Morre o escritor Milan Kundera, autor de ‘A Insustentável Leveza do Ser’
Por Flavia Cirino - 12/07/23 às 07:44
A TV estatal da República Tcheca noticiou nesta quarta-feira, 12 de julho, a morte do escritor tcheco Milan Kundera, autor do clássico “A Insustentável Leveza do Ser”, de 94 anos. Ele vivia de forma reclusa, não dava entrevistas e evitava se expor na mídia. A causa da morte não foi divulgada até o fechamento desta notícia.
Kundera se exilou na França à época, após ser condenado em seu país natal por criticar a invasão de tropas soviéticas à Tchecoslováquia em 1968, que reprimiu a Primavera de Praga, como ficou conhecido o movimento de democratização feito pelo governo da época.
O autor ganhou o Prêmio Nacional de Literatura de seu país de origem e era elogiado por seu estilo de retratar temas e personagens que flutuavam entre a vida cotidiana e o mundo das ideias.
Seu livro mais famoso, “A Insustentável Leveza do Ser”, publicado originalmente em 1982, é considerado um dos principais romances do século XX. O livro, conta com quatro protagonistas: Tereza, Tomas, Sabina e Franz. Cada um deles experimenta, de certa forma, o “peso insustentável” da vida.
O livro, uma viagem pela história e filosofia, com reflexões profundas sobre as escolhas que fazemos ao longo de nossas trajetórias, é tão intenso que pode mudar sua concepção de mundo e que apenas uma leitura não é o suficiente.
QUEM ERA MILAN KUNDERA
Um dos escritores europeus mais importantes do século XX, cuja vida foi marcada pelas transformações políticas, Milan Kundera nasceu em 1929 em Brno, na República Tcheca (então Tchecoslováquia). Em 1981, ele foi naturalizado francês.
Kundera assistiu à própria queda com a invasão soviética na República Tcheca. Fez parte do Partido Comunista, do qual foi expulso e readmitido um par de vezes.
Perseguido pelo regime comunista implantado após a Segunda Guerra, o autor perdeu seu cargo no Instituto Cinematográfico de Praga e teve seus livros banidos no país.
Mudou-se para a França em 1975, onde foi professor na Universidade de Rennes; em 1979 foi privado da cidadania tcheca. Adotou a nacionalidade francesa em 1981, e nos anos seguintes revisou pessoalmente a tradução integral de sua obra em francês.
Com exceção dos primeiros, a maioria de seus livros foram editados primeiro em francês, idioma em que o autor escrevia desde 1995. “ Escolhi o lugar onde queria viver e também escolhi a língua na qual queria falar”, afirmou Kundera em um texto sobre o exílio.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino