Morre ex-governador Fleury Filho, alvo de polêmica por conta do ‘Massacre do Carandiru’

Por - 16/11/22 às 08:50

Luiz Antônio Fleury de terno cinza, sorrindoFleury governou o estado de São Paulo entre 1991 e 1994 - Foto: Educação/SP

Luiz Antônio Fleury Filho, que foi governador de São Paulo entre 1991 e 1994, morreu na terça-feira, 15 de novembro, aos 73 anos. Ele estava em casa, com familiares, na capital paulistana. Ex-deputado, promotor de Justiça e professor, ele era filiado ao MDB-SP, e membro da Executiva Estadual.

O partido, confirmou a informação nas redes sociais: “Lamentamos a morte de Luiz Antônio Fleury Filho, que foi governador de São Paulo entre 1991 e 1994. Foi deputado, promotor de Justiça e professor. Filiado ao MDB-SP, ele era membro da Executiva Estadual. Nossas condolências a familiares e amigos”, diz a nota assinada pelo presidente nacional da sigla, Baleia Rossi.

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), deu destaque para o fato de os dois serem da região de São José do Rio Preto, no interior paulista. “Da região de Rio Preto, assim como eu, sempre valorizou a força do interior.”

O ex-governador de São Paulo João Doria, que desistiu de se candidatar à presidência do Brasil no início do ano, lamentou a morte de Fleury Filho. “Tivemos sempre uma relação respeitosa e republicana.”

Ciro Gomes, governador do Ceará na mesma época em que ele comandava São Paulo, lembrou de uma cooperação entre os dois Estados. “No episódio do sequestro de Dom Aloísio Lorscheider, Fleury nos ajudou enviando uma equipe da polícia de SP especializada em libertação de reféns.”

Edinho Araújo, prefeito de São José do Rio Preto, cidade onde nasceu o ex-governador, decretou luto oficial de três dias. “Fui deputado estadual quando ele governou SP (91-94) e vi seu trabalho e dedicação a região de Rio Preto, sua terra natal, como a luta pela estadualização da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).”

MASSACRE DO CARANDIRU

Em outubro de 1992, Fleury Filho era governador quando ocorreu o “Massacre do Carandiru”, em outubro de 1992. Por telefone, o então governador teria autorizado a entrada da Polícia Militar entrou no Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru pouco depois do início de uma rebelião de presos. Segundo Fleury Filho, a informação era a de que alguns presos haviam morrido, após uma briga entre os próprios detentos.

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A ação policial resultou na morte de 111 presos. Em depoimento no Júri Popular sobre o caso, em 2013, o ex-governador disse não ter dado a ordem para a invasão policial ao presídio. Ele garantiu que, se estivesse em São Paulo naquele dia, teria dado a autorização.

“Não dei ordem para a entrada. Mas a entrada foi absolutamente necessária e legítima. Se estivesse no meu gabinete, teria dado a autorização para a invasão da polícia]. A polícia não pode se omitir”, disse ele, durante o depoimento.

“Era véspera de eleição municipal e estava em Sorocaba, porque sabíamos que em São Paulo não tinha possibilidade de o meu candidato se eleger prefeito”, declarou ele na época.

Ainda no depoimento, Fleuri assumiu a responsabilidade política pelo episódio, mas negou qualquer outra: “A responsabilidade política do episódio é minha. A criminal cabe ao tribunal responder”.

Os 74 PMs envolvidos no caso foram condenados a 624 anos de prisão, mas recursos judiciais impediram que eles fossem presos até o momento.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino