Mãe de Gustavo Corasini manda recado para mulher que atropelou seu filho
Por Redação - 07/12/22 às 13:05
Fernanda Corasini, mãe do ator Gustavo Corasini, conversou com OFuxico nesta quarta-feira, 7 de dezembro. Ela recordou o caso do filho, que foi atropelado em agosto deste ano, e mandou um recado para a mulher responsável pelo acidente.
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“Em nenhum momento, para ser bem sincera, eu tive raiva dela. Zero questionamento. O por que ela se equivocou (com o carro). Graças a Deus, essa mágoa, essa raiva não existe dentro do meu coração”, começou.
“Minha relação com ela sempre foi tranquila desde o começo. Meu marido encontrou com ela na delegacia, ela pediu perdão para ele. Ele a abraçou, disse que estava tudo bem e que a gente entendia (a fatalidade)”, acrescentou ela, que é criadora de conteúdo digital, frisando saber que o que aconteceu foi algo acidental.
No acidente, Gustavo Corasini estava acompanhado do amigo Eduardo Delfino, que morreu no local. Já para Francisca Márcia Souza, mãe do garoto, a situação é mais difícil, contou Fernanda.
“Ela não tem raiva, não tem ódio, mas ela não consegue ter esse contato (com a motorista do carro). O que é compreensível. Ela não quis esse contato. Outro dia elas se encontraram na padaria aqui perto de casa, e a Márcia comentou que foi muito sofrido, muito doído para ela. Ela chorou, ela ficou mal, mas não trocaram palavras”, contou.
“ELA É UMA PESSOA DO BEM”
Fernanda acredita que a mulher que atropelou seu filho ainda não esteja preparada psicologicamente para dar entrevistas, mas descreveu um pouco do perfil dela. “Ela já é uma senhora, deve ter seus 57 anos, talvez. Eu converso com ela quase todos os dias. Ela manda mensagens, quer saber do Gustavo… Ela é uma pessoa do bem. É mãe, é avó. Sempre foi colaborativa com as crianças aqui do condomínio nas vezes que faziam festas de Halloween, ou qualquer outra atividade que envolvesse a vizinhança”.
Desde o acidente, a família de Gustavo Corasini também recebido apoio irrestrito da motorista e da família dela. “Eles sempre foram muito solícitos. Tudo que a gente precisou deles, eles apoiaram. Até financeiramente a gente precisou de algumas coisas da parte deles, e a gente conversou, eles ficaram a disposição. Eles sempre nos ajudaram no que foi possível para eles”, contou Fernanda.
“Eu ainda não a vi pessoalmente por falta de oportunidade mesmo. E ela também passou por outros problemas: perdeu o pai, perdeu o sogro. A vida dela está bem difícil também”, contou a mãe de Gustavo. “E Deus não permitiu que esse sentimento ruim entrasse no coração da nossa família”, reforçou Fernanda.
SEGUINDO EM FRENTE
Gustavo Corasini, que no acidente teve fraturas no punho, perna e bacia, acaba de iniciar sessões de fisioterapia da mão. Fernanda contou que o filho já consegue realizar movimentos leves e acredita que, assim como foi com a perna, em um mês ele estará articulando bem o membro.
“O Gustavo ainda conseguiu recuperar todas as notas dele no colégio, conseguiu entregar os trabalhos…”, contou Fernanda, mais aliviada.
RELEMBRE O CASO
No dia 24 de agosto deste ano, Gustavo Corasini e o amigo Eduardo Delfino estavam em frente ao condomínio onde moravam. Os dois decoravam a rua para a Copa da Mundo quando foram atingidos por um carro. Segundo informações, um pedreiro que trabalhava na vizinhança se acidentou e uma ambulância foi chamada para socorrê-lo. As crianças correram para o local para ver o que estava acontecendo. Quando a vizinha foi retirar o carro para dar passagem, perdeu o controle e prensou as duas vítimas contra a parede. Gustavo ficou ferido e Eduardo faleceu no loca. Gustavo teve fraturas no braço, na perna e na bacia e passou por cirurgias.
Cinco dias após o acidente, ainda muito abalada, Márcia, mãe de Eduardo falou com OFuxico e detalhou a cena que viu assim que chegou ao local do acidente.
“Desci a rua, vi que tinham ambulâncias, que algo grave tinha acontecido, mas nunca passou pela minha cabeça que seria ele. Eu olhei, coloquei a cabeça para ver quem era mas não identifiquei. A princípio, só vi a equipe do Corpo de Bombeiros fazendo massagem cardíaca”, começou.
“Quando olhei para o pé, e vi que era ele, ja fui para cima, gritando: ‘é meu filho, é meu filho!’. Vi que os bombeiros faziam muita força para ele voltar, mas ele não se mexia, os olhos dele já estavam meio fechado. Eu não vi sangue no Gustavo [Corasini], mas o Eduardo estava supermachucado”, contou.
“Então logo me tiraram dali e eu fui para o hospital, onde lá eu fui informada que ele estava sem vida. Mas naquela hora, ali, no chão, ele já estava morto. O médico veio conversar comigo e falou: ‘Mãe, o seu filho morreu na hora’.”, relatou Márcia.
“Ele bateu a cabeça na coluna, a pancada também foi muito forte no peito dele. Tinha muito sangue no chão. O sangue escorria a calçada… “, detalhou.
MENINO EXEMPLAR
Eduardo tinha apenas 13 anos, mas já era o braço direito da mãe. Era ele quem cuidava dos outros três irmãos quando Márcia saia para trabalhar. Francisca Márcia Souza faz faxina. “Ele não tinha vergonha dos amigos em dizer que me ajudava. Ele sempre me dizia: ‘Mãe, já fiz as minhas coisas, já arrumei sala, já arrumei o meu quarto, já lavei a louça, já dei comida para os passarinhos’, era assim”, recordou a mãe.
Estudante do oitavo ano do ensino do médio, o passatempo de Eduardo era o jiu-jitsu, aulas que frequentava três vezes por semana. “Foi um esporte que ele se apaixonou. Logo que a gente se mudou para o condomínio, um pé de maracujá começou a dar frutos. Quando chegou o tempo em que estavam maduros, meu filho pediu para que pudesse vendê-los. O objetivo dele sempre foi me ajudar”, contou.
“Ele também fazia ‘bico’ em um lava-rápido, aos sábados. Ele entendia que se fizesse aquele trabalho, era o dinheiro que eu não precisava dar para ele comprar alguma coisa para ele. Ele tirava R$ 30. Às vezes me dava para inteirar na feira, mas não costuma aceitar. Dizia para ficar com ele, para que ele pudesse comprar um açaí ou uma bolacha que ele quisesse levar para a escola”, recordou a mãe.
“Eu não sabia o tanto que ele era querido, o quanto ele era conhecido por todos, porque muita gente foi ao velório. As pessoas na rua comentam na rua que ele vai deixar saudades, porque ele era um menino muito especial. Era um menino muito educado, lidava com todos, não fazia exceção de ninguém. Era um menino muito alegre”, finalizou a mãe, com a voz ainda bastante triste.
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