Crítica: ‘Wicked’ é magistral em todos os seus sentidos
Por Murilo Rocha - 19/11/24 às 16:00
O romance de “O Mágico de Oz”, um clássico de L. Frank Baum, foi lançado em 1900 e não demorou muito, ‘apenas’ 39 anos para receber um live-action que explorou a história de Dorothy e seus companheiros na luta contra a Bruxa Má do Oeste que, até este ponto, nem nome tinha. Gregory Maguire esperou o domínio do clássico se tornar público e reimaginou a história: e se a tal vilã tivesse um passado, um nome e uma história não contada? Assim nasceu “Wicked”.
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Após muita produção, projetos que se iniciaram e foram interrompidos… O musical da Broadway, originalmente estrelado por Idina Menzel e Kristen Chenowet, enfim ganhou sua versão para as telonas. Dirigido por Jon M. Chu (“In The Heights”), as duas estrelas escaladas para viver Elphaba, a bruxa má do oeste, e Glinda, a bruxa boa do sul, com toda a responsabilidade que o cargo em si tem, foram Cynthia Erivo e Ariana Grande, respectivamente.
Grandiosidade
Posso afirmar, com convicção, que as duas estrelas são magistrais. Erivo, conhecidíssima por seus grandes momentos no teatro, principalmente na nova versão do clássico de “A Cor Púrpura”, tem uma capacidade dramática excepcional, além de um timing para o humor que cai perfeitamente bem na dualidade de Elphaba. Uma curiosidade: o nome da bruxa é um anagrama que Maguire montou com as letras do escritor do clássico em sua homenagem.
Já Grande, uma popstar que não precisa de apresentações, já flertou aqui e ali com a atuação: Cat Valentine de “Brilhante Victória” e “Sam & Cat”, ambos seriados juvenis da Nickelodeon eram seus destaques, até aqui. Depois dominou as paradas e assim sua carreira de atriz ficou de lado. Mas que honra é presenciar sua performance brilhante como Glinda: caricata, exatamente da maneira que a bruxa boa pede para ser, com profundidade e vocais tão impecáveis que chegam a arrepiar.
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A dupla, em plena sintonia, dá vida a uma história de dualidade, amizade e com um belo vozeirão, tanto nos solos de cada uma, como a belíssima “The Wizard And I” ou a divertida “Popular”. Seja verde ou rosa, as duas artistas trazem o seu melhor para a primeira parte da história, que ganha sua continuação no final de 2025.
Gravidade não pode incomodar
Quanto ao que se trata das canções clássicas… É um deslumbre vocal e visual. Os números, cheios de cor, vida e perfeitamente coreografados, trazem ao longa de Chu um nível de excelência e cuidado que são um vislumbre para todos os sentidos. “Defying Gravity”, o ponto alto dessa primeira parte, é uma cena um pouco alongada, mas poderosamente interpretada por duas grandes vozes.
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Quem não fica atrás nenhum pouco das duas estrelas principais são Jonathan Bailey (“Bridgerton”), que dá vida ao galanteador príncipe Fiyero, e Michelle Yeon (“Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”). Alinhados com a dualidade entre bem e mal, os dois trazem camadas aos seus personagens: ora supostos mocinhos, ora vilões, em determinadas atitudes, a dupla consegue brilhar mesmo compartilhando cenas com atrizes de ‘alto calibre’.
Não estamos no Kansas!
Uma vez, Dorothy Gale disse para seu cão Totó: “Não estamos mais no Kansas”. E assim seguimos em “Wicked”. Mesmo com sua extensão em alguns momentos, o longa é envolvente, charmoso e conta com muitos efeitos práticos e cenários construídos para seu bom funcionamento.
Jeff Goldblum dá o seu melhor em uma aparição, alinhada a algumas surpresas de emocionar. Ele dá vida ao mago e combina sua personalidade com um pouco do que chamamos de ‘canastrão’: não é seu melhor momento, mas nem há tanto espaço, já que sua reta final é um pouco corrida, imagino que por alguns cortes, já que o longa tem pouco mais de 2h40.
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No entanto, o filme derrapa quando o assunto são os CGI: animais nem sempre são os mais expressivos do mundo e aqui fica faltando aquele ‘Q’, tão bem utilizado em “Planeta dos Macacos” e outros do gênero. Sem essa parte, fica a cargo da empatia de cada um para eles, já que são peça fundamental do enredo.
Nem bom, nem mau: “Wicked” mostra que a mais patricinha de todas pode ter um coração e uma gratidão sem limites e que aqueles que são excluídos, seja por suas características físicas ou por serem vistos como ‘esquisitos’, criam uma casca para blindar a maldade alheia, o que não significa que não doa. É sim uma obra de arte que podemos presenciar, um verdadeiro evento cinematográfico.
Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha