Flaney Gonzallez comemora carreira e relembra de Marília Mendonça: “Não se rendeu ao egoísmo”

O diretor, produtor, fotógrafo e roteirista Flaney Gonzallez tem em sua carreira grandes marcos. O profissional esteve presente em projetos artísticos de Marília Mendonça, no projeto “As Patroas!”, além de trabalhar ao lado de Jorge e Mateus, Henrique e Juliano.

Na atualidade, Flaney tem apostado na função de diretor. Para se ter uma ideia, foi ele quem dirigiu o DVD de João Gomes, que foi gravado em Recife, recentemente, além do último DVD de Jorge e Mateus, produzido no Vila JK.

Em conversa com a reportagem de OFuxico, Flaney comentou sobre seus trabalhos e relembrou da parceria com Marília Mendonça, que morreu em 5 de novembro de 2021.

Confira:

OFuxico: Você começou sua carreira com a fotografia e, recentemente, se tornou diretor. Como foi essa transição?
Flaney Gonzallez: “Ser conhecido como fotógrafo, ao mesmo tempo que encurtou o caminho devido ao mercado já conhecer a minha estética e a forma como trabalho, atrasou um pouco a percepção dos clientes sobre essa nova possibilidade. Eu sentia que era uma questão de tempo e não quis apressar esse processo fazendo algum tipo de mídia pessoal ou comunicando os artistas. Era o tempo que eu precisava para crescer, testar fórmulas e fortalecer equipe.”

DVD DE JOÃO GOMES

OFuxico: Você assina a direção do DVD de João Gomes, gravado em Recife. Como foi dirigir este trabalho? Você já conhecia o João? Tem alguma história de bastidor para nos contar?
Flaney Gonzallez: “No Réveillon desse ano eu ouvia pela primeira vez o João, sem imaginar que alguns meses depois estaria com ele em um projeto tão importante para ambos. Viajamos para Serrita-PE para a casa de seus avós e amigos em um show na cidade onde nasceu, antes mesmo da concepção final do projeto. Foi essencial para entender realmente quem ele era e a forma que teríamos que contar essa história tão insólita e inspiradora.”

TRABALHO COM JORGE E MATEUS

OFuxico: O último DVD de Jorge e Mateus, gravado no Vila JK, em fevereiro deste ano, também conta com sua direção. Pode contar sobre este trabalho?
Flaney Gozallez: “Eu tinha acabado de entregar o clipe da música “Molhando o Volante” quando recebi o convite do Wendel (um dos empresários) para dirigir o projeto do Vila JK, apenas para convidados, no coração empresarial do Brasil. Dali veio a ideia de trazer um pouco do “skyline” da capital para dentro do cenário que tinha como desafio o pouco espaço e a intimidade que o vídeo precisava trazer. Claro que quando chega um convite para dirigir um artista desse porte sempre queremos fazer algo gigante em termos de produção, mas é essencial entender que cada projeto tem sua essência, e trabalhar antes de tudo para cumprir o que o artista quer passar. É um projeto lindo, repleto de cores que fazem parte da minha playlist há muito tempo.”

SAUDADE DE MARÍLIA MENDONÇA

OFuxico: Ao longo de sua carreira, você fotografou grandes nomes como Marília Mendonça. Como era sua relação com ela? Tem alguma lembrança que pode nos contar?
Flaney Gonzallez: “Acordei algumas vezes com ela dormindo no sofá da sala do apartamento que dividia na época com Henrique Casttro, o compositor que nos apresentou pouco tempo antes do Brasil reconhecer todo seu talento. Marília conseguiu cumprir o maior desafio que um artista de sucesso pode ter: Dar toda atenção que uma carreira de sucesso merece sem perder o cotidiano essencial para qualquer ser humano. Continuou tendo amizades de via dupla, não se rendeu ao egoísmo e não comprou a ideia de que o mundo girava em torno dela, mesmo com a pressão do meio para que isso acontecesse. Marília se cercava dos mesmos amigos de antes ou do mesmo tipo de pessoa que curtia estar perto e conseguia dar conta de todos os relacionamentos que sua carreira solicitava. Ia ao cinema, ela assistia séries, gravava, fazia show e ainda sobrava disposição para criar. Criava o tempo todo!! Marília dava aulas de administração de tempo e chegava pontualmente em todos os compromissos.”

AMIZADE COM FAMOSOS

OFuxico: Como é, para você, dirigir artistas tão renomados? E como se dá o processo de cada trabalho?
Flaney Gonzallez: “Eu sempre levei o meu trabalho muito a sério, mesmo quando não existia audiência para o que eu produzia. Eu vejo o artista – não importa a dimensão – como cliente quando chega até mim, mas é inevitável que se crie nesse tempo alguns laços, preferências ou afeto, até pelo fato do meu estúdio ser na minha casa. Óbvio que sei do impacto de ter o Zezé Di Camargo fazendo um omelete no meu fogão ou da Luíza Sonsa se maquiando na sala, ou parando a internet com a Marília numa live no quintal, mas a diferença entre o cliente de sucesso do que ainda está no caminho para consegui-lo é apenas a audiência do momento. Aprendi nesse tempo que o artista desconhecido de hoje é o top 5 das plataformas amanhã e o processo é sempre de servir. Atender da melhor forma possível as necessidades de cada projeto a partir do momento que digo sim para ele.”

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