Marco Pigossi relembra dificuldade para assumir homossexualidade
Por Redação - 06/10/22 às 10:12 - Última Atualização: 27 outubro 2022
Recentemente, Marco Pigossi deu uma entrevista para o Podcast “Calcinha Larga”, do Spotify, e relembrou do processo para se assumir homossexual e como isso o deixou mais seguro. Um dos resultados desse processo é o documentário “Corpolítica”, que tem Marco como produtor. A produção é sobre candidaturas LGBTQIAP+ nas eleições municipais do Rio em 2020.
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“O mais importante foi fazer as pazes comigo mesmo, sabe? E esse projeto está em um lugar muito especial no meu coração porque durante toda a minha carreira, no alto do meu privilégio, esse privilégio que tem um homem cis, branco, classe média etc., eu sempre tive no meu coração uma vontade de falar sobre isso, de colocar essa questão. Eu nunca tive uma referência, por exemplo. Nunca tive um ator legal que pudesse me inspirar nesse lugar. Sempre foi um lugar de muita solidão”, começou ele.
Em seguida, o ator afirmou que precisava usar a arte para informar as pessoas sobre isso. “Então, eu tinha essa culpa, essa dívida com a comunidade. É muito interessante e muito importante, claro, o posicionamento, as redes sociais, internet etc., mas acho que a gente realmente toca as pessoas através da arte. Através da arte a gente acessa o coração de cada um ali e que a gente consegue fazer essa transformação. Então, queria muito falar sobre isso através da minha arte, seja como ator, como produtor”.
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Marco também comentou sobre o seu relacionamento com o diretor italiano Marco Calvani. “Quando eu o conheci, ele falou: ‘Eu me chamo Marco’. E eu falei: ‘Putz… Isso não vai dar certo, não dá’. Foi uma surpresa, mas… É o padrão, né? São dois homens brancos, bonitos, que podem ter uma casinha… Isso a gente até aceita, né? Meu processo foi muito diferente. Eu criei esse termo que é o ‘privilégio do armário’. Eu vivi no armário muito tempo”, disse ele.
DIFICULDADES
Marco Pigossi ainda afirmou que como ele não sofria nenhum tipo de preconceito, era confortável viver “dentro do armário”.
“Eu nunca vou conseguir sentir o que a Erika Hilton (deputada trans) sentiu. Cada um tem o seu processo nesse lugar. Sempre usufruí desse ‘privilégio do armário’, as pessoas não sabiam. Me descobri gay muito cedo e veio uma fama muito grande para mim também, né? Eu era conhecido, mas tinha o peso da coisa do armário. E tinha a coisa do galã. Então, sair do armário, para mim, não era para minha mãe e para os meus amigos. Era para milhões e milhões de pessoas. Isso tomou uma proporção tão grande… E me escondi dentro desse privilégio, dentro desse armário, por muitos anos porque eu não tinha condição, tinha muito pânico de qualquer coisa acontecer. E isso envolve a minha carreira também. Não é que ‘ai, vou sair do armário mas ali no meu escritório de advocacia ninguém sabe’, entende? Era uma coisa que era nacional”.
Pigossi também revelou que tinha muito medo de que isso pudesse prejudicar sua carreira. “Uma frase muito replicada na época era que se as pessoas sabem que você é gay, elas não vão acreditar nos seus personagens, se eles se apaixonarem por uma mulher. As pessoas vão ver em casa e vão falar: ‘Ah, ele gosta de homem, não acredito nisso’. Isso era o que era falado, o que era exposto. Então, para mim teve esse processo. Não era uma questão pequena dentro da família e dos amigos. Era tudo: o meu trabalho, sair do armário nacionalmente. Demorou muito para eu me sentir forte o suficiente para colocar isso”.
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