‘Era feminista sem ser’, diz Astrid Fontenelle sobre Rita Lee

Por - 11/05/23 às 00:30

Astrid Fontenelle no GNTFoto: Reprodução/GNT

Rita Lee foi tema do “Saia Justa”, GNT, na noite desta quarta-feira, 10 de maio. Gabriela Prioli, Bela Gil, Larissa Luz e Astrid Fontenelle receberamv a jornalista da GloboNews Aline Midlej.

Elas falaram a respeito da carreira da estrela, que nos deixou na noite da segunda-feira, 8 de maio. O papo foi ainda mais importante, porque a intérprete de “Mania de Você” foi apresentadora da roda de conversa nos dois primeiros anos que o “Saia” foi ao ar.

Leia+: Rita Lee recebe homenagens de cartunistas e ganha exposição

Até a militância política da cantora, que nunca foi tão explícita, virou assunto. Vítima da Ditadura Militar, ela foi uma das maiores defensoras da liberdade de expressão e das diferentes formas de ser. Ainda assim, não levantou bandeiras.

“Ela sempre foi muito fiel aos desejos dela. Nos dias de hoje, é muito difícil a gente ser fiel aos nossos desejos”, afirmou Bela.

Leia+: Autobiografia de Rita Lee vai virar filme. Saiba mais!

A jornalista da GloboNews lembrou como a artista colaborou para a construção da sexualidade dela mesmo. Algumas músicas, como “Amor e Sexo”, a fizeram repensar seu próprio feminismo.

“A Rita foi me ajudando a construir a minha força feminina e as minhas liberdades femininas, porque as músicas foram ganhando novos significados com a minha maturidade”, completou.

Leia+: Serginho Groisman consola Beto Lee em velório

Astrid Fontenelle deu continuidade à discussão: “Um jeito que eu gosto muito que é o ‘feminista sem ser'”.

Gabriela Prioli seguiu a deixa da apresentadora: “É uma rejeição de cartilha. A minha admiração está nesse lugar, de uma absoluta liberdade, absoluta independência”.

A MORTE

Rita Lee faleceu em sua casa, em São Paulo. A cantora e compositora recentemente esteve internada no Hospital Albert Einstein onde realizou exames periódicos para controlar um câncer de pulmão em remissão descoberto em maio de 2021. A notícia do falecimento da artista foi confirmada pela família, em um post.

“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou.”

O corpo da eterna rainha do rock brasileiro será cremado, a pedido dela. O velório será aberto ao público no Planetário do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, na quarta-feira, 10 de maio, das 10 às 17 horas. A cremação será fechada à família e amigos mais próximos.

OS MUTANTES

Rita Lee iniciou a carreira profissional na década de 1960. Naquela época, ela já havia se juntado a Arnaldo Baptista e Sérgio Dias para cantar, porém, o trio ainda não tinha um nome forte para se apresentar na TV Record, hoje, Record TV, após um convite feito por Ronnie Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, que os chamou para um jantar em sua casa para conhecê-los melhor.

“Papo vai, papo vem, e Ronnie levantava a sugestão de um nome mais contundente para o trio. Os Bruxos era, digamos assim, pobrinho demais. Ele nos mostrou um livro que estava lendo “O Império dos Mutantes”, explicando que era seres de outro planeta que se transformavam em infinitas formas de vida a título de conquista a Terra. Plin! Benção, painho”, contou Rita, em sua autobiografia, sobre a origem da banda que com ela durou de 1966 a 1972.

Em 1968, o trio assinou um contrato com a gravadora Polydor e assim lançaram seu primeiro disco. As faixas que se destacaram foram “Senhor F”, “Panis et Circenses”, música composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para Os Mutantes e “Trem Fantasma”. O LP vendeu menos de 10 mil cópias, mas adquiriu status lendário ao longo dos anos.

Naquele mesmo ano, Os Mutantes participaram do III Festival Internacional da Canção, da Rede Globo. O episódio mais emblemático aconteceu no momento em que a banda acompanhou Caetano Veloso na final paulista do festival, realizado no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, cantando “É Proibido Proibir”. A música foi mal recebida. Além das vaias, o público atirou ovos, tomates, pedaços de madeira e tudo que tinha contra o cantor. Nesse instante, Os Mutantes viram as costas para a plateia, mas não pararam de tocar. Enfurecido, Caetano fez um discurso inflamado e depois se retirou do festival.

Em março de 1970, a banda lançou a canção “Ando Meio Desligado”. A música foi considerada um marco na carreira do grupo, que naquela época, procura se distanciar do tropicalismo e querendo flertar mais com o rock. No ano seguinte, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.

Em sua autobiografia, Rita contou que foi colocada para fora da banda em 1972. “A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como instrumentista”, teria dito Arnaldo. “Um escarrada na casa seria menos humilhante”, disse Rita no livro.

TUTTI FRUTTI

Já conhecida nacionalmente, Rita passou a fazer parte de outra banda, a Tutti Frutti, que durou de 1973 a 1978. Em 1975, o grupo lançou o álbum “Fruto Proibido”. Nele, contém as músicas de sucesso “Ovelha Negra”, “Agora Só Falta Você”, entre outras. O disco se tornou um clássico do rock brasileiro, vendendo mais de 200 mil cópias na época, dando a Rita o título de “Rainha do Rock Brasileiro”. Além de Rita, formavam a banda Luis Sérgio Carlini, Lee Marcucci, Lúcia Turnbull, entre outros músicos. Em cinco anos de existência, a Tutti Fritti ainda lançou os sucessos “Jardins da Babilônia”, “Eu e Meu Gato”, “Miss Brasil 2000”, “Esse Tal de Roque Enrow”, entre outras.

RITA E ROBERTO

Ney Matogrosso foi o cupido da parceria musical e do casamento duradouro de Rita e Roberto de Carvalho. Eles se casaram em 1976 e dois anos depois começaram a se apresentar juntos. Com Roberto, Rita teve três filhos: o cantor, compositor e guitarrista Beto Lee, atualmente integrante dos Titãs, além de João e Antônio, todos nascidos nos anos 1970.

Em 1979, Rita e Roberto entraram em uma fase mais pop. Os dois eram figurinhas carimbadas na Rede Globo. Rita no vocal e Roberto na guitarra. O primeiro trabalho em disco da dupla Lee/Carvalho foi o álbum “Rita Lee”, mais conhecido por “Mania de Você”, com os hits fenomenais “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”.

Rita e Roberto pareceriam uma máquina de fazer sucesso, isso porque na sequência viveram outras dezenas de músicas que consagraram Rita na carreira solo. Exemplos? “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Nem Luxo Nem Lixo”, “Saúde”, “Banho de Espuma”, “Cor de Rosa Choque”, “Barata Tonta”,  Desculpe o Auê”, “Vírus do Amor”, “Perto do Fogo”, e tantas outras.

Em 1991, Rita separou-se temporariamente de Roberto de Carvalho. Após reatarem, a cantora surpreendeu o público ao revelar que os dois haviam voltado, porém, viviam naquele momento em casas separadas. Um absurdo para a época. Em entrevista à Marília Gabriela, Rita falou sobre o assunto. “Moramos em casas separadas desde que Roberto parou de se drogar e eu continuei.”

REGINA CASÉ

Siga OFuxico no Google News e receba alertas das principais notícias sobre famosos, novelas, séries, entretenimento e mais!

Tags:

Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.