Times de futebol homenageiam Jô Soares, torcedor fanático pelo Fluminense

Por - 05/08/22

Jô Soares de terno branco, camisa social rosa, com o boné do FluminenseJô Soares era torcedor fanático pelo Fluminense - Foto: Reprodução/ TV Globo

Humorista, entrevistador, ator, escritor, dramaturgo, diretor, roteirista, pintor… Jô Sores tinha inúmeros talentos e se destacava em todos eles. Mas outra paixão que era sua marca registrada era o amor pelo futebol. O artista, que morreu aos 84 anos na madrugada desta sexta-feira, 05 de agosto, venerava o Fluminense, seu time de coração.

Nas redes sociais o clube se despediu do ilustre torcedor: “O Fluminense lamenta profundamente a morte do apresentador, humorista, ator e escritor Jô Soares, um dos principais nomes do cenário cultural brasileiro e Tricolor de coração. Desejamos muita força aos amigos e familiares”.

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Reprodução/ Twitter @FluminenseFC

Outros clubes também se pronunciaram. O Botafogo também lamentou a morte do humorista: “O dia amanheceu triste. Nos deixou, aos 84 anos, o ator, escritor e humorista Jô Soares. Uma perda irreparável para a televisão brasileira. O Botafogo deseja força aos familiares, amigos e fãs. Obrigado por nos proporcionar tantos momentos de alegria, Jô! Descanse em paz”.

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Reprodução/ Twitter @Botafogo

“Fiel, hoje começamos o dia bem tristes. Ator, escritor e um dos maiores humoristas do Brasil, Jô Soares nos deixou, aos 84 anos. Agradecemos cada risada, cada programa e cada madrugada juntos. Abraçamos os amigos, parentes e fãs desse ícone da TV e do teatro em nosso país”, escreveu a página oficial do Corinthians.

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Reprodução/ Twitter @Corinthians

O Flamengo não ficou de fora da homenagem ao artista: “O Clube de Regatas do Flamengo lamenta profundamente a morte do grande artista Jô Soares. Nossos sentimentos aos familiares e amigos neste momento tão triste. Descanse em paz, Jô”, destacou o clube alvinegro.

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Reprodução/ Twitter @Flamengo

INÍCIO DA CARREIRA 

Filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares, mudou-se com a família aos 12 anos, para a Europa. Poliglota, chegou a pensar em seguir a carreira diplomática, mas seu fascínio pelo teatro falou mais alto, ainda nos anos em que estudava na Suíça. 

Sua estreia se deu no papel de um americano em “O Homem do Sputnik”, filme de Carlos Manga estrelado por Oscarito, em 1958. No mesmo ano, escrevia para o TV Mistério, programa da TV Continental, dirigido por Adolfo Celli, com Paulo Autran e Tônia Carrero no elenco.  Na TV Rio, atuou no programa “Noites cariocas”. Também nesta época fez participações na TV Tupi.

Jô Soares começou a trabalhar na TV Record, em 1961, em São Paulo. Além de escrever o “Simonetti Show”, atuava em programas como o “La Reuve Chic”, “Jô Show”, “Quadra de Azes” (ao lado de Zilda Cardoso, Darlene Everson e Cauby Peixoto), “Show do Dia 7” e “Você é o Detetive”. 

Ele também interpretou o mordomo de ‘A Família Trapo”, seriado que escrevia com Carlos Alberto de Nóbrega

ASCENSÃO NA TV GLOBO 

Com Renato Cortes Real,  protagonizou, a partir de 1970, o “Faça Humor, Não Faça a Guerra”, programa que marcou sua estreia na Globo. A dupla também escrevia o programa, ao lado de Max Nunes, Geraldo Alves, Hugo Bidet e Haroldo Barbosa. Nele, o artista interpretou tipos como Norminha e Padre Thomas. 

O “Faça Humor, Não Faça a Guerra” foi substituído por “Satiricom”, em 1973. Três anos depois, o humorista atuou como ator e redator, novamente com Max Nunes e Haroldo Barbosa em outro grande sucesso da Globo, o “Planeta dos Homens”, que ficou no ar até 1982. 

Jô Soares dividia a cena com grandes nomes do humor, como Agildo RibeiroPaulo Silvino, Luís Delfino, Sonia Mamede, Berta LoranCostinhaEliezer Motta e Carlos Leite. 

O comediante criou para o programa personagens como o Dr. Sardinha (inspirado no economista Delfim Netto, então ministro da Agricultura); Sebá, cognome Pierre, o último exilado em Paris; e o argentino Gardelón, famoso pelo bordão “Muy amigo!”.

Jô Soares deixou a equipe de “Planeta dos Homens” em 1981 para se dedicar a seu próprio programa, o “Viva o Gordo”, escrito por Max Nunes, Hilton Marques, Afonso Brandão e José Mauro, que foi exibido até 1987. 

O título veio do show “Viva o Gordo e Abaixo o Regime!”, um grande sucesso do teatro no qual o humorista fazia críticas veladas à ditadura. Entre os tipos marcantes que viveu nessa época, estão o Reizinho, sempre às voltas com os problemas do reino, uma sátira à situação política do país; o Capitão Gay, super-herói homossexual que usava um uniforme cor de rosa e andava sempre acompanhado de seu ajudante Carlos Sueli (Eliezer Motta); e o Zé da Galera, que ligava para o técnico da seleção brasileira de futebol e pedia “Bota ponta, Telê!”. 

Simultaneamente ao trabalho no “Viva o Gordo”, Jô Soares apresentava um quadro no “Jornal da Globo” e, em 1983, fez uma participação especial no musical infantil “Plunct, Plact, Zuuum”. 

SBT

Em 1987,  deixou a Globo e foi trabalhar no SBT, onde estrelou o humorístico “Veja o Gordo” e realizou um sonho que acalentava há anos: apresentar um programa de entrevistas inspirado nos talk-shows americanos, o “Jô Soares Onze e Meia”. 

“Não foi uma mudança radical, mas uma continuação do meu trabalho de humor e também de jornalismo. Trabalhei no jornal Última Hora durante quatro anos, escrevi na Folha de S. Paulo e na revista Veja. E tem um lado de entrevista irreverente que só eu posso fazer, com os políticos”, disse ele ao “Memória Globo”. 

Ao longo dos 11 anos em que o programa ficou no ar,  fez mais de seis mil entrevistas, com grandes personalidades brasileiras e internacionais – como o ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev e Bill Gates, fundador da Microsoft – e figuras anônimas. E durante o processo do impeachment do presidente Fernando Collor, o “Jô Soares Onze e Meia” funcionou como uma espécie de tribuna popular, com o apresentador entrevistando alguns dos principais implicados e testemunhas do caso.

BEIJO DO GORDO

Em 2000, o humorista voltou à Globo, comandando o “Programa do Jô”, um talk-show na mesma linha do “Jô Soares Onze e Meia”. 

A atração ficou 16 anos no ar e contava com a participação do Sexteto, grupo formado pelos músicos Derico (sax), Bira (baixo), Miltinho (bateria), Tomatti (guitarra), Chico Oliveira (trompete) e o maestro Osmar (teclados), além do garçom Alex. 

Durante os Jogos Olímpicos de 2000, o “Programa do Jô” foi transmitido direto de Sydney, na Austrália.   

Em agosto de 2008, Jô Soares comemorou 20 anos de talk show com entrevistados especiais, entre eles Caetano Veloso, que ainda cantou alguns de seus sucessos.

Também foi exibida uma edição com as melhores entrevistas feitas com anônimos: até aquele momento, cerca de 490 mil pessoas haviam participado da plateia dos programas, mais de 4 mil musicais foram apresentados e, aproximadamente, 4 milhões de e-mails recebidos pela produção.

Dois anos depois, em homenagem aos 10 anos de programa, Jô Soares comandou um especial com a nova geração do humor brasileiro. Em uma mesa redonda, ele recebeu Leandro HassumMarcelo Adnet, Bruno MazzeoDani CalabresaDadá Coelho e Flávia Garrafa

Outra conversa marcante em sua trajetória na Globo foi com o cantor Roberto Carlos. Em uma rara entrevista, o Rei falou sobre suas manias. E cantou uma das músicas preferidas do humorista: Estrada de Santos. A entrevista foi exibida em setembro de 2011.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino