Heartstopper: Saiba porque é uma das séries mais aclamadas da Netflix
Por Raphael Araujo - 11/05/22 às 07:30 - Última Atualização: 16 dezembro 2022
Uma série que chegou de maneira tímida em 22 de abril na Netflix, um dos maiores serviços de streaming do mundo, mas que logo se mostrou um verdadeiro fenômeno da plataforma foi “Heartstopper”, produção baseada nos livros/quadrinhos de mesmo nome escritos por Alice Oseman.
Além de diversos burburinhos nas redes sociais e muita comemoração, a atração rapidamente se tornou uma das mais bem avaliadas pelos críticos e pela audiência no site agregador de críticas Rotten Tomatoes, respectivamente com 100% e 98% de aprovação.
Vendo esse fenômeno, OFuxico decidiu contar um pouco sobre a série e separar alguns dos motivos que levaram “Heartstopper” a ficar tão querida entre os assinantes da Netflix (com leves spoilers que não estragarão a sua experiência).
CONFIRA!
ROMANCE PARA AQUECER O CORAÇÃO
Resumindo a trama de “Heartstopper”, a história acompanha a jornada de Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor), dois garotos que estudam na mesma escola (exclusiva para meninos) em anos diferentes, mas que acabam caindo na mesma sala de chamada.
Conforme eles vão interagindo e se conhecendo melhor, os rapazes começam a formar uma amizade extremamente profunda, que, com o passar do tempo, passa a se transformar em algo ainda mais forte e profundo.
Apesar de vermos diversas histórias com enredos similares, e até mesmo chamarmos de “clichê”, aqui vale a máxima do cinema: se virou “clichê”, é porque funciona, e a série executa muito bem a sua proposta, nos envolvendo nos sentimentos dos protagonistas e nos fazendo torcer para que eles acabem felizes e juntos, além de ser uma excelente obra para quem busca algo leve e descontraído a assistir.
ESPERANÇA PARA COMUNIDADE LGBTQIA+
E apesar de muitos considerarem tramas de romance batidas, um romance “clichê” ainda caba sendo uma novidade quando falamos em produções voltadas para a comunidade LGBTQIA+, que por muitos anos, apenas recebia histórias dramáticas e até mesmo trágicas, sem esperança de um final feliz.
Mesmo não sendo a primeira, “Heartstopper” vem na contramão desta tendência, abordando um romance entre dois garotos de forma pura e genuína, sem deixar a trama pesada de forma desnecessária, mostrando que pessoas LGBTQIA+ podem sim sonhar com uma bela história de amor, e do apoio de pessoas próximas.
ADOLESCÊNCIA BEM RETRATADA
Todavia, engana-se quem pensa que a série traz apenas flores em sua jornada, pois a vida também possui seus espinhos, e Alice Oseman, que veio diretamente dos livros/quadrinhos para ser roteirista da série, não se esquece disso, trabalhando bem o fato de que estamos acompanhando adolescentes.
A vida deles não está restrita a gostar de alguém ou ter que lidar com assuntos do coração (que também são sim assuntos da adolescência, juventude, fase adulta, qualquer idade), mas eles possuem preocupações como as tarefas escolares, participar de times esportivos, interagir com os amigos, lidar com bullying, entre tantos outros assuntos, que são mais corriqueiros do que pensamos.
PERSONAGENS CARISMÁRTICOS E RELACIONÁVEIS
Aproveitando do item anterior, o roteiro sabe executar muito bem sua proposta por meio de cada personagem, e não são apenas os protagonistas que possuem uma história bem contada ou dilemas na qual nos identificamos.
Os amigos de Charlie, sobretudo Tao Xu (William Gao) e Elle (Yasmin Finney), ganham bastante destaque nessa primeira temporada, com o primeiro tendo que lidar com o suposto afastamento do amigo para se aproximar de Nick, de quem ele desconfia estar só querendo tirar com a cara do amigo, além de estar inseguro que as pessoas que ele tanto ama se afastem dele.
Já Elle é uma adolescente trans que está em seu primeiro ano no colégio irmão só para garotas após sua transição, tendo passado momentos difíceis por conta disso e estando com medo de não ser aceita em seu novo local de estudos, na qual não conhece ninguém. Ah, ela e Tao seguem um pouco da história de Charlie e Nick em relação aos sentimentos um pelo outro!
Outras duas personagens de destaque são Tara Jones (Corinna Brown) e Darcy Olsson (Kizzy Edgell), um casal de garotas lésbicas que estão ainda se assumindo e descobrindo como levar a vida conjunta em público, enfrentando também o preconceito das outras meninas por estarem juntas, entendendo que esse é o maior ponto forte delas.
CHARLIE E NICK TAMBÉM SÃO PROFUNDOS
Claro que não podemos deixar de falar dos dilemas de Charlie e Nick. O primeiro acabou de passar por um ano em que sofreu bullying após ser “tirado do armário” pela escola, tendo sofrido por ser, na teoria, o único menino gay do colégio, e isso o deixou extremamente abatido e com teores de que, nunca será amado ou querido pelas pessoas em algum grau.
Já Nick, que segue os estereótipos do garoto popular bom em esportes, está descobrindo melhor a sua sexualidade com a chegada de Charlie em sua vida, além de ser uma ponte para diversos bissexuais se identificarem. Ainda, o rapaz é extremamente bondoso e caridoso, o que acaba o colocando em situações de saia justa diversas vezes.
Como fio condutor da história, os dois acabam recebendo uma maior atenção na série para suas lutas externas e internas, e os vemos evoluindo com o passar do tempo e entendendo, com ajuda de amigos e um do outro, que ninguém precisa passar por tudo isso sozinho, além de que todos temos lutas a batalhar.
ESTÉTICA PRÓPRIA
Falamos bastante do enredo, que tal comentarmos outros aspectos de “Heartstopper”? Pois bem, a série também se mostra um deleite visual muito bonito com sua fotografia mais clara e vibrante, sempre dando o tom mais esperançoso que a obra busca retratar aqui, sempre nos lembrando qual é seu objetivo para com o espectador.
Ainda, diversas artes feitas pela própria Alice Oseman, tais como as dos livros/quadrinhos, podem ser vistas de referência nos cenários, sejam um passarinho recortado, um desenho de uma planta ou até mesmo uma onda na parede da escola.
Já nos fatores e visões subjetivas dos personagens, temos mais um show de estética pessoal, seja com desenhos de folhas, corações e raios passando pelos personagens quando algo de importante acontece entre eles, ainda mais nos momentos românticos. Também não podemos nos esquecer das imaginações do Charlie, que revisitam algumas lembranças e adicionam um fundo colorido de acordo com que o rapaz acredita ser o tom da memória.
FIDELIDADE + MUDANÇA = AULA DE ADAPTAÇÃO
Por fim, devemos destacar que “Heartstopper” se mostrou uma verdadeira aula de como realizar adaptações de livros/quadrinhos ou quaisquer obras que mudem de mídia, e deve ser inspiração para vindouras adaptações.
O maior trunfo nesse quesito está no fato de a série trabalhar com três fatores essenciais: a fidelidade à história original; trazer novos momentos e aspectos originais; e por fim uma mistura do que foi dito anteriormente.
A fidelidade não precisamos nos alongar, afinal, quando uma obra que gostamos ganha uma nova versão, esperamos que a essência dos personagens (principalmente a personalidade) seja mantida e que momentos icônicos sejam reproduzidos de acordo com a nova mídia em questão.
Já o segundo, a originalidade surge para quem, os leitores assíduos da obra original ainda sejam surpreendidos de alguma forma, afinal, mesmo querendo rever aqueles momentos incríveis, precisamos de algo que nos faça ver a série e não apenas reler os livros/quadrinhos.
Ainda, uma característica de “Heartstopper” foi de brincar com os fãs da obra original, pois quando parecia que algumas falas e momentos haviam sido cortados, a produção nos mostra que na verdade eles trocaram de lugar ou foram alterados para casar com a série, deixando todo mundo feliz!
E você, já assistiu a Heartstopper? Gostou da série? Era fã da obra original?
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.