‘O Inquilino’ é fruto de um cinema que não volta nunca mais
Por Raphael Araujo - 10/10/2025 - 05:00 - Última Atualização: 3 novembro 2025

Uma das primeiras atividades da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo foi a exibição do filme “O Inquilino” (“The Lodger” no original”), de Alfred Hitchcock, na Sala São Paulo junto da Orquestra Jazz Sinfônica. A convite da assessoria, OFuxico esteve presente.
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A ação, que também abria os trabalhos da temporada cultural Brasil/Grã-Bretanha de 2025/26, em parceria com o British Consul, quis trazer uma experiência similar à época em que o longa saiu em 1927. Logo, a trilha sonora era ao vivo pela tecnologia da época, assim como o cinema silencioso (“cinema mudo” no popular).
E o que mais me encantou foi exatamente esse contexto histórico da obra. Poder ver um filme que foi lançado no mesmo ano em que o Oscar foi criado, ligou uma luz de como essa arte existe há tantos anos (mais de 100, diga-se de passagem) e como ela foi evoluindo e se transformando para que hoje o digital seja predominante nas produções.
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Muito da forma de se filmar, confuzir cenas, construir atmosferas, e construção de química e personagens que vemos na atualidade, ja existiam em “O Inquilino”. Assim como a personalidade irreverente de Alfred Hitchcock, cujo seu sucesso mais proeminente, “Psicose”, sairia apenas em 1960. Mas aqui era seu primeiro grande sucesso que o levaria a ter a influência que ele ganhou posteriormente.
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Ainda, “O Inquilino” evidenciou alguns incômodos do cinema contemporâneo, principalmente em Hollywood. Exemplos como o exagero de explicações/descrições, o ritmo acelerado demais para grandes acontecimentos constantes e a necessidade de momentos megalomaníacos. Uma história cujas falas não tem som, cujo ritmo é mais calmo, nos permite nos conectar com os personagens pelo que estamos assistindo, pelas interações e atuações entre eles, e a curtir uma história até que simples, mas muito bem contada.
Um filme não tem que obrigatoriamente mudar vidas, ou ser a obra mais grandiosa que você verá na atualidade. Ele deve ser uma arte muito bem feita e de qualidade, que temos com força aqui. A reviravolta pode até parecer óbvia, mas para a época provavelmente foi revolucionária. E não foi preciso nenhum diálogo expositivo para se entender o que acontecia durante a trama.
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Atualmente, muitos filmes tentam ser demais e acabam falhando no básico, perdendo sua força artística (independente do gênero ou intuito do longa), e se fossem mais como “O Inquilino”, estaríamos muito felizes!
Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.

























