Vale dos Esquecidos: Conheça a primeira série de terror nacional da HBO
Por Raphael Araujo - 24/09/22 às 10:00 - Última Atualização: 23 setembro 2022
Neste domingo, 25 de setembro, vai estrear “Vale dos Esquecidos”, primeira série de terror/suspense brasileira da HBO e HBO Max, estrelada por Daniel Rocha, Caroline Abras e James Turpin. O thriller, de dez episódios, apresenta uma trama em que um grupo de jovens se perde durante uma caminhada de fim de semana, e, diante dos riscos encontrados na floresta, eles encontram abrigo em uma vila escondida sob uma névoa eterna. Enquanto tentam descobrir que tipo de forças parecem atraí-los para a cidade, os jovens se encontrarão no meio de um segredo sombrio.
Em coletiva de imprensa, na qual OFuxico esteve presente, Daniel e Caroline, ao lado dos diretores Fabinho Mendonça e Daniel Lieff, da O2 Filmes, comentaram um pouco sobre a produção da série, além do que mais os atraiu no projeto e como foi trabalhar nele.
CRIAÇÃO E ENTRADA NO PROJETO
“Há tempos que estávamos querendo fazer uma série de suspense e cair nesse gênero. Foi quando lembrei de Paranapiacaba, daquela atmosfera misteriosa. Por ser uma cidade dormitório, de dia ninguém fica lá mesmo, então era o cenário perfeito para fazer um lugar que seria ‘uma prisão’. Então posso dizer que esse projeto surgiu pela locação”, revelou Fabinho sobre a criação do projeto.
Caroline então revelou como foi chamada para estar na série: “Em setembro de 2020, Fabio em chamou para o café e me chamou para o projeto. Quando ele me contou todo o conceito, que não vemos muito nas produções nacionais, eu entrei de cabeça”. “Ela entrou na pré-produção mesmo! Antes de começar”, completou Fábio.
Daniel Lieff complementou: “Tem fotos muitos legais de campo, e a Carol estava sempre por lá […] Quando fui convidado para estar nesse projeto, logo me mandaram para Paranapiacaba, pois realmente a atmosfera real de lá é essencial para essa série, mesmo sendo uma ficção”.
Já Daniel Rocha revelou: “Fui um dos últimos atores a entrar na série. Quando estava conversando com o Fabinho, ‘Mindsommar’ foi citado, pois havia acabado de estrear durante a pré-produção, e foi uma referência que me ajudou bastante a entender esse gênero de suspensa.”
Lieff revelou mais inspirações: “Um filme do mesmo diretor que também é inspiração foi ‘Hereditário’. O Brasil é consumidor de suspense, mas não tempos muitas produções quanto de referências. Admito ter medo de terror e suspense, mas quando vi ‘Hereditário’, achei o clima muito interessante, e me inspirou a filmar no tempo de suspense. Tem um exercício de linguagem muito importante”.
INOVAÇÃO DENTRO DO PAÍS
“Uma característica de roteiro é que ele levanta muitas dúvidas, como ‘Dark’ por exemplo, na qual fazemos o público descobrir as coisas ao lado dos personagens, e não adiante deles. Em alguns momentos sim, pois temos que gerar o suspense, mas o ponto da descoberta conjunta é importantíssimo”, analisou Mendonça.
“Foi quase um trabalho artesanal entre eu e o Tibau (co-criador e roteirista da atração). Foi muito bacana criar uma cidade meio inglesa em São Paulo, com personagens brasileiros, então acho interessante do resultado final o caráter visual da série, pois temos de fato um ambiente mágico, do conto, da fábula, e não hiper-realista, apesar de a cidade existir. Acho importante como a série se transformou visualmente”, completou ele.
Daniel Lieff argumentou: “O público brasileiro consome muito suspense/terror, e queremos que seja a primeira de muitas. O público gosta de comédia, quem não gosta, mas esse conceito do thriller, de fazer a pessoas continuar vendo, espero que continue e mais histórias como essa sejam contadas”.
CRESCIMENTO DO GÊNERO
“O horror tem crescido no Brasil e temos muita história nele, como o Zé do Caixão por exemplo. Mas de fato ele estava muito preso ao cinema. Só que, pela característica de te prender e deixar um mistério, uma série é perfeita para explorar isso, ainda mais pelas pausas e cortes nos episódios, ajudam na adrenalina do gênero”, completou o diretor.
“Por ser uma série de um nicho específico, precisava de muita coragem para ser feita, pois ela não é para toda a família. Mas a HBO quis mergulhar nesse universo, quis fazer uma grande produção para os amantes do gênero, e é um mérito muito grande do canal”, garantiu Fabinho.
GRAVAÇÕES E AMBIENTAÇÃO
Como dito anteriormente, a cidade de Paranapiacaba, interior de São Paulo, foi tanto a inspiração quanto o cenário da série, além da serra com bastante névoa que está presente no local, e isso trouxe facilidades e dificuldades na mesma proporção.
“Paranapiacaba está na serra do mar, na Mata Atlântica, então a névoa, a fauna, a flora, estavam presentes em peso, contribuindo com o cenário e dar essa brasilidade. […] A série é bem contemporânea, esse grupo de jovens é completamente 2022, e acabam parando em um lugar que parou no tempo, contribuindo para esse clima de se sentirem presos”, disse Lieff.
“De fato as condições climáticas eram um mega desafio, e a gente andava muito, exigia muito de todos nós. Era um desafio também envolver sempre os atores e todos os envolvidos, mesmo com muitas exigências, aliás, foram quase 100 dias de diárias […] Às vezes era necessário fazer trilha e subir e descer a ser direto”, continuou.
“Tem dificuldades de filmagens que são fixas, como se tem bicho, se tem criança, se é externa, noturna… nessa série tinha tudo isso além de maquiagem, a névoa, as condições climáticas da serra do mar. Foi um pacote completo de dificuldades de direção, além das cenas de suspense que exigem um timing certo. Foi o maior desafio que já fiz, e acredito que meus colegas compartilham o mesmo pensamento”, declarou Fábio.
“Além disso, nem sempre a névoa natural estava presente, e precisávamos dela para aquela cena. Imagina ter que fabricar a névoa”, lembrou Caroline. “A cidade tem muita névoa, é muito úmida, tudo que poderia deixar o clima mais pesado”, compartilhou Daniel Rocha, já trazendo os pontos positivos da locação.
LONGA PRODUÇÃO E DESEJOS PROFISISONAIS
Fábio Mendonça então contou outros detalhes acerca da produção da série, na qual a equipe buscou desde sempre entregar o melhor resultado final. “Como concepção, não queríamos fazer uma série com ‘cara de internacional’, mas ao desenvolver a parte técnica, que está a favor de criar o melhor caminho para a produção, chegamos nesse resultado final. Assistimos diversas coisas, fizemos essa visita à Paranapiacaba, e chegamos que era aquele conceito que queríamos para a série”, disse ele.
“Começamos a filmar no começo de 2020, e quando o mundo parou, paramos também por causa da pandemia imediatamente, no meio de uma cena inclusive. Voltamos a filmar em agosto a dezembro de 2021. Deve ter dado umas 120 diárias distribuídos em dois anos e meio”, explicou Daniel Lieff.
Caroline Abras pontuou sobre a computação gráfica: “A questão dos efeitos especiais foi muito legal, pois eu não tinha tido muito contato com isso, e eu ficava bastante impressionada no set de filmagens. Ad meninas da maquiagem também fizeram um trabalho essencial para dar tudo certo”.
“Essa equipe foi perfeita, eram todos competentes e muito a fim de fazer o projeto, indo de efeitos, maquinário, maquiagem, tudo”, garantiu Daniel Rocha, que se sentiu imerso no set. “Só por estarmos na cidade, estávamos isolados do mundo. E isso foi muito legal, pois imprimimos a realidade do local na série”
“Você entrava no estúdio e na hora desligava do mundo real, e foi uma delícia de fazer. Isso contribuiu para a maneira de contar a história”, disse Fábio “Sempre gostei de filme de locação, pois você entra de fato no ambiente. No estúdio tem o cenário, mas você sai e voltou pro mundo real, enquanto na locação não, você realmente está lá”, declarou Carol.
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.