Morre Roberto Duailibi, gênio da publicidade brasileira

O corpo de Roberto Duailibi, um dos nomes mais influentes da publicidade brasileira, está sendo velado neste sábado, 19 de julho, no Cemitério do Morumbi, em São Paulo. O publicitário faleceu na sexta-feira, 18, aos 89 anos. Desde cedo, familiares, colegas de profissão, amigos próximos e ex-alunos se reuniram para prestar as últimas homenagens.

No local, o clima era de emoção e inclusive reconhecimento por uma trajetória marcada pela criatividade, inteligência e contribuições duradouras ao setor. Ruben Duailibi, filho do publicitário, comentou o impacto do pai sobre sua própria escolha profissional.

“Todo mundo virou publicitário na família e eu virei jornalista”, disse, primeiramente. “Tudo é mídia, tudo é imagem… clientes viraram amigos — e isso era a essência da profissão”, completou em seguida.

Além dele, outras figuras da publicidade bem como da cultura estiveram presentes. José Pastore, professor da USP e membro da Academia Paulista de Letras, reforçou a grandeza do legado de Duailibi. De acordo com ele, o colega de academia unia cultura ampla, generosidade pessoal e dedicação ímpar. “Muitas das nossas realizações só aconteceram graças à força e ao empenho dele.”

Fundador da DPZ, Duailibi transformou o mercado

Nascido de pai libanês e mãe brasileira, Roberto se mudou para São Paulo ainda criança. Começou a carreira cedo, ainda nos anos 1950, na Colgate-Palmolive. Mais tarde, trilhou caminhos importantes em grandes agências como JWT, McCann Erickson e Standard Propaganda, onde chegou ao cargo de vice-presidente de criação.

Sua virada de chave, no entanto, veio em 1968. Junto com Francesc Petit, José Zaragoza e Ronald Persichetti, fundou a DPZ, agência que redefiniu os rumos da publicidade no país. A inovação do grupo logo foi reconhecida: em 1969, Roberto foi eleito “Publicitário do Ano” no Prêmio Colunistas.

Luiz Lara, também publicitário, destacou a importância do legado. Para ele, Duailibi marcou um divisor de águas na comunicação nacional. “A publicidade brasileira se divide antes e depois da DPZ”, afirmou. “Ele, ao lado do Petit e do Zaragoza, construiu e posicionou marcas com criatividade, visão e ousadia.”

Intelectual, educador e referência para novas gerações

Além da carreira publicitária, Duailibi também atuou como educador e intelectual. Foi professor na ESPM e na ECA/USP, instituições nas quais influenciou diretamente centenas de profissionais. Também presidiu por dois mandatos a Associação Brasileira das Agências de Publicidade (ABAP), além de integrar o conselho de entidades como a Fundação Bienal de São Paulo.

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Sua paixão pelo ensino e pelo pensamento criativo se refletiu em suas obras. Autor de livros importantes para o setor, entre eles Criatividade & Marketing, onde introduziu o conceito da “régua heurística”, Duailibi ainda publicou Cartas a um Jovem Publicitário e a série Ideias Poderosas, em colaboração com Marina Pechlivanis.

A cerimônia de enterro está marcada para as 16h no mesmo cemitério. Entre lembranças e gratidão, o mercado da comunicação se despede de um mestre cuja visão moldou décadas da publicidade brasileira.