The Boys: ‘Quem diz que vai te salvar, está mentindo’, afirma elenco

Por - 07/07/22 às 10:05 - Última Atualização: 6 julho 2022

elenco de the boys antes da exibição do último episódio da terceira temporada no brasilDivulgação/Prime Video

Parte do elenco da terceira temporada de “The Boys” se reuniu no Brasil para participar de um evento fechado no Palácio Tangará, na cidade de São Paulo. Na manhã de terça-feira, 05 de julho, foi realizada uma coletiva de imprensa com os artistas e OFuxico esteve presente a convite do Amazon Prime Video Brasil.

No evento, estiveram presentes Karl Urban (Billy Bruto), Jensen Ackles (Soldier Boy), Antony Starr (Capitão Pátria), Jack Quaid (Hughie), Karen Fukuhara (Kimiko), Nathan Mitchell (Black Noir) e Claudia Doumit (Victoria Neuman), além do showrunner Erick Kripke.

Logo de cara, eles agradeceram o amor do público brasileiro, ressaltando como estavam felizes com toda a recepção que tiveram desde que chegaram no país. “A receptiva foi maravilhosa. Já tínhamos visto alguns tuítes para virmos para cá, e cá estamos. Muito obrigado por tudo”.

Jensen Ackles afirmou: “Estou muito feliz de estar aqui no Brasil, e há um motivo para estarmos aqui para apresentar o episódio final: vocês, fãs brasileiros, que sempre nos apoiaram e engajaram, e isso com certeza foi percebido pela nossa equipe”.

“Eu enfatizo nosso agradecimento ao Brasil, a todo carinho que vocês dão para nós, seja nas redes sociais ou de alguma outra forma, e agradeço vocês por estarem presentes aqui durante esta semana e serem fãs dessa série que é ridícula e adorável ao mesmo tempo”, declarou Karen Fukuhara.

Na exibição antecipada do último episódio da temporada, foi revelado por João Mesquita, head da Amazon Pirme Brasil, que o Amazon Prime Video do Brasil é um dos que mais cresce no mundo em assinaturas, e que “The Boys” é essencial para esse sucesso por ser a série mais assistida pelos fãs. No mundo, perde apenas para os EUA em total de minutos vistos.

Fotomontagem de Elenco de The Boys visitando Beco do Batman
Elenco de The Boys visitou Beco do Batman e foram recebidos pelos fãs (Fotos: Clayton Felizardo/Brazilnews)

DUALIDADE DOS PERSONAGENS

Um assunto muito debatido pelos artistas foi como a série consegue trabalhar a dualidade de seus personagens, sobretudo dos que, na teoria, são super-heróis, e o showrunner Eric Kripke afirmou que essa sempre foi sua intenção.

“O super-herói é uma metáfora para muita coisa há muito tempo, seja para política, celebridades, redes sociais, qualquer fenômeno você consegue embutir os super-heróis de alguma forma. Por isso, o conceito da série em si já traz esse equilíbrio entre a seriedade e o absurdo”, explicou ele.

“A série tem uma mensagem sobre os ‘heróis’: Quem diz que vai te salvar, normalmente está querendo vender alguma coisa para você, e não vai te salvar no fim das contas, só está querendo extrair alguma coisa de você. […] Mas nós podemos chegar neste momento do herói em algum momento, essa é a temática de ‘The Boys’”, completou o roteirisa.

Nathan Mitchell opinou: “O que ‘The Boys’ faz é mostrar a dificuldade em se fazer um mundo melhor sem sujar as mãos um pouco. Pode parecer estranho, mas por exemplo, Hughie e Annie matam algumas pessoas em certo momento, mesmo que sem querer […] Ser o herói é fazer a coisa certa e lutar por isso até o final”.

elenco de the boys em coletiva de imprensa de evento fechado no brasil
Elenco de The Boys falou da dualidade dos personagens em coletiva (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

FALHA COMO FÓRMULA DO SUCESSO

Karl Urban comentou sobre o assunto: “Os roteiristas fazem um trabalho excelente trazendo essa falha nos personagens, pois serem humanos são falhos, são imperfeitos. […] Esses elementos humanizam os personagens e trazem identificação, pois como na vida real, fazemos coisas na qual nos arrependemos depois, e isso cria um poder de conexão com o público que assiste”.

“A série é muito boa não por ser apenas tóxica e divertida, mas por trazer esses elementos de emoção e representação”, completou ele. “Como o Karl disse, ter esses personagens que são humanos, tem falhas, os torna mais identificáveis, nos conectamos mais com eles”, concordou Jack Quaid

Aliás, eles rasgaram elogios à capacidade do roteiro de conseguir mexer com essa dualidade. “Agradeço muito aos roteiristas a habilidade genial que eles têm de trazer para a história elementos que ajudam a dar consistência para decisões drásticas tomadas pelos personagens, como o Bruto tomando o V-24. Ele estava desesperado e acabou recorrendo a esse recurso, fazendo isso mega consciente de sua ação”, ressaltou Urban.

“Ele dá valor à amizade com Leitinho, mas também resolve se unir ao Soldier Boy, que fez coisas atrozes à família dele, e faz isso de forma completamente consciente de sua decisão”, ele observou.

LIBERDADE CRIATIVA

Eric Kripke chegou a ser questionado sobre o sucesso retumbante de “The Boys” com os fãs: “Não esperava esse sucesso, na verdade nunca acho que alguma ideia minha vai funcionar. […] Sempre acho que, no meu próximo projeto, vão me desmascarar, mas estou muito feliz com o sucesso do projeto e em saber que as pessoas se conectam tanto com essa série”.

“É muito diferente ter uma série dessas em seu currículo. Trabalhei em diversos programas, como ‘Supernatural’ com o Jensen, mas é bom falar palavrão para c*ralho, e essa falta de restrições reflete muito um humor que carrego comigo, então ‘The Boys’ é um reflexo do meu senso de humor”, revelou ele.

“A série consegue ser engraçada com isso, e ter essa experiência compartilhada na TV é uma experiência rara, não há trabalho melhor que esse. Onde mais eu conseguiria fazer uma piada com um pênis de 3,5m? Aliás, meu filho de 15 anos assistiu, e chegou me perguntando: ‘Pai, que p*rra foi aquela? Acho que você fez a maior piada de pau do planeta’”, completou Eric.

Elenco de "The Boys" se reúne em evento fechado no Brasil
Liberdade criativa de The Boys é um dos pontos fortes da série (Foto: Manuela Scarpa/Brazil News)

IMPORTÂNCIA DA SÉRIE NO GÊNERO DE SUPER-HERÓIS NAS TELAS

Voltando a falar da importância da série em meio a tantas produções de super-heróis sendo feitas na atualidade, todos os presentes se pronunciaram, voltando a falarem do aspecto dúbio dos personagens, chegando a ter comparações com Marvel e DC, as maiores empresas do gênero.

NATHAN MITCHEL

Nathan Mitchell em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Nathan Mitchell (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“Super-heróis sempre fizeram parte da nossa cultura, e quando assistimos uma série, conseguimos nos explorar e olhar para nós mesmos com profundidade, e quando você tem um personagem que é perfeito, ele não te dá essa oportunidade muitas vezes”, disse.

“Já com esses super-heróis, temos a chance de ver pessoas com falhas, defeitos, podemos explorar ainda mais nossas vidas, e isso pode nos trazer algumas revelações”, opinou.

CLAUDIA DOUMIT

claudia doumit em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Claudia Doumit (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“Essa questão dos super-heróis e do perfeccionismo, desses seres santificados que colocamos no pedestal, é uma coisa que nos afasta da realidade. Quando olhamos as redes sociais hoje em dia as pessoas tentando se apresentarem como perfeitas, isso não é verdade”, analisou ela.

“Quando você tem séries como ‘The Boys’ cujo universo é recheado de pessoas com defeitos, isso traz uma realidade para a série, aí você não se sente um bosta, pois o cara na TV também é um bosta. Você sente um alívio e cria essa conexão”, concluiu.

ANTONY STARR

antony starr em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Antiny Starr (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“Quando vemos essas adaptações de quadrinhos nas telas, sempre há um compasso moral a ser seguido, mas essa série é uma alternativa a isso, pois não é exatamente o bem-contra o mal. Ninguém é 100% bonzinho ou malzinho, todos temos nossos aspectos e vieses”, avaliou o ator.

“O que torna a série tão acessível é que você pode só se divertir ou fazer uma sátira política, uma crítica social ali dentro, então mergulhamos e exploramos muita coisa nesse universo”, reforçou ele.

JACK QUAID

jack quaid em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Jack Quaid (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“Quando a série estava começando a ser feita, os Vingadores estavam em um de seus dois últimos filmes, e estavam saindo várias propagandas de super-heróis por toda parte. Isso dava uma sensação real de que pessoas assim poderiam existir, e a série explora a hipocrisia e as brechas que existem nesse universo”, afirmou o filho de Dennis Quaid e Meg Ryan.

“Quando você faz isso com um elenco tão talentoso, que consegue explorar o máximo de seus personagens já bem escritos, eles ficam ainda mais relacionáveis”, garantiu ele.

KAREN FUKUHARA

karen fukuhara em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Karen Fukuhara (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“A série tem muitas questões e sátiras incorporadas, seja uma cena musical ou uma cena violenta tendo elementos de humor, deixando assuntos densos mais leves. Aliás, tem um conceito japonês de uma pessoa ser uma persona diferente do que você espera, e mesmo isso sendo muito bonito lá, na série isso é colocado de forma mais sombria”, observou a artista.

JENSEN ACKLES

jensen ackles em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Jensen Ackles (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“O mundo atualmente precisa de entretenimentos, poesias, artes e músicas mais do que nunca, e tem um motivo pelo qual esse gênero de super-heróis é tão popular, pois é um escape da realidade”, opinou ele.

“Na Marvel e na DC, é como uma música pop, bem mais palatável e facilmente digerível pelo público, mas para quem gosta de um punk rock, Megadeth, vocês estão alinhados com a gente”, comparou o astro de “Supernatural”.

KARL URBAN

karl urban em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Karl Urban (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“Acho que está 100% o que Jensen falou, e acho que a série tem duas importâncias muito grandes: o primeiro é entreter as pessoas, fazê-las se divertirem, a gente se diverte fazendo esse trabalho, e o segundo é que, nesse mundo em que somos consumidos pelo conceito do que é ser um super-herói, precisamos descontruir esse mito”, declarou o astro.

“A verdade é que ninguém vai salvar a gente, não existe essa ideia do super-herói. Quem diz isso está mentindo e no final, depende de a gente salvar a gente mesmo e o planeta. Se pudermos dar um jeito de questionar isso, estamos no caminho certo”, disparou ele.

ERIC KRIPKE

eric kripke em coletiva de imprensa de evento fechado de the boys no brasil
Eric Kripke (Foto: Lucas Ramos e Patrícia Devoraes/Brazil News)

“Todos estão certos em suas falas, mas o que o Karl falou é parte da minha motivação. Acho que encontramos nosso território nesse mundo competitivo dos super-heróis pois tentamos questionar o que aconteceria se eles existissem de verdade”, observou o showrunner da série.

“Todas as decisões criativas do programa se baseiam nisso e é uma ideia maluca para c*cete, pois no mundo real, eles seriam bem mais como em ‘The Boys’ do que igual a Marvel ou DC”.

“[…] Nossa série está na colisão entre o mundo real e o mundo de super-heróis, então se tem uma mensagem é aqui, é que a gente pode salvar a gente mesmo, ninguém vai vir nos salvar. Precisamos questionar nossos heróis e figuras de autoridade, e em pouca gente fazendo isso hoje em dia”, concluiu Eric Kripke.

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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.