Bomba em patinete mata comandante russo e causa reações no conflito com a Ucrânia
Por Flavia Cirino - 17/12/24 às 08:26
O comandante da divisão de armas químicas do Exército russo, general Igor Kirilov, morreu nesta terça-feira, 17 de dezembro. O óbito ocorreu em uma explosão atribuída ao Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU). Havia uma bomba escondida em uma scooter elétrica.
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De acordo com o Comitê de Investigação da Rússia, o militar e um auxiliar morreram na detonação da bomba. Ele era responsável pelas forças de defesa radiológica, química e biológica do país. O ocorrido chamou atenção pelo uso incomum de um patinete elétrico como suposto meio para a explosão.
“Um artefato explosivo colocado em um patinete estacionado perto da entrada de um imóvel residencial foi ativado na madrugada de 17 de dezembro”, informou o Comitê em comunicado oficial. A explosão aconteceu na zona sudeste de Moscou, deixando danos visíveis na entrada do edifício, com janelas quebradas e apartamentos afetados.
Maior oficial morto desde o início do conflito
Kirilov se torna o oficial militar russo de maior escalão a ser morto desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Ele ocupava o comando das forças de defesa química desde 2017. O general foi um dos nomes sancionados pelo Reino Unido em outubro, sob acusações de uso de armas químicas proibidas no conflito.
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Horas após o incidente, uma fonte do SBU assumiu a responsabilidade pela operação em declaração à agência AFP. “O atentado a bomba contra o tenente-general Igor Kirilov foi uma operação especial do SBU”, afirmou a fonte ucraniana. Destacou-se também o general como um “alvo legítimo” devido às ações atribuídas a ele no campo de batalha.
Danos e investigação sobre a bomba
As imagens divulgadas do local da explosão mostram que a entrada do prédio sofreu danos consideráveis, enquanto o patinete, incrivelmente, permaneceu relativamente intacto. O Comitê de Investigação abriu um inquérito criminal para apurar os detalhes do atentado. Peritos trabalham no local para identificar “todas as circunstâncias” do crime.
De acordo com o jornal russo Kommersant, Kirilov tinha um papel central na comunicação sobre os alegados laboratórios de armas biológicas ucranianos. Segundo a publicação, o general participava ativamente de sessões informativas, reforçando as acusações do Kremlin contra os Estados Unidos.
Reação da diplomacia russa
A morte do general gerou forte reação sobretudo entre as lideranças russas. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, lamentou a perda no Telegram: “Um general corajoso que nunca se escondeu atrás de seus homens. Lutou pela pátria mãe e pela verdade”.
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Konstantin Kosachev, vice-presidente do Conselho da Federação (Câmara Alta do Parlamento russo), também se manifestou, prometendo acima de tudo punição severa aos responsáveis: “os assassinos serão punidos, sem piedade”.
Acusações de uso de armas químicas
O uso de armas químicas é uma das questões centrais na disputa entre Rússia e Ucrânia. O Reino Unido e os Estados Unidos acusam Moscou de utilizar agentes tóxicos, como o cloropicrina, contra as tropas ucranianas – uma violação clara da Convenção sobre Armas Químicas. Moscou nega as acusações, alegando não possuir mais arsenais químicos, mas enfrenta pressão internacional por mais transparência.
Em junho, a Ucrânia acusou a Rússia de intensificar os ataques químicos na linha de frente. Em novembro, registraram-se mais de 700 casos de uso de produtos proibidos, de acordo com autoridades ucranianas.
Contexto da guerra
O assassinato de Kirilov ocorreu um dia após o presidente Vladimir Putin elogiar os avanços russos na linha de frente, classificando o ano como “crucial”. O Exército russo tem acelerado sua ofensiva no leste ucraniano, registrando o ritmo mais rápido de avanços desde o início da guerra.
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Enquanto isso, Ucrânia e Rússia buscam fortalecer suas posições no campo de batalha antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu encerrar o conflito.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino