Judoca argelino se recusa a lutar contra israelense por divergência política e é eliminado

Por - 29/07/24 às 15:45

Atleta argelino se recusa a lutar contra judoca israelenseAtleta argelino se recusa a lutar contra judoca israelense - Foto: Alexandre Loureiro/COB

O judoca argelino Dris Messaoud Redouane desistiu de lutar contra o israelense Tohar Butbul durante as Olimpíadas de Paris por diferenças políticas e é eliminado.

O atleta da Argélia se desclassificou durante a pesagem (-73kg), e ficou acima do limite do peso da categoria. Porém, o principal motivo de sua saída é político. Ele declarou que antes de todas suas lutas, gosta de rezar e ler o Alcorão, livro de origem islâmica.

O lutador de Israel subiu no tatame Arena Champ de Mars e foi classificado para as oitavas de final da competição, após um ippon no adversário. Após o ocorrido, Tohar lutou contra Hidayat Heydarov, do Azerbaijão, mas foi eliminado pelo número 1 do mundial de judô.

“Eu o respeito. É realmente um bom atleta. Não o odeio. Gostaria de ter lutado. Não aconteceu. Às vezes a política atrapalha. Pode ser que ele quisesse lutar, mas seu governo não o permitiu. Acredito que os atletas argelinos e a maioria dos atletas muçulmanos não possam lutar contra os israelenses. Acho que são vítimas”, lamentou Tohar.

Posicionamento da Organização e do Comitê Olímpico sobre o judoca:

A organização doss Jogos Olímpicos informou em um comunicado que Redouane Messaoud Dris foi desclassificado. “Dris, inscrito na prova masculina de até 73 kg, falhou na pesagem. Consequentemente, seu oponente Tohar Butbul vencerá a luta programada por desistência.”

O Comité Olímpico de Israel também se posicionou. ” A delegação continuará a competir tendo em mente os valores olímpicos. Acreditamos que este tipo de comportamento não tem lugar no mundo do desporto”.

Para o treinador do atleta de Israel, Guy Fogel, disse que acha que a decisão no veio por parte nem do atleta nem do treinador. “Às vezes vem de cima. Não sei, não me importo. Ele não quis lutar, não seguiu as regras, ele perdeu a luta. Para nós foi uma vitória por ippon, mas preferia que tivesse tido a luta. Você pode não gostar, não se ama todos, mas isso é esporte”.

“Se ele não quis lutar, não há nada que a gente pudesse fazer. Não me sinto feliz, nem triste. Isso acontece muito com a gente. Já aconteceu. Eu sei qual é a situação de Israel, não gostamos. Bom, se quiser me dar a mão, se quiser ser amigo, para mim está bom… Isso aqui é esporte, vá para luta e fim”, completou.

Redouane pode sofrer punição pela Federação Internacional de Judô, se for por motivos políticos sua desclassificação. “Quem sabe um dia haja paz, eu possa apertar a sua mão e que a gente possa se enfrentar. Que ele possa treinar em Israel e eu, na Argélia. A Olimpíada é uma boa chance para essa mensagem de paz”, explicou o judoca.

Boicote nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020:

O atleta de Israel sofreu com a mesma situação em 2020, durante as Olimpíadas de Tóquio, no Japão. Fethi Nourine, outro judoca da Argélia, desistiu de competir contra israelense. Como pena, o treinador de Nourine foi suspenso por 10 anos.

“Acontece muitas vezes, comigo três no total contando o Mundial de 2019, no Japão. E acho que todos contra atletas argelinos.É complicado. Eu sou atleta, esse é meu trabalho e vim lutar. Ele também se esforçou muito para estar nos Jogos Olímpicos, mas acredito que seu governo o forçou. Eu acredito nessa situação”, explicou Tohar.

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Bruna é estudante de jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e é apaixonada por moda e celebridades. Em seu dia a dia, ama saber um babado e escreve sobre famosos e entretenimento.