Giulio Bertelli, herdeiro da Prada, estreia no cinema com filme ousado
Por Flavia Cirino - 19/10/2025 - 12:40

O italiano Giulio Bertelli, de 35 anos, já conhecia bem as águas do Rio de Janeiro. Ele transitou do esporte para o cinema. Desde a infância pratica vela como atleta. Agora ele enfrenta outro tipo de travessia: a estreia de seu primeiro longa-metragem como diretor, Agon, no Festival do Rio.
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“É a primeira vez que viajo com o longa e me conecto com um público diferente. E, sendo no Brasil, é especial”, afirmou ao jornal O Globo, no hotel onde se hospedou em Copacabana. Após a conversa, ele ainda visitou um reduto de samba no Centro.
Filho de Miuccia Prada — dona da grife Prada — e de Patrizio Bertelli, empresário do mesmo grupo, Giulio, contudo, decidiu trilhar caminho distinto. Diferentemente do irmão Lorenzo, que atua como diretor executivo da marca desde 2021, Giulio optou por não ingressar nos negócios da família.
“Apesar de eu ser muito próximo de todos eles, nunca pensei em trabalhar com moda. Não há espaço para isso na minha vida. Já faço muitas coisas na arquitetura, no esporte e, agora, no cinema”, disse em seguida. O diretor estudou arquitetura em Londres, participou como velejador em competições internacionais e fundou estúdio de design.
‘Agon’: violência, corpo e competição feminina
Agon retrata a preparação de três mulheres atletas — esgrima, tiro ao alvo e judô — rumo a uma vaga nos fictícios Jogos Olímpicos de Ludoj-2024. Conforme a sinopse, as atletas enfrentam contextos políticos, sociais, tecnológicos e físicos.
A personagem da judoca é interpretada por Alice Bellandi, medalhista olímpica, que emprestou sua experiência à trama. A obra estreou em Cannes e está em mostra no Festival do Rio.
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Bertelli aborda o paradoxo entre esporte e violência ao dizer: “O filme fala sobre a contradição entre esporte e violência. Acho que, vista pelos olhos de três jovens mulheres, esse paradoxo fica ainda mais forte.” Ele escolheu disciplinas com raízes militares, para evidenciar a transição do preparo bélico à performance esportiva.
Críticas apontam Agon como obra contemporânea, com “fotografia exuberante, bem trabalhada”. A executiva do festival destacou que o longa representa um “respiro diferente para o cinema italiano”.
Além disso, o filho de Prada fez questão de evidenciar seu esforço pessoal:
“Sou consciente de que tenho privilégios. Por isso, ponho sobre mim muita pressão para fazer algo bom e evitar que o preconceito de algumas pessoas seja validado. Antes da minha origem, deixo que meu trabalho fale por mim.”
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























