‘Agatha Desde Sempre’ está incrível, mas não vai agradar a todos (e está tudo bem!)
Por Raphael Araujo - 18/09/24 às 11:15
Nesta quarta-feira, 18 de setembro, estreará “Agatha Desde Sempre”, nova série da Marvel Studios para o Disney+, às 22h, com dois episódios. Porém, a convite da Disney Brasil, OFuxico pode comparecer na Première da atração e conferir aos dois primeiro episódios de forma adiantada, e daremos nossas primeiras impressões a você do que achamos da série nessa estreia dupla.
Agatha Desde Sempre: Conheça a personagem e os atores!
Na trama, a infame Agatha Harkness se encontra deprimida e sem poderes, até que um suspeito adolescente gótico a ajuda a se libertar de um feitiço distorcido. O interesse de Agatha é despertado quando o jovem implora que ela o leve para o lendário Caminho das Bruxas, um desafio mágico de provações que recompensará a bruxa sobrevivente com o que lhe falta. Juntos, Agatha e esse misterioso jovem, reúnem um coven desesperado e partem para o Caminho.
O que achamos da série?
Pessoalmente, este que vos escreve estava rechedo de expectativas por “Agatha Desde Sempre”, e posso garantir que elas foram supridas! A série entrega exatamente o que prometeu em seu material promocional, sendo uma produção sobre bruxaria que mistura um humor extremamente debochado voltado para o estilo CAMP (gíria para algo propositalmente exagerado, ou feito de forma muito “teatral”) misturado com terror, sejam os elementos visuais ou até mesmo cenas de te deixarem completamente apreensivo com o desenrolar.
Ainda, por ter os mesmos envolvidos em “Wandavision”, principalmente Jac Schaeffer (a mente por trás de ambas as séries e que aqui atua como showrruner e até mesmo dirige os dois primeiros episódios e roteiriza o primeiro), e, claramente, ser uma continuação direta dos acontecimentos dela e de “Multiverso da Loucura”, a mesma aura de mistério pode ser encontrada. Tal qual a série antecessora, “Agatha Desde Sempre” começa de maneira fora do habitual, mostrando que mistérios precisam ser solucionados e quebra-cabeças serem montados, além de um constante “desconforto” de não saber o que esperar.
Inclusive, este é um dos motivos que me fizeram gostar da série, pois como alguém que adorou “Wandavision” e seus mistérios, sua progressão chocante e sua grande habilidade em engajar os fãs a fazerem teorias malucas, “Agatha Desde Sempre” vem suprir a carência de produções desse estilo. Aliás, tal qual a antecessora, a nova estreia também foge da fórmula padrão da Marvel em suas produções, abraçando bem sua estética e estilo sem se preocupar (até aqui) em ser algo padronizado do estúdio.
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Os personagens são um deleite
Porém, de que adianta uma direção boa, um roteiro chamativo e uma estética legal, se os personagens não cativarem o público? Pois bem, “Agatha Desde Sempre” sabe disso, e os personagens principais são todos muito divertidos de se ver em tela, e das maneiras mais variadas possíveis. O Coven é recheado de personalidades cativantes que, quando se juntam em tela, transmitem uma explosão de carisma.
O primeiro destaque vai, claro, para Kathryn Hahn como a protagonista Agatha Harkness. Ela já havia conquistado muitos fãs com sua atuação em “Wandavision”, mas agora acostumada ao papel e mergulhando fundo no mundo da bruxa, ela está completamente incorporada à personagem, e com isso, carrega bem o peso de grande protagonista em uma produção cheia de pessoas chamativas.
A grande surpresa com certeza foi Aubrey Plaza, confirmada anteriormente como Rio Vidal, uma bruxa relacionada ao passado da protagonista. Ela apareceu pouco nesses dois primeiros episódios, mas foi o suficiente para conquistar qualquer um que a vê-la em tela. Vidal está bem imponente e ameaçadora, e deixou um gosto de “quero mais”, e já aguardo ansioamente detalhes de seus poderes, seu passado e ver mais de sua personalidade cruel e amorosa ao mesmo tempo.
Joe Locke brilha, e resto do Coven acompanha
Já a grande revelação é Joe Locke como o “Adolescente”, cujo identidade real está sendo guardada em segredo desde seu anúncio como o co-protagonista do programa. A grande teoria, inclusive a minha, é de que ele interpreta Billy Kaplan/Wiccano, filho reencarnado da Feiticeira Escarlate, e seguindo nesse teor, ele está bem fiel ao personagem: extremente bonzinho, fofo, animado e eufórico, além de um “nerd fanboy”, daqueles que se viciam em um assunto e buscam tudo sobre ele.
Isso porque o rapaz é muito fã de bruxas, principalmente de Agatha, e acaba sendo um dos pontos mais leves do grupo, pois é difícil não se animar com sua personalidade fofa e encantadora. Independente de sua real identidade, ele vai ser um dos pontos mais chamativos da atração, e esse mistério deixa tudo ainda melhor, e Joe Locke soube usar seu carisma para dar vida ao personagem.
Patti LuPone, Sasheer Zamata e Ali Ahn como Lilia Calderu, Jennifer Kale e Alice Wu-Gulliver, respectivamente, ainda estão sendo apresentadas e devemos ver muito mais delas com o tempo, mas o pouco que apareceram já fizeram bonito em suas interpretações, e incorporaram bem o espírito da série e deixaram suas personagens únicas e interessantes. Por fim, Debra Jo Rupp como Sharon Davis/Senhora Hart está como um ótimo alívio cômico.
“Agatha Desde Sempre”, porém, não vai agradar a todos…
Logo no título, já trouxe essa ambiguidade, e como o texto denotou, eu adorei “Agatha Desde Sempre” e estou muito ansioso para os próximos episódios. Todavia, sinto que essa não vai ser a mesma opinião de todos, principalmente de uma parcela dos fãs da Marvel Studios que está muito satisfeita e acostumada com a fórmula padrão que permeia a maioria das produções.
A série é de fato muito voltada para a bruxaria, CAMP e terror, e deve mergulhar ainda mais fundo no primeiro item citado após o Caminho das Bruxas ser de fato percorrido, expandindo o lado místico do Universo. Mas não é todo mundo que curte essa pegada e estética, e uma parcela dos espectadores não vai se indentificar com o humor e deboche apresentado.
Porém, reforço: está tudo bem. Muitas vezes não somos alvos de determinado produto, e com a constante expansão do Universo Cinematográfio da Marvel, é muito interessante que mais produções busquem seu próprio tom e originalidade, abraçando gêneros e estilos específicos.
Aliás, muitos não reclamavam que a fórmula estava “desgastada”? Aqui temos um sopro de ar fresco, e a sére está muito boa no que se propôs, e há sim possiblidades de ela ecoar no restante do Universo e trazer respostas para algumas perguntas e/ou introduzir personagens que ganharão importância no escopo geral. Provavelmente, vai ser questão de paciência.
Série mais “gay” da Marvel de fato
Para fechar essas primeiras impressões e conectando tudo que falei, devemos lembrar que “Agatha Desde Sempre” foi descrita como a série mais “gay” da Marvel, e de fato é em muitos aspectos. É muito comum que a comunidade LGBTQIAPN+ se identifique com bruxas por conta da hsitória de preconceitos e perseguições que elas sofreram, seja na Idade Média da vida real ou na ficção, sempre pautados na intolerância religiosa e acusações de “conexão com o inferno”.
Diante disso, a série sabe conectar as duas coisas, trazendo elementos que a comunidade curte em produções, como personagens femininas fortes e carismáticas, uma estética colorida e chamativa, além de um humor debochado e, claro, personagens que não são heterossexuais. Nesses primeiros episódios, já é pincelado relacionamentos homoafetivos de alguns personagens, e outras podem vir a abordar isso futuramente, mas faíscas e flertes estão em tela com essas mulheres em tela. Quanto ao “Adolescente”, também temos um vislumbre disso.
Por fim, reforço que esse ponto pode gerar muitas críticas exacerbadas à “Agatha Desde Sempre”, só que não seria por não se identificar com a proposta ou por conta da qualidade da série em si, e sim por preconceito, na qual muitas vezes haters usam da suposta “falta de qualidae” para permear seus pensamentos atrasados, principalmente em franquias populares como a Marvel, e isso deve acontecer aqui. Pois bem, essa série não é mesmo para eles…
Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.