‘Sirât’ é puro impacto e sensibilidade que foge do convencional

Por - 24/10/2025 - 12:00 - Última Atualização: 10 novembro 2025

cena de pai e filho em sirâtFoto: Divulgação

Abrindo os trabalhos na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, OFuxico, a convite da assessoria, pode conferir “Sirât”. Dirigido por Oliver Laxe, o longa, que também abriu a Mostra, venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes e foi escolhido como o representante da Espanha na disputa por uma vaga no Oscar em 2026. “Sirât” estreia nos cinemas brasileiros para 15 de janeiro de 2026.

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A produção acompanha um pai e um filho que chegam a uma rave nas montanhas do Marrocos. Ambos estão em busca de Mar — filha e irmã —, que desapareceu meses antes em uma dessas festas intermináveis. Cercados por música eletrônica e por uma sensação crua e desconhecida de liberdade, eles saem distribuindo a foto da jovem.

A esperança vai se apagando, mas os dois persistem e seguem um grupo de frequentadores rumo a uma última festa no deserto. À medida que avançam por um cenário escaldante, a jornada os obriga a confrontar os próprios limites.

Sirât é reflexão constante

A palavra “Sirât”, no Islã, refere-se a uma ponte finíssima que leva ao paraíso, por onde todos os seres humanos devem passar no Dia do Juízo Final, na qual os pecadores tropeçam. Isso aparece ao público logo que o filme começa, já deixando claro que podemos esperar de tudo para os personagens que acompanharemos.

Porém, nem todo preparo do mundo te deixa pronto para o que “Sirât” vai entregar, a começar pela mixagem e uso do som no primeiro grande segmento do longa, que é de tirar o queixo. Te traz uma imersão tão grande a longo de questionar se sua sessão está passando por alguma questão técnica, mas é tudo bem encaixado e montado no longa. Posteriormente, vamos vendo o desenvolvimento do grupo principal.

Isso é essencial para nos apegarmos a eles e entendermos suas visões e objetivos. Também é neste momento que todo o teor político do longa aparece, nos imergindo para o futuro distópico inventando para a obra, cheia de militarismos e poucos recursos. A rave que surge na trama é um forma que a população encontrou para esquecer seus problemas, que inevitavelmente vão sempre retornar.

Puro choque

Com essa tensão e sensibilidade sempre constantes na tela, o choque das reviravoltas e cenas marcantes vem como uma verdadeira surra no estômago. O prenúncio da “perdição” está ali, mas o como ela chega? Ninguém espera. E quando você se acalmar… outra virá! Não há como prever nada, tudo pode acontecer!

Uma trama que estava telegrafada se transforma totalmente, e esse passa a ser maior trunfo de “Sirât”. Você fica surpreendido, e sua mensagem passa a ser mais forte do que nunca, e inlusive necessária para termos esperança no mundo atual, cheio de conflitos e tensões.

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“Sirât” vem crescendo de Cannes até aqui, e não é para menos: um filme sóbrio e cru, impactante, ao mesmo tempo que te faz refletir e se sensibilizar facilmente com os personagens. Que grande estreia da Mostra!

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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.