Caio Bonfim conquista medalha histórica e desabafa: ‘Decidi ser xingado sem ter problema’

O brasileiro Caio Bonfim entrou para a história ao conquistar uma medalha de prata inédita na marcha atlética de 20 km nas Olimpíadas de Paris. Aos 33 anos, ele garantiu a primeira medalha olímpica para o Brasil nesta modalidade, demonstrando grande perseverança e determinação ao longo de sua carreira.

Trajetória de superação

Caio, que participou de suas quartas Olimpíadas, esteve nas edições de Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2021, mas foi em Paris que alcançou o pódio pela primeira vez. Na prova, Caio se manteve entre os líderes, enfrentando momentos de alta tensão com duas punições, mas conseguiu segurar a segunda posição com um tempo de 1h19m09s, apenas 14 segundos atrás do equatoriano Brian Daniel Pintado, que ficou com o ouro. O espanhol Alvaro Martin levou o bronze.

“Olimpíadas é diferente de tudo, né, cara? Tinha uma expectativa, mas você viu tanto que é forte o nível. E Deus proporcionou esse momento. A gente se entregou. Jogos olímpicos não são só essas 20 voltas aqui. É um trabalho, mas também o resultado, graças a Deus, valeu a pena. Eu queria, eu entreguei o meu melhor todos os dias, todas as voltas, todos os momentos, todos os treinamentos deste ciclo olímpico curto de três anos para que eu passasse antes da minha chegada olhar para trás e falar: ‘cara, eu entreguei’. Tudo que eu podia entregar. Tomara que seja suficiente, e graças a Deus foi. Eu estava com duas faltas ali no final, então pra mim não importava”, afirmou Bonfim após a prova.

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Dedicação e apoio familiar

Caio Bonfim vive em Sobradinho, Distrito Federal, e é treinado pelos pais, Gianette e João Sena. Os treinos acontecem nas ruas da cidade e no estádio Augustinho Lima, onde a família Bonfim mantém o projeto Centro de Atletismo de Sobradinho. Desde o Mundial de 2022, Caio tem mostrado um desempenho consistente, subindo ao pódio em todas as competições de marcha atlética de 20 km.

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Entenda a marcha olímpica

A marcha atlética é um esporte que exige técnica apurada, onde os atletas devem manter contato constante com o solo e seguir regras rigorosas para evitar desclassificação. A modalidade faz parte do atletismo e é conhecida por sua longa tradição nos Jogos Olímpicos. Em Paris, a prova de 50 km foi substituída por uma competição mista por equipes, promovendo a igualdade de gênero.

Prova emocionante

Caio começou a prova com força, assumindo a liderança nos primeiros quilômetros. Embora tenha recebido uma advertência por movimento irregular, ele se manteve firme e voltou a liderar na metade do percurso. Nos quilômetros finais, disputou a medalha diretamente com outros atletas, garantindo a prata com grande esforço e determinação.

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Após a conquista, Caio refletiu sobre os desafios enfrentados ao longo de sua carreira, incluindo as dificuldades e hostilidades nas ruas durante os treinos. “O cara perguntou ‘foi difícil essa prova?’. Falei ‘não, difícil foi ser xingado na rua desde o dia em que fui marchar pela primeira vez’. Falei ‘estou pronto, pai! Quero ser marchador’. Eu decidi ser xingado sem ter problema,” relembrou.

Caio Bonfim, treinado pela mãe Gianette, oito vezes campeã brasileira, consolidou sua carreira com uma conquista histórica, mostrando que a dedicação e o apoio familiar são fundamentais para o sucesso no esporte. “Falei para a minha mãe ‘quem disse que você não é atleta olímpica?’. Hoje eu pude falar que nós somos medalhistas olímpicos,” concluiu Caio.

Essa vitória representa um marco para o atletismo brasileiro, inspirando futuras gerações a perseverar e lutar por seus sonhos, mesmo diante das adversidades.

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