Por que ‘Barbenheimer’ é histórico e um marco no cinema? Entenda!
Por Murilo Rocha - 20/07/23 às 07:30 - Última Atualização: 19 julho 2023
É chegada a hora de um duelo histórico ou para os que consomem cinema é a hora de presenciar mais uma vez um duelo de titãs: “Barbie” e “Oppenheimer” vão disputar o coração e as bilheterias. Greta Gerwig e Christopher Nolan são as mentes por trás dos próximos estouros de bilheterias.
Como lembrou Roberto Sadovski, do Splash UOL, já presenciamos algumas vezes dois grandes filmes estreando juntos e disputando o topo: “Os Caça Fantasmas” com “Gremlins” ou “Toy Story” com “Cassino”. Nolan já está acostumado a uma batalha contra ícones da cultura pop, visto que “Batman: Cavaleiro das Trevas” disputou a preferência do público com ninguém mais, ninguém menos que “Mamma Mia”, com canções do ABBA e um elenco de peso. Para começar: O evento do ano ganhou até um trailer oficial. Olha só!
Porém, este aqui é um pouco diferente: devido à greve de atores e roteiristas, as premières com atores foram canceladas e a situação ficou nas mãos de todo o buzz gerado em cima dessa batalha e de todo o movimento caótico em torno da demanda de cada um. Mas, não é só por isso não! O marketing e toda a propaganda excessiva em cima de “Barbie” faz com que o filme se torne um grande exemplo de como um pode alavancar o sucesso do outro. O público massivo que vai consumir a comédia romântica estrelada pela talentosíssima Margot Robbie e o galã Ryan Gosling tem N motivos: Seja porque está querendo entender o que é a proposta do longa, ou porque foi afetado pelo grande engajamento nas redes sociais e fora dela, ou também os que tem uma memória afetiva com a boneca multifacetada.
Não é difícil ver coisas cor de rosa com o nome da boneca ou edifícios se preparando para ficar cor de rosa, até as linhas de trem ficaram com a cor característica da ‘Barbielândia’. Nisto, criou-se o movimento ‘Barbenheimer’. E é aqui que a gente encontra a grande festa do marketing contra algo mais sóbrio contrastando de uma forma equivalente e se beneficiando, sobretudo. Não dá para gerar produtos de todos os tipos com o drama dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Cillian Murphy, afinal estamos falando de um longa que vai contar a história do cientista conhecido como o “Pai da bomba atômica” junto com a promessa de uma explosão de uma da mesma categoria que promete gerar calafrios. Pareceu atrativo comprar um hamburguer com molho característico do filme? Ou um sapato escrito “Oppenheimer”?!
O que o movimento ‘Barbenheimer’ fez foi fazer aquela velha máxima (“Matar dois coelhos com uma cajadada só”) ao extremo. Os dois filmes têm um orçamento próximo: Segundo o THR, Oppenheimer custou 100 milhões de dólares. Já o mundo cor de rosa estrelado por Margot Robbie, segundo a Variety, custou em torno de 145 milhões de dólares. E, claro, são de estúdios rivais (Paramount e Warner, respectivamente). Agora, os filmes precisam fazer um valor de dólares para pagar toda a campanha marketeira e de produção.
Com isto, os filmes precisam se pagar com valores próximos: O longa de Nolan precisa entre 250 a 350 milhões de dólares; o de Greta precisa lucrar entre 300 milhões a 400 milhões de dólares, em valores aproximados somando o custo de produção e o valor de marketing especulado pelos sites especializados. E apenas no boca a boca, um deles teria a maior chance por ser popular e com aquele hype que todo mundo se envolveu de alguma forma. Com toda a propaganda popular gerada em cima dessa ‘treta cinematográfica’, que vai de memes até camisetas escritas “Eu Sobrevivi ao Barbenheimer”, é claro que os dois lados se beneficiam e muito.
CHEGAMOS NA BATALHA
A estratégia de marketing foi fundamental: Se a facilidade de produzir produtos com a Mattel e o hype insano que foi sendo aumentado nos últimos dias com a chegada da data, de outro lado a crítica especializada tem se mostrado muito tranquila e pronta para aclamar ambos e mostrar que não foi algo criado do nada. E o efeito surtido em torno disso é mais do que importante e histórico: Segundo a BoxOffice, o filme se encaminha para uma abertura global de nada mais, nada menos, que incríveis US$ 300 milhões. Isso tudo contando a pré-venda, que segundo a Warner Bros. Brasil já é a maior da história por aqui. Gloria Groove já dizia: A bonequinha não sabe brincar mesmo!
Só isto mostra como todo o hype criado em cima do filme é muito mais do insano: Trilha sonora com grandes nomes (Dua Lipa, Lizzo, Nicki Minaj Karol G) e produzida pelo genial Mark Ronson (“Uptown Funk); bonecos e bonecas especiais para filme, criação de conteúdo massiva, comidas oficiais que só a Barbie poderia nos deliciar…. É realmente a festa!
Obviamente não podemos comparar a estratégia de marketing de um filme do Nolan. Seria uma injustiça. Mas, já parou para pensar que o filme da boneca é tão grandioso e um case de sucesso instantâneo que ela conseguiu carregar nas costas dois lançamentos? Mesmo não sendo garantido que o filme de Nolan lucrará muito mais, é injusto dizer que uma fatia dele é devido a toda a festa de “Barbenheimer”. O próprio diretor aprovou o movimento e se disse feliz com toda a excitação promovida em torno de dois grandes lançamentos:
“Acho que para aqueles de nós que se preocupam com filmes, estávamos esperando para ter o mercado lotado de lançamentos novamente, isso está aqui e é ótimo.”
EXPLOSÕES POR TODO O CANTO
Agora, uma ‘entidade’ por si só é muito intensa nessa propaganda: A internet. É claro que ninguém precisa escolher exatamente um lado, mas, tudo que vem sendo veiculado tem uma cereja em cima de um bolo de cor de rosa e é por conta dos usuários de redes sociais ao redor do mundo. Os memes ajudam e propagam a ideia de escolha e a ideia de que você não tem que estar do lado de um ou de outro.
Mesmo que Nolan tenha o lado cult a seu favor, existe uma pequena parcela que vai assistir ao seu longa para entender o que é que está acontecendo e porquê o filme de uma explosão nuclear está disputando com uma boneca histórica e famosa. Do outro lado, tem um pouco de tudo: O lado que sequer cogita em assistir o longa de Greta e já condena o capitalismo, o que está comprando tudo de rosa para assistir ao filme caracterizado e tem a pequena parcela que vai assistir para entender o fervo em torno.
ENTÃO, A VIDA É EM PLÁSTICO?
De tempos em tempos a gente vai continuar assistindo batalhas históricas no cinema. Isto tem se tornado um pouco difícil devido a máquina de Hollywood estar precisando de óleo para girar novamente nos conformes. Vamos aos fatos: “Super Mario Bros” conseguiu um marco histórico e se tornou o segundo filme de animação mais lucrativo com a sua bilheteria.
Mas, o cinema tem sofrido de uma grande disputa de egos e filmes com fórmulas repetidas, ou até pior: A ganância dos estúdios coloca orçamentos enormes e aposta em franquias consolidadas, live-actions de clássicos, ou sequências de animações bem-sucedidas e que nem sempre geram receitas infinitamente maiores e sucessos instantâneos de bilheteria (Como por exemplo: O recente filme da DCU, “The Flash”; ou a sequência com Tom Cruise em “Missão Impossível”, ou a despedida heroica de “Indiana Jones” em seu quinto filme). O mercado é uma coisa, mas, o público vem se tornando mais resistente a todas as mil e uma novidades jogadas aos quatro ventos. O ponto é: Temos que escolher. E escolhas nem sempre são feitas por popularidade ou memória afetiva.
Google entra na onda rosa e promove “Barbie”. Veja!
Quando vemos o movimento ‘Barbenheimer’ é claro que a gente ainda está falando de filmes com dois estúdios enormes por trás e muito dinheiro aqui e ali, mas, o seu orçamento conseguiu enxugar um pouco do que seria frustrante. Mas, é refrescante, acima de tudo, ver o público engajado e fazendo tanta propaganda orgânica e abraçando tranquilamente os dois lados. Mesmo que tenha aquela provocação saudável e comentários nem sempre contemplativos, o ponto é que “Barbie” e “Oppenheimer” conseguiram trazer juntos algo que estava muito em falta em Hollywood nos últimos tempos.
Não podemos esquecer que é uma batalha meramente criada para isto, e mesmo que tenha sido feita de forma que o público comprasse a ideia naturalmente, não deixa de ser divertida e empolgante, uma vez que uma massa enorme de pessoas está mais do que pronta para entrar no carro cor de rosa e se aventurar pelo mundo real através dos olhos de Barbie. E também, não deixa de ser intrigante como um filme cult com 3 horas de duração entrou na reta por conta de toda a propaganda gerada em cima dessa batalha. No final, os dois estúdios vão arrecadar e sair vitoriosos em seus planos, mas, além disso, ver o público animado para dois filmes que prometer se tornar clássicos instantâneos, talvez de um pouco de esperança para colocar um pouco de cor e movimento nos bastidores tensos dos grandes estúdios.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha