãs queriam ver ganhar uma adaptação audiovisual em tela, está presente aqui, e sorrisos se formarão nos rostos dos fãs assim que identificarem as cenas que querem, afinal, uma boa adaptação é isso: ser fiel ao material base, pegar momentos importantes e marcantes e transportá-los para a nova mídia, ao mesmo tempo que mudanças ocorrem para surpreender aqueles que conhecem a fonte.
Quais cenas marcantes estão presentes? Bom, apenas assistindo para descobrir, pois spoilers zero nesse texto!
COESÃO TÉCNICA E NARRATIVA
Por fim, não podemos deixar de falar de aspectos técnicos da série, pois uma boa direção, fotografia e trilha sonora são essenciais para transmitir ao público aquilo que o roteiro e os atores querem passar, e nisso “” acerta mais uma vez.
É tudo bastante similar ao que vemos na primeira temporada, todos os estilos dos itens citados retornam aqui, mantendo a identidade visual e sonora da atração, e ouso dizer que, para melhorar alguns conceitos apresentados ou momentos incluídos, buscam uma leve ousadia dentro daquilo que se propõem. E algumas coisas muito pedidas pelos fãs apareceram… o que será?
EM RESUMO…
A segunda temporada de “Heartstopper” é mais um acerto da Netflix, e ciente do que funcionou em sua primeira temporada, busca manter aquilo que os fãs gostam enquanto aprofunda e complexifica seus personagens, além de dar mais espaço para eles além dos protagonistas.
Isso possibilitou a criação de uma versão nova de uma mesma história querida pelos leitores das obras de Alice Oseman, que poderão ser surpreendidos iguais à aqueles que apenas acompanham a adaptação audiovisual, tornando a jornada interessante a todo mundo.
O coração continuará sim quentinho com a jornada dos personagens, mas sem perder a chance de trazer questões reais que geram ainda mais identificação e conexão com os espectadores, mostrando um amadurecimento da atração.
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.