Morre Zé Celso Martinez, aos 86 anos
Por Redação - 06/07/23 às 09:35
(Atualizada às 10h25)
Morreu na manhã desta quinta-feira, 06 de julho, o ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez, aos 86 anos. Ele teve 60% do corpo queimado em um incêndio ocorrido na terça-feira, 04 de julho, em seu apartamento, em São Paulo.
Ele estava internado e entubado na UTI do Hospital das Clínicas. Além do corpo queimado, ele respirou muita fumaça e, segundo os médicos que o acompanhavam, seria muito difícil sua recuperação.
Ainda não há informações sobre o velório do dramaturgo.
A morte de Zé Celso foi confirmada pela página do Instagram do Teatro Oficina: “‘Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo.’ Nossa fênix acaba de partir pra morada do sol. Amor de muito. Amor sempre.”
Além de Celso, outras três pessoas estavam no apartamento: Marcelo Drummond, marido de Zé Celso, Ricardo Bittencourt e Victor Rosa, além do cachorro, Nagô.
Os três artistas inalaram apenas fumaça e foram socorridos pelos bombeiros, encaminhados para uma UPA e estão em estáveis. O cão, Nagô, já foi liberado de sua internação em uma clínica veterinária. Somente Zé Celso estava em estado gravíssimo.
Zé Celso e Marcelo Drummond se casaram recentemente, no dia 06 de junho de 2023, após 37 anos de união.
TRAJETÓRIA
José Celso Martinez Corrêa foi um dos nomes mais importantes do teatro e de suas mudanças. Fundou e dirigiu o Teatro Oficina, no bairro do Bixiga, em São Paulo, reconhecido pelo jornal britânico The Gardian como “o teatro mais bonito e imenso do mundo”. O local foi tombado como patrimônio cultural no ano de 1982.
Ele nasceu na cidade de Araraquara, interior de São Paulo. O Teatro Oficina, primeiramente, era formado por estudantes de Direito do Largo São Francisco. Ali ele teve seus primeiros textos encenados: “Vento Forte para Papagaio Subir” (1958) e “A Incubadeira” (1959).
Zé Celso se profissionalizou junto com o Oficina, no começo da década de 1960. Neste mesmo tempo, a sede do grupo se transferiu para o teatro da Rua Jaceguai. “Pequenos Burgueses” (1963, de de Máximo Gorki, foi dirigido por ele no local. A peça foi sucesso ímpae e trouxe ao dramaturgo vários prêmios.
O Oficina rompeu com a forma passiva e convencional como o teatro era apresentado, fazendo a plateia ser inteirada ao espetáculo e à criação de cenas.
Um incêndio tomou conta do Oficina e, em 1967, na nova fase da casa, foi encenado “O Rei da Vela”, baseado no texto de Oswald de Andrade do ano de 1930. Neste tempo, foram reformuladas a postura estética das esquerdas, propondo uma montagem paródica e violenta, retomando gêneros nacionais como a revista musical, a comédia de costumes e os musicais da Atlântida.
Formou-se então o teatro antropofágico, um dos pilares do movimento tropicalista, com a batuta de Zé Celso, que em 1974 enfrentou a repressão, a crise e foi preso, tornando-se um exilado em Portugal, onde fez o longa “O Parto”, por conta da Revolução dos Cravos. No ano seguinte, em Moçambique, filmou toda a fase de independência do país.
Seu retorno a São Paulo aconteceu no ano de 1978 e retomou o trabalho à frente do Oficina, que agora tem o nome de UzynaUzona.
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