Saiba para quem fica a herança milionária de Nélida Piñon
Por Flavia Cirino - 21/12/22 às 23:07 - Última Atualização: 22 dezembro 2022
A escritora Nélida Piñon morreu aos 85 anos no último dia 17 de Dezembro e surpreendeu ao deixar registrado para quem queria que fosse destinada a sua herança milionária.
Em testamento, a falecida presidente da Academia Brasileira de Letras declarou que os quatro apartamentos que estão em seu nome, em um mesmo edifício de luxo à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro, não podem ser vendidos enquanto “as meninas” estiverem vivas.
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Ela se referia às suas cachorrinhas pinscher Suzy, de 13 anos, e à chihuahua Pilara, de 3: “É a casa delas, propriedade delas”, disse Karla Vasconcelos, acompanhante e responsável por Nélida.
Enquanto esteve no hospital CUF Descobertas, em Lisboa, a escritora pediu para que as pets a visitassem. O pedido foi aceito, horas antes do falecimento, em virtude de complicações de uma cirurgia na vesícula.
“Foi uma despedida linda. Tinha que ver a cara dela quando viu as meninas em cima da cama, botando a patinha em cima do lençol, fazendo festinha”, disse Kátia.
O pedido inusitado pode ser encarado com espanto, mas não para que convivia com a escritora. Nélida tinha suas cachorras como fieis escudeiras.
CACHORRAS COM TRATAMENTO MAIS DO QUE VIP
Sem herdeiros ou parentes próximos, Nélida quis garantir que Suzy e Pilara sigam com seu padrão de vida mesmo após a sua morte. As duas são registradas com o sobrenome da família, Piñon, e Pilara tem passaporte europeu.
Elas fazem check-up completo a cada seis meses e têm privilégios quando o assunto é alimentação: comem queijo manchego (espanhol), anchovas e foie gras.
Karla foi oficializada como a tutora das cachorras, e herdeira (entre os seres humanos) do patrimônio e da obra de Nélida, de quem era amiga e assessora pessoal há 25 anos.
TESTAMENTO ATUALIZADO EM 2018
Precavida, a escritora atualizou seu testamento em 2018, quando estava mal por conta da morte de Gravetinho, um pinscher de 11 anos que sucumbiu à pneumonia e a deixou à beira de uma depressão.
Nélida fazia uma viagem de carro com Karla quando se tocou que Suzy, a viúva do finado Gravetinho (Pilara ainda não existia), ficaria órfã se as duas morressem juntas num acidente, por exemplo. Por conta disso, as duas amigas não viajavam no mesmo avião.
“Ela então chamou o advogado e incluiu no testamento uma terceira pessoa, desde então nomeada para ser a mãe das meninas quando nós duas morrermos”, contou Karla, sem revelar quem é essa pessoa. “Mas é alguém que sabe o que a Suzy e a Pilara representavam para a Nélida”, concluiu.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino