Poeta Antonio Cícero, irmão de Marina Lima, morre aos 79 anos

O poeta e letrista Antonio Cicero morreu nesta quarta-feira, aos 79 anos, em Zurique, na Suíça. A informação foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), instituição da qual ele era membro desde 2017.

Nos últimos anos, o escritor lutou contra o Alzheimer e passou por várias internações. Acompanhado pelo parceiro Marcelo Fies, Cicero optou por realizar um procedimento de suicídio assistido, legalmente autorizado no país.

Cicero marcou a cultura brasileira tanto na música quanto na poesia. Irmão da cantora Marina Lima, ele colaborou com letras de sucessos como “Fullgás”, “Charme do Mundo” e “Pra Começar”.

Na década de 1980, suas composições conquistaram as pistas de dança, incluindo parcerias como “À Francesa”, com Claudio Zoli, e “O Último Romântico”, com Lulu Santos e Sérgio Souza. Poemas como “Maresia”, interpretado por Adriana Calcanhotto, também ampliaram sua presença na música nacional.

As influências filosóficas de Antonio Cícero

Com uma trajetória marcada por estudos em filosofia, Cicero estudou em instituições renomadas, como a Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, e também viveu no exílio durante a ditadura militar.

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Seus poemas refletiram um encontro entre a tradição clássica e a modernidade, influenciado por autores como Waly Salomão, seu amigo e parceiro em algumas publicações. Entre seus poemas mais conhecidos está “Guardar”, da coletânea de 1996.

Além de sua atuação como colunista na Folha entre 2007 e 2010, Antonio Cicero publicou livros de poesia como “A Cidade e os Livros” e “Porventura”. Em sua obra ensaística, destacou-se com “Finalidades sem Fim”, indicado ao Prêmio Jabuti.

A Companhia das Letras anunciou o lançamento de seu último livro, “O Eterno Agora”, previsto para 2025. Ao longo da carreira, Cicero também gravou álbuns de poesia e lecionou filosofia e lógica em universidades.

Última mensagem e escolha consciente

Em carta deixada aos amigos, Antonio Cicero falou sobre sua decisão de realizar o procedimento de suicídio assistido:
“Como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.”