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Iran Malfitano: ‘Não tenho crise, envelhecer é um presente’

TV Globo/Divulgação/Blad Meneghel/Record TV/Instagram/Montagem

Desde que protagonizou a oitava temporada de Malhação na pele de Gui (2001) aos 19 anos, o tempo passou, contudo, a voz marcante de Iran Malfitano permanece imbatível, constatação de quem conversou por telefone para a realização desta entrevista exclusiva que o ator concedeu para OFuxico.

O capixaba de coração que só nasceu em Belo Horizonte, mas ainda novinho mudou-se para Vitória, impressiona pela simpatia e a consciência de que seu ofício não o faz superior, tampouco, nunca se deslumbrou com a profissão. Dispensa o rótulo de celebridade preferindo ser reconhecido como um operário de sua arte.

“Puxei a veia artística da minha mãe. Comecei a fazer teatro com 12 anos no colégio. Plantaram a semente da arte em mim, e um dia germinou. Aos 15 fiz um curso de teatro com o Tonio Carvalho, na época, diretor de Oficina de Atores da Globo”, disse ele.

O ator Iran Malfitano em entrevista exclusiva para OFuxico

Laços de Família/A Favorita

No último dia 7 de setembro Laços de Família (2000), obra escrita pelo autor Manoel Carlos, estreou no Vale a Pena Ver de Novo. A trama marcou a estreia de Malfitano na TV, vivendo o personagem Pedro ainda jovem, papel que teve José Mayer na fase adulta.

“Laços de Família eu me lembro do começo, a expectativa, minha primeira novela. Eu ficava rezando para o José Mayer ou a Vera Fisher relembrarem os personagens jovens, para eu surgir em cena. Estava entendendo como funcionava o processo de produção de uma novela”, frisou ele.

Já em A Favorita (2008) de João Emanuel Carneiro, interpretou o divertido Orlandinho, atualmente no GloboPlay. 

“A Favorita foi um divisor de águas. Pela primeira vez eu não me reconhecia ao vir o personagem, só enxergava o Orlandinho. A entrega foi incrível, a parceria com a Deborah Secco e o Cauã Reymond foi legal, eles são excelentes companheiros de cena”, relembrou.

Deborah Secco, Iran Malfitano e Cauã Reymond em A Favorita

O ator revelou se consegue acompanhar os folhetins na quarentena.

“Estou em reprise na primeira e na última novela que fiz na Globo (risos). Depois fui para Record fazer Bela, a Feia no ano seguinte. Eu tenho acompanhado pouco… Nessa fase de pandemia, estou meio ‘pãe’ (risos). Enquanto minha esposa sai para trabalhar, faço o almoço da nossa filha Laura, eu ajudo na lição da escola, fico em função da casa, então, não tenho assistido muita coisa. Eu adoro assistir o que já passou, mas não curto me ver em um trabalho atual, que eu esteja gravando, sou muito crítico. Quando eu assisto sempre acho que poderia ter feito a cena melhor. Revisitar um projeto é legal, pois nos dá uma nostalgia”, pontuou ele.

Vale destacar que na TV Globo ele integrou outras produções: Kubanacan (2003), Linha Direta (2004), Bang Bang (2005), Cobras & Lagartos (2006).

Compilado de novelas da Rede Globo

Novo projeto: Gênesis

Desde que migrou para a Record TV, há 11 anos, Iran já participou de oito produções no canal paulista, entre elas: Louca Família (2009), Bela, a Feia (2009), Rei Davi (2012), José do Egito (2013), Os Dez Mandamentos (2015), A Terra Prometida (2016).

Um pouco antes da pandemia causada pela Covid-19, Iran gravou a primeira fase da nova trama bíblica do canal paulista: Gênesis.  

“Gênesis será uma novela grande, pois é o primeiro capítulo da Bíblia que tem a história de Adão e Eva, Caim e Abel, Torre de Babel, José do Egito – que eu participei da série, interpretando Habu, o servo de Potifá. Tem muita história para contar. O meu núcleo gravou todas as externas, antes da pandemia. Meu personagem Tubalcaim é descrito na Bíblia como o primeiro homem a trabalhar com ferro e cobre, um ferreiro muito habilidoso que fazia muitas espadas. Mais um trabalho bíblico que gostei muito de fazer”, afirmou ele.  

O ferreiro Tubalcaim de Gênesis

2020: 20 anos de carreira

O eterno galã que completa duas décadas de trajetória artística neste ano, aproveitou para fazer um balanço.

“Eu sou muito feliz pelas escolhas que fiz, acertei em muitas, errei em algumas. Nós somos eternos aprendizes. Botando na balança, vejo um saldo bem positivo. Há muita coisa que desejo fazer na televisão ainda. Não gosto de ficar parado. Desejo construir o tempo todo. Quero muito voltar a trabalhar com o João Emanuel Carneiro, um autor com quem trabalhei duas vezes que deram muito certo! Amo viver de arte. O teatro é um grande prazer! Tenho muita vontade de teatralizar filmes como fez o Silvinho Guindane com o projeto Perfume de Mulher”, resumiu ele.

Trabalhos na Record TV

Cultura: o setor clama incentivo

Apaixonado declarado pela arte dos palcos, o artista viveu uma rica experiência no tablado ao integrar o elenco do espetáculo teatral Cinco Homens e um Segredo, excursionando com a peça por quatro anos.

“Antes da pandemia, eu tinha projeto de teatro, aliás, eu não entendo porque as praias e ônibus vivem cheios e não podemos ter uma lotação de 50% nos Teatros. Respeitando o espaçamento social, as medidas de segurança. Se o espaço comporta 800 lugares, que se venda 400 ingressos. A cultura precisava continuar. Em nosso país a cultura é desvalorizada. É um pesar estarmos parados… Tem uma gama de profissionais do entretenimento que estão assim há muito tempo, precisávamos aquecer essa área novamente. Fazemos teatro na resistência!”, ressaltou.

Elenco da peça Cinco Homens e um Segredo

Trabalhar com App Uber: “Não é demérito algum”

Em meados de 2019, sem contrato com nenhuma emissora, para ocupar a mente e o tempo, o ator decidiu trabalhar em torno de quatro meses, como motorista de aplicativo Uber. Pronto. O pontapé inicial para uma série de especulações sobre sua vida pessoal, incluindo crise financeira e um interesse excessivo por parte da mídia especializada, nos detalhes da função à época.

“As pessoas gostam muito de julgar: ‘Olha, ele era ator, foi protagonista de Malhação, e agora está trabalhando de Uber?’. Como se fosse algo pejorativo, grande parte da mídia explorou isso. Na época queriam fazer uma matéria comigo sobre o assunto. Não quis. Quando era para falar da minha arte, das novelas legais que fiz na Record ninguém tinha interesse de me entrevistar, mudaram de ideia por causa desse fato?”, indagou ele, que completou:

“Na época fiz A Terra Prometida, acabou o meu contrato, não renovamos. Fiquei um tempo sem fazer nada. Surgiram vários testes, nunca parei de fazer teste, mas trabalho que é bom, não pintava! Sempre produzi muito na vida. Naquele momento eu precisava ocupar minha mente, senão pirava! Aí veio a ideia do Uber. Foi muito legal, não é demérito algum, tive uma resposta muito positiva das pessoas nesse período, eu tinha uma nota alta no aplicativo, começávamos a engatar conversas sobre arte e cultura”, falou.   

Trabalhar com App Uber: “Não é demérito algum”

Paternidade: o melhor papel da vida

Casado com a diretora de marketing Elaine Albano, os pais corujas reforçam o amor pela única filha do casal, Laura, de 9  anos.

“Eu estou aproveitando meu tempo ao lado da minha filha, que é muito importante para mim. Neste momento de pandemia estou vivendo o melhor papel da minha vida: o de pai. Me dedico bastante e isso me traz uma alegria enorme”, se derreteu o famoso.

Prestes a completar 39 anos, no próximo dia 5 de outubro, Iran Malfitano é pura gratidão.

“Não tenho crise, envelhecer é um presente. Alguns dias a gente ensina, mas todos os dias a gente aprende. A vida é muito linda. Sou um cara grato a Jesus Cristo por tudo que eu conquistei e os ensinamentos que tive”, finalizou a entrevista com extrema gentileza.   

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