CCXP Worlds 21: ‘Ou é fácil ou impossível’, diz Laerte sobre trabalho

Por - 04/12/21

laerte posando fazendo biquinho em seu ambiente de trabalhoReprodução/Instagram @laerteminotaura

(atualizado às 15h53)

Neste final de semana, está acontecendo a ‘CCXP Worlds 21’, cuja grande homenageada do evento este ano é Laerte, uma das maiores cartunistas do Brasil de todos os tempos, sendo dona de trabalhos em revistas que marcaram a história como ‘O Pasquim’ e ‘O Bicho’.

Dona de uma história ímpar, ativista e defensora dos direitos trans, a cartunista completou 70 anos este ano. A CCXP não poderia deixar de reconhecer e prestigiar uma artista que tem um trabalho desenvolvido desde os anos 70 e que permanece atual, pujante, necessário, e por isso, ela abriu os painéis de sábado no palco do Artists’ Valley by Santander.

“Fico muito emocionada com essa homenagem, inclusive considerando os homenageados que me antecederam”, afirmou ela, referenciando Mauricio de Sousa, Frank Miller, Renato Aragão, Fernanda Montenegro, Cris Columbus, Cao Hamburger e Neil Gaiman.

Sobre o início de sua carreira, ela garantiu: “Eu meio que vou trabalhando por instinto, e quando mais jovem, pensei em fazer teatro, cinema, música… eu gostava de desenhar, mas não pensava que poderia ser profissão. Eu demorei a entender que desenhar e criar poderia ser meu meio de vida”.

Ainda, Laerte revelou uma curiosidade: “Eu costumo gostar do trabalho que faço naquele momento, mas depois de publicado, acabo não gostando (risos). É sempre esse processo”, contou, antes de explicar seu processo criativo.

“Eu converso com as pessoas, assisto filmes, leio jornal, tudo isso é como ‘comida para o cérebro’, e vou deixando a criatividade fluir. Como faço isso há 50 anos, já deixo rolar, e nem sei mais o que vai sair (risos)”,a firmou, garantindo não ter um “trabalho mais difícil que o outro”.

Não tenho um trabalho mais difícil. Ou é fácil ou impossível, como diria o Pereira. Quem trabalha com arte é baseado em aspectos técnicos, mas na parte criativa é intangível”.

IMPACTO DAS MUDANÇAS DO MUNDO

Em dado momento, Laerte comentou sobre o que mais enxerga ter mudado desde o início de sua carreira como quadrinista até os dias de hoje, ressaltando que a internet foi a maior delas

“A internet possibilitou uma maior exposição dos trabalhos de artistas mais jovens e incialmente. Você divulgar seus trabalhos muito mais rápido em portais, redes sociais, e vejo muita gente conseguindo um público que na minha época demorei a conseguir. É muito mais fácil hoje”, garantiu

Sobre ter sonhos, ela disse: “Já tive o sonho de querer pagar o aluguel, quando meus filhos eram pequenos era dar educação para eles, mas atualmente meu sonho é continuar vivendo. Eu tenho uma história para concluir, mas não é exatamente um sonho, e sim um objetivo, e espero que possa cumprir”.

Ainda, Laerte comentou sobre a atual situação política do país, e que como uma pessoa ativista, percebe que os desafios nunca irão acabar.

“Quando o Brasil elege alguém como o Bolsonaro, a gente fica refletindo: a gente passou pela ditadura, elegemos governos democráticos, pensamos no futuro ambiental, de maiores oportunidades, mas isso pode vir abaixo do nada. É um trabalho contínuo”, declarou.

“[…] As pessoas têm determinados papéis dependendo da situação, e se ela se encontra em uma situação como a do nossos país, ela vai saber o que fazer na profissão dela, seja médico, jornalista, escrito, e incluo os artistas a isso, todos sabemos o que fazer”.

Quando o painel foi encerrado, a quadrinista aproveitou para agradecer mais uma vez o convite e a homenagem da CCXP Worlds 21, demonstrando estar muito feliz com mais essa conquista de sua carreira.

“Fico muito honrada de estar nessa tela. Queria estar presencialmente, mas tempos melhores virão”, concluiu Laerte.

SAIBA MAIS SOBRE LAERTE

Laerte concluiu o Curso Livre de Desenho, da Fundação Armando Álvares Penteado, em 1968. No ano seguinte ingressou na faculdade de jornalismo da Universidade de São Paulo, mas não chegou a terminar o curso. O início de sua carreira como desenhista aconteceu em 1970, com o personagem Leão para a revista Sibila.

De lá para cá, a artista multifacetada coleciona trabalhos em veículos importantes: além do Pasquim e do Bicho, ela também assinou charges e tirinhas para o Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo, bem como as revistas “Piratas do Tietê” e “Labirinto do Minotauro”.

Em 1974, Laerte ganhou o primeiro prêmio no 1.º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, com a charge “O Rei Estava Vestido”. Até no esporte Laerte realizou trabalhos, ela fez cobertura jornalística de três Copas: a de 78, 82 e 86.

Na TV, Laerte atuou como roteirista e colaborou para programas de sucesso da TV Globo, entre eles “TV Pirata” e “Sai de Baixo”. A artista também contribuiu para o programa infantil que conquistou as crianças dos anos de 1990, a “TV Colosso”.

Como apresentadora, esteve à frente do “Transando com Laerte”, exibido no Canal Brasil. Já no cinema, participou do curta “Vestido de Laerte”, de Claudia Priscila e Pedro Marques, e do longa “Laerte-se”, de Lygia Barbosa e Eliane Brum.

Em junho, Laerte lançou seu site laerte.art.br com todos os seus trabalhos, informações e uma loja com seus livros e produtos exclusivos. Dentro do seu acervo é possível encontrar registros feitos junto a nomes icônicos da charge e ilustração brasileira como Angeli e Glauco.

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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.