Pedro Bial revela “relação de marido e mulher” com Glória Maria e detalha brigas
Por Redação - 02/02/23 às 14:15
Pedro Bial é uma das pessoas que mais está sofrendo com a morte de sua grande amiga e parceira de trabalho Glória Maria. Em uma entrevista ao GloboNews nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, o jornalista relembrou a época em que os dois apresentavam o programa ‘Fantástico’, da TV Globo.
Segundo Bial, os dois viviam uma espécie de casamento: “Era uma branda implicância mútua. Trabalhando junto, a gente brigava como marido e mulher”.
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Sempre com muito carinho, Bial e Glória se irritavam nos pequenos detalhes, como a temperatura de uma sala ou nos horários de trabalho.
“Eu sou um pontual obsessivo e chego antes da hora e Gloria era uma “atrasilda” compulsiva. Não tinha jeito”, afirmou ele que seguiu desabafando. “Estúdio de televisão eu queria o mais gelado possível e ela queria quente. Era uma relação de marido e mulher com todo o amor envolvido”, disse.
Para finalizar, o ex-apresentador do BBB contou como foi lidar com a notícia da morte: “Hoje foi muito difícil sair de casa e pensei: o que ela quer de mim? Que eu vá fazer essa cobertura, fazer da morte algo tão significativo como a vida ela”.
MELHORES MOMENTOS DE GLÓRIA MARIA
Glória Maria infelizmente deixou esse mundo na manhã desta quinta-feira, 2 de janeiro, após lutar contra um câncer de pulmão. Porém, a jornalista fez história no mundo da comunicação e entretenimento do Brasil e deixou um legado que para sempre será lembrado.
Glória já passou por tudo que vocês possam imaginar nas telinhas da TV Globo, onde trabalhou a maior parte de sua vida, e OFuxico reuniu os melhores momentos da lenda do jornalismo.
ENTREVISTA COM FREDDIE MERCURY
Em 1985, Glória Maria teve o prazer de entrevistar um dos maiores artistas que esse mundo já viu: Freddie Mercury. A jornalista conseguiu um espaço na agenda do cantor, que veio ao Brasil na época para se apresentar na estreia do Rock in Rio, e fez algumas perguntas para o músico.
No papo, Glória questiona se a música “I Want To Break Free” é dedicada à comunidade gay, e Freddie responde: “Não, absolutamente não. Esta música foi escrita por John Deacon, que é bem casado e tem uns quatro filhos. Ela fala de todos nós, de alguém que leva uma vida muito dura e só quer se libertar dos problemas que enfrenta”.
A cena ficou marcada na história da carreira da comunicadora, já que os telespectadores adoraram a dinâmica entre ela e Freddie, dizendo que “o cantor tratou ela com muito carinho e cuidado”.
A FRASE DE MICHAEL JACKSON
E se entrevistar Freddie Mercury não foi o suficiente, Glória Maria conseguiu o impossível em 1996 e tirou algumas palavras de Michael Jackson em um papo para o ‘Fantástico’, da TV Globo, quando o cantor veio gravar um clipe no Brasil.
“É claro que o Michael Jackson não dá entrevistas porque ele precisa manter a imagem de um mito. Mas a gente pediu, pediu, e ele aceitou dizer uma palavra para os brasileiros”, contou.
“Michael, tell something to the Brazilian people [diga alguma coisa para os brasileiros]”, perguntou a jornalista. “I love you, Brazil”, respondeu o Rei do Pop, se inclinando para dar um beijo na bochecha de Glória.
Anos depois, Glória Maria falou sobre como esse momento mudou toda sua carreira: “Depois da entrevista, ele me chamou e ficou sentado no chão do barraco comigo, do meu lado. Todo mundo dizia que ele tinha nojo de tudo. E eu era um micróbio. Estava toda suada, imunda, subi o Dona Marta a pé“.
“Eu fiquei apaixonada por ele. Dizia que ele queria ficar branco, e eu vi que o corpo dele era todo tomado pelo vitiligo. Então, era mesmo mais fácil ele clarear as outras partes do corpo. Ele ficou mais curioso com a minha história do que eu com a vida dele. Foi uma sinergia. Ele se reconheceu em mim. Com certeza foi a maior experiência profissional que eu tive”, finalizou.
GANJA SAGRADA
Glória pode até ter uma lista infinita de feitos incríveis para o jornalismo, mas nada vai superar o meme que ela se tornou em 2016 após fumar maconha em uma viagem à Jamaica para uma reportagem do “Globo Repórter“.
A apresentadora estava fazendo uma verdadeira mostra sobre a cultura e tradições do país caribenho, local onde a maconha é permitida para fins religiosos.
Ao visitar uam tribo rastafári, Glória foi convidada para participar de um ritual. “Eles estão querendo que eu prove isso também. Eu não sei fazer essa oração, mas eles querem que eu tente. Recusar nem pensar, seria um desrespeito à tradição”, disse na reportagem.
Depois de dar um trago no cachimbo, Glória descreveu a sensação: “No primeiro momento, fiquei totalmente tonta. Para quem não está acostumado, é preciso tempo para entender”.
Em março de 2022, a jornalista relembrou o momento: “Eu sabia que era a coisa jamaicana, que todo mundo sabe… Quer dizer, era só uma questão de eu traduzir pro português, o intérprete não ia saber. Talvez eu tenha enganado o intérprete. Mas Jamaica é Jamaica, né?”.
Ela também comentou sobre a cena em entrevista ao programa “Roda Viva”, em 2022. “Foram três meses de negociação para entrar lá. Um dos regulamentos era: na entrada, fazer uma oração. A gente assinou um monte de papel. Na saída, tinha que fazer outra oração. Só que a gente não leu tudo, e estava lá: ‘Tem que fumar a ganja sagrada’. Ganja sagrada, vamos fumar. Só que eu não sabia o que era a ganja sagrada”.
Ela também falou sobre a situação em entrevista ao programa “Roda Viva” em 2022. “Foram três meses de negociação para entrar lá. Um dos regulamentos era: na entrada, fazer uma oração. A gente assinou um monte de papel. Na saída, tinha que fazer outra oração. Só que a gente não leu tudo, e estava lá: ‘Tem que fumar a ganja sagrada’. Ganja sagrada, vamos fumar. Só que eu não sabia o que era a ganja sagrada”, afirmou.
MORTE
Morreu na manhã desta quinta-feira (2), sem nunca ter revelado a idade, a jornalista, repórter e apresentadora Glória Maria. A notícia do falecimento foi dada pela Globonews. Glória tratava de um câncer de pulmão. Em novembro de 2019, ela viria também a descobrir um tumor no cérebro, após sofrer um acidente doméstico. Glória Maria foi internada no dia 4 de janeiro para dar continuidade no tratamento, e na ocasião, a alta estava prevista para o dia 6 do mesmo mês. Na época, a Globo não informou o hospital ou clínica onde a jornalista estava internada.
Ela estava internada no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro.
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Conhecida especialmente pelas centenas de viagens que fez pelo mundo recheando o “Fantástico” e “Globo Repórter” com excelentes reportagens, Glória Maria era o mais puro sinônimo competência, pois era pautada naturalmente pela curiosidade de saber e aprender. “O mais extraordinário é a possibilidade que o jornalismo te dá de aprender. É uma profissão em que você tem contato direto com todo tipo de emoção”, disse ela, em relato ao site Memória Globo.
Glória Maria Matta da Silva nasceu em 15 de agosto no Rio de Janeiro. Ao longo dos últimos anos, Glória sustentou uma brincadeira sobre não revelar a idade, afinal, na época em que tudo isso começou, ela já tinha 40 anos de carreira. Em 2016, em uma entrevista para a coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, a jornalista falou sobre o segredo dizendo que nunca pretenderia revelar.
‘Eu viajo o tempo todo. Aonde vou preciso mostrar minha identidade. Não tenho como esconder a idade. Todo mundo sabe, não existe mistério. Mas isso virou um folclore. Todos ficam intrigados porque tenho quase 40 anos de jornalismo. Três ou quatro gerações já me viram na TV. Então, pensam: ‘Essa mulher tem 200 anos’. O que vou fazer? Quando falo, ninguém acredita. Então, melhor não falar. Não vou tirar a ilusão de um país inteiro. As pessoas querem viver disso, vamos deixar, né?”, comentou.
E ainda brincou. “Isso vai me acompanhar até a morte. Nem quando morrer vou deixar falarem a minha idade, nem no Jornal Nacional”, afirmou. “Eu tenho uma regra: quando fizerem meu obituário no JN, a única coisa que não pode ter é a idade. Eu fiz todo mundo se comprometer comigo. Se, depois de morta, eles botarem a minha idade, puxo a perna de todo mundo”, acrescentou.
Início da carreira
Glória Maria foi filha de um alfaiate com uma dona de casa. Durante a infância, estudou em colégios públicos. Formou-se em Jornalismo Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). Naquela época, ela conciliava os estudos com o trabalho de telefonista na Embratel. Em 1970, por um incentivo de uma amiga, foi levada pela colega para ser rádio-escuta da Globo do Rio. Um ano depois, em 1971, já estava contratada.
Naquele ano, estreou como repórter na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”, contou ela.
Na emissora de Roberto Marinho passou pelo “Jornal Hoje”, “Bom Dia Rio” e no “RJTV”. No “Jornal Nacional”, foi a primeira repórter a aparecer ao vivo. Em 1986, entrou para o time do “Fantástico”, do qual foi apresentadora de 1998 a 2007. Na atração dominical viajou por mais de 100 países, passando pela Europa, África e parte do Oriente, quando mostrou um mundo de novas descobertas ao telespectador de casa.
Após 10 anos no “Fantástico”, Glória Maria tirou dois anos de licença, um período sabático como ela mesma disse, para se dedicar a projetos pessoais. Nessa época, ela viajou para a Índia e a Nigéria, onde trabalhou como voluntária. De volta ao Brasil, adotou as filhas, Maria e Laura. Em 2010, já de volta à emissora, pediu para retomar o trabalho no Globo Repórter, onde seguiu realizando suas andanças pelos lugares mais diferentes do mundo.
Matéria especiais
Glória Maria ainda nos deixa entrevistas com grandes celebridades: Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio, Madonna, entre outros nomes. Também ao Memória Globo, Glória recordou como foi entrevistar a Rainha do Pop.
“Eu saí daqui e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”. A jornalista contou que tinha apenas quatro minutos de conversa com a cantora e, em pânico, falou. “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa e sorte, a cantora virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar”.
Em 52 anos de carreira Glória Maria fez de tudo: Cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e no Brasil, durante o período militar, entrevistou chefes de estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo, cobriu a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
Em 2010, esteve no Grand Canyon, nos Estados Unidos, quando andou de balão e desceu de bote o rio Colorado. Foi à China, experimentou maconha na Jamaica (e virou meme), apresentou ainda o especial de Roberto Carlos na Praia de Copacabana, andou em camelos por diversos desertos. Sem contar as passagens que teve no Vietnã, Reino Unido, Suécia, Lapônia, Marrocos.
Em 2019, contou à Tatá Werneck ter 15 passaportes, todos eles carimbados. “Cada um nasceu para uma coisa e eu nasci para estar no mundo. “As minhas filhas dizem: ‘Mamãe, você não mora aqui. Você mora no avião’. Eu moro em casa, mas gosto do mundo. Eu gosto de viver no mundo, perdi a conta dos passaportes, devo ter uns 15 e já fui em 156 países”, contou a jornalista.
Em dezembro de 2021, Glória concedeu entrevista à revista GE onde falou sobre casamento. A repórter que ao longo da vida viveu diversos romances, muitos deles com homens estrangeiros, afirmou ser uma “mulher louca, rebelde, que não aceita viver sem liberdade”, chegando a mencionar que nunca foi ensinada a se casar em sua família, mas sim a fazer as próprias escolhas. “Ninguém me educou para casar e ter um marido. Minha família me educou para ser livre. Você não pode permitir que te coloquem correntes”, acrescentou a apresentadora.
Na ocasião, ela ainda falou sobre o câncer no cérebro. “Depois do tumor no cérebro, eu não vivo mais de sonhos. Eu vivo de realidade. Tenho muita coisa para realizar. Ganhei mais um ‘prazo de validade’. E estou aproveitando de todas as maneiras”, garantiu ela. “Eu tinha 30% de sobreviver, 20 de viver sem sequela. É minha vida, é a minha história. É intransferível. Ninguém pode viver por mim. E eu enfrento da maneira que ela se apresenta”.
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