Orishas volta ao Brasil com show único e promete noite histórica
Por Flavia Cirino - 16/12/2025 - 21:47

O Orishas está de volta ao Brasil. O grupo cubano, referência mundial na fusão entre hip hop e ritmos tradicionais de Cuba, retorna ao país para uma apresentação única em São Paulo, no dia 15 de março, às 20h, no Tokio Marine Hall.
O espetáculo integra a programação especial de 30 anos do Tom Brasil e reforça o peso simbólico desse reencontro com o público brasileiro, considerado pelo próprio grupo como um dos mais fiéis de sua trajetória.
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Mais do que um simples retorno, a passagem do Orishas pelo Brasil carrega um caráter afetivo, histórico e artístico. Desde a primeira vez em que pisaram em solo brasileiro, ainda no início dos anos 2000, Yotuel Romero, Roldán González e seus músicos criaram uma conexão direta com o país, tanto pelo diálogo cultural quanto pela força da herança afro-caribenha que atravessa suas músicas.
Agora, esse vínculo ganha um novo capítulo, embalado por sucessos atemporais, novas parcerias e um discurso ainda mais conectado ao presente.
Formado no fim dos anos 1990, em Havana, o Orishas construiu um som próprio ao unir rap, som cubano, rumba e referências da santería e da cultura negra do Caribe.
O álbum de estreia, “A Lo Cubano”, lançado em 2000, não apenas apresentou o grupo ao mundo como também redefiniu os caminhos do hip hop latino. Desde então, discos como “Emigrante”, “El Kilo” e “Cosita Buena” consolidaram uma discografia respeitada, celebrada tanto pela crítica quanto pelo público.
Hits atemporais e novidades
Ao longo dessa trajetória, músicas como “A Lo Cubano”, “Represent”, “Nací Orishas” e “El Kilo” ultrapassaram fronteiras linguísticas e geracionais. Além disso, a faixa “Represent Cuba”, com Heather Headley, alcançou ainda mais visibilidade ao integrar a trilha sonora de “Dirty Dancing 2”.
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Já “Pa’l Norte”, parceria com o Calle 13, rendeu ao grupo um Grammy Latino de Melhor Canção Urbana, reforçando o alcance político e cultural de suas letras.
Atualmente, o Orishas vive uma fase marcada por retomada, maturidade e expansão. Liderado por Yotuel Romero e Roldán González, o grupo voltou à estrada após um período de pausa e, ao mesmo tempo, trabalha em novas gravações, sem abrir mão do repertório que construiu sua identidade.
O show em São Paulo, portanto, surge como uma síntese dessa caminhada: passado, presente e futuro dividindo o mesmo palco.

Brasil como casa e identidade compartilhada
Em entrevista exclusiva o OFuxico, o Orishas falou sobre a expectativa de reencontrar o público brasileiro e destacou a relação quase familiar construída ao longo dos anos.
“Primeiramente, o que mais nos anima é reconectar com esse público, porque desde o primeiro minuto nos sentimos parte dele. O Orishas, quando chega ao Brasil, não se sente estranho; pelo contrário, se sente parte da família musical brasileira”, afirmou o grupo.
Segundo eles, essa identificação vai além da música e toca diretamente questões de identidade. “Ir ao Brasil, a São Paulo, é voltar para casa, é se reconectar com parte das suas raízes, com parte da sua negritude, e viver uma noite incrível”, completaram, reforçando o caráter simbólico desse retorno.
Essa conexão ajuda a explicar por que A Lo Cubano, lançado há mais de duas décadas, segue atual e viraliza entre os mais jovens. Para o Orishas, o segredo está na essência do som criado naquela época.
“É incrível como a música do Orishas nasceu atemporal. Vinte e cinco anos depois, voltamos a cantar essas músicas nos shows e a juventude as recebe como algo fresco, como se tivesse sido feito hoje”, disseram.
Na visão do grupo, essa longevidade não acontece por acaso. “A música que o Orishas fez há 25 anos foi criada 25 anos à frente do seu tempo. Se hoje surgisse um grupo como o Orishas, o sucesso seria evidente”, afirmaram.
Ainda assim, a surpresa permanece. “O que não esperávamos era que esse grupo ‘de hoje’ já estivesse nas ruas há 25 anos. A reação do público é a mesma — e posso dizer mais: é ainda maior.”
União, criação e novas possibilidades
Ao longo da carreira, o Orishas atravessou fases distintas, incluindo separações e reencontros. Hoje, a dinâmica entre Yotuel Romero e Roldán González se mostra mais sólida e consciente do valor coletivo. “A distância também nos fez perceber o quão grande era o Orishas e o quão grande foi o projeto que construímos”, explicou o grupo.
De acordo com eles, o tempo afastados serviu como aprendizado. “Existe aquele ditado: ninguém sabe o que tem até perder. Às vezes, isso precisa acontecer com as bandas, porque o ego pode jogar contra”, refletiram.
O retorno, portanto, veio acompanhado de uma compreensão mais profunda da essência do grupo. “A magia do Orishas está na união — na união de um sonero com um rapper.”
Processo criativo, collabs e afins
Essa mesma lógica se aplica ao processo criativo atual. Apesar das transformações no mercado musical e nas plataformas de consumo, o Orishas mantém a base que sempre definiu seu som.
“Não. Como dizem aqui nas Américas: ‘if it don’t break, don’t fix’ — se não está quebrado, não conserte”, afirmaram, ao comentar se houve mudanças na forma de criar música.
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Para o grupo, preservar a identidade segue como prioridade. “Nós inventamos esse som, fomos os criadores do som Orishas. Então, a única coisa que precisamos fazer é continuar fiéis à nossa identidade e seguir fazendo música para o mundo.”
Essa fidelidade, no entanto, não impede novas colaborações. Pelo contrário. O próximo trabalho do Orishas promete encontros relevantes e estratégicos. “Vêm colaborações muito grandes e muito interessantes neste disco”, adiantaram.
Entre as novidades, uma chama atenção especial para o público brasileiro. “Há um artista brasileiro neste álbum — ainda não posso dizer quem é —, mas posso adiantar que é uma das maiores músicas do disco e que, no Brasil, terá um grande sucesso.”
As letras continuam ancoradas em temas que sempre atravessaram a obra do grupo: identidade, imigração, resistência e cultura afro-caribenha. Nesta fase, porém, as inspirações se ampliam ainda mais.
“Tudo nos inspira. Tudo o que se relaciona com a vida, com a sociedade, histórias, experiências pessoais”, explicaram. Para eles, a música nasce diretamente do contato com o cotidiano. “O Orishas se alimenta da raiz do povo, se nutre do povo.”

O que esperar do show em São Paulo
No palco do Tokio Marine Hall, o público brasileiro encontrará um repertório que percorre diferentes momentos da carreira do Orishas. Clássicos que marcaram gerações dividem espaço com faixas mais recentes e parcerias que dialogam com a cena latina contemporânea.
A proposta é oferecer um panorama amplo da trajetória do grupo, sem perder a energia característica de suas apresentações ao vivo.
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Sobre a noite em São Paulo, o Orishas não economiza entusiasmo. “O que podem esperar é a melhor banda de música cubana que existe hoje: o Orishas”, afirmaram. Em tom direto, o grupo se coloca como herdeiro de uma tradição histórica. “Buena Vista, Celia Cruz e Orishas. Infelizmente, os dois primeiros já não estão entre nós, mas o Orishas está.”
O convite, portanto, vai além de um show. “Se você quer curtir o autêntico som da rua cubana, precisa ir a esse show do Orishas, aproveitar, dançar”, disseram. E ainda deixaram um aviso bem-humorado ao público brasileiro: “Acima de tudo, ir com roupas bem leves — porque as temperaturas nessa noite vão chegar a 1000 graus Fahrenheit.”
O retorno do Orishas ao Brasil reforça não apenas a relevância histórica do grupo, mas também sua capacidade de permanecer atual, conectado e necessário. São Paulo recebe, mais uma vez, uma banda que transforma palco em território cultural e música em identidade compartilhada.
Serviço – Orishas em São Paulo
Data: 15 de março
Horário: 20h
Local: Tokio Marine Hall
Evento: Programação especial de 30 anos do Tom Brasil
Ingressos: R$260,00 a R$550,00
Vendas: https://www.ticketmaster.com.br
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























