Silvio Tendler morre aos 75 anos e deixa legado único no cinema brasileiro

Por - 05/09/2025 - 11:57

Morre o cineasta Silvio TendlerSilvio Tendler era um dos principais documentaristas do Brasil - Foto: Divulgação

O cineasta Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas do país, morreu nesta sexta-feira (5), aos 75 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, e faleceu em decorrência de infecção generalizada. A filha, Ana Rosa Tendler, confirmou a morte.

Reveja momento de Letícia Sabatella e Silvio Tendler

Reconhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos”, Tendler construiu uma trajetória voltada principalmente ao resgate da memória histórica brasileira. Assim sendo, em mais de cinco décadas de carreira, dirigiu mais de 70 filmes e 12 séries para televisão. Entre seus trabalhos mais marcantes estão por exemplo as biografias de João Goulart, Juscelino Kubitschek e Carlos Marighella, além do longa “O Mundo Mágico dos Trapalhões”, lançado em 1981.

Sua obra sempre destacou personagens que tiveram a vida ou a carreira interrompida pela repressão ou por circunstâncias políticas. Essa marca o consagrou como referência no cinema documental, além de projetar sua filmografia para diferentes gerações.

Superação, exílio e contribuição à memória nacional

Nascido no Rio de Janeiro em 1950, Tendler iniciou a carreira no movimento cineclubista, chegando a presidir a Federação de Cineclubes do Rio em 1968. Durante a ditadura militar, viveu no exílio no Chile e, depois, na França. Formou-se em História na Universidade de Paris VII e concluiu mestrado em Cinema e História na Sorbonne.

Em 2011, enfrentou uma grave doença que o deixou tetraplégico temporariamente. Após cirurgia e reabilitação, recuperou os movimentos e retornou à produção audiovisual. Sua trajetória de superação foi retratada no documentário A Arte do Renascimento, de Noilton Nunes.

Mesmo após o episódio, seguiu atuante: lançou o filme Saúde Tem Cura em 2021, sobre o SUS, e participou de mostras e debates até 2024. Professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio desde 1979, também manteve engajamento em políticas públicas para o audiovisual.

De origem judaica, com raízes ucranianas e bessarabianas, viveu entre Tijuca, Copacabana, Chile e Paris. Pai da cineasta Ana Tendler, deixa um legado que une resistência política, história e cultura, consolidando-se como referência incontornável do documentário brasileiro.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino