‘A fama também traz uma dimensão de solidão’, diz Jean Wyllys, campeão do BBB5
Por Redação - 02/03/21 às 08:49 - Última Atualização: 6 abril 2021
Já são quase dois anos longe do Brasil, de onde saiu para se livrar dos crescentes ataques e as ameaças de morte por conta de seu posicionamento político. Desde então, Jean Wyllys vive com o constante sentimento de solidão.
Morando em Barcelona, na Espanha, o campeão do BBB5 e ex-Deputado Federal dá aulas, investe em pesquisa para o seu doutorado sobre o impacto das fake news na política e alivia o tempo desenhando. Ele só conta com a companhia de um cachorrinho adotado.
“O exílio foi muito importante porque tem me mantido protegido, me mantenho vivo, mas também é uma forma de solidão. Foi um afastamento dos meus amigos, da minha família, do meu país, das minhas paisagens, da minha língua, para continuar vivo. Isso provoca uma contradição”, disse ele em entrevista à Agência Diadorim.
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Jean destacou que a pandemia em sido outro agravante para sua solidão.
“Para completar, de 2019 para 2020 a gente começou a viver uma pandemia. Dentro desse isolamento, dessa solidão do exílio, veio outra solidão, que é a solidão da pandemia, de ser um homem só, de viver só, e aí o meu cachorrinho veio como parte”.
Ele destacou que o sentimento de viver como um homem solitário já o acompanhava desde que venceu o Big Brother Brasil 5 e, mais tarde, decidiu se tornar Deputado Federal.
"A fama também traz uma dimensão de solidão. Nunca me deixei enganar por essa coisa do assédio, de muita gente ao redor. Sempre fui pé no chão com todas as armadilhas que a fama traz. Depois disso, veio a representação política, que também traz uma responsabilidade muito grande”.
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Sexualidade, preconceito e afins
Jean Wyllys enfatizou que o fato de ser um homem gay com voz política, acabou se tornando uma enorme responsabilidade.
“A partir do momento que eu sou um homem gay e me torno um deputado federal, tenho que ter a completa responsabilidade de que não estou mais falando só por mim. Ainda que quisesse, não se fala só de si quando você é uma minoria e ocupa um espaço de poder. Isso estava claro”, afirmou ele.
Jean sempre teve a noção exata de seu papel e da cobrança sobre ele.
“Tudo o que incide sobre mim incidiria sobre a comunidade da qual faço parte, gostasse eu ou não, e gostasse essa comunidade ou não. Eu era um representante no parlamento, o que me obrigava a ter muita responsabilidade e também me gerava mais solidão."
Na entrevista, Jean, de 46 anos enfatizou que, por exemplo, beijar alguém em público, poderia se tornar como arma para critica-lo.
"Muitos homens públicos heterossexuais brasileiros têm amantes ou mantêm segundas famílias, frequentam clubes, e isso não é um problema para eles, porque o mundo é da dominação masculina. Se eu fosse visto numa sauna gay e se alguém me filmasse, seria outra história. Sobre um homem gay, essas questões pesam como pesam sobre uma mulher. Uma mulher está sendo policiada na vida privada para que isso vire um escândalo na vida pública dela”, disse.
“Eu tinha essa consciência, de que essa vivência me trazia uma responsabilidade, algo que foi limitando minha vida. Eu não beijava mais na boate, como fazia antes. Por quê? Apesar de um beijo não ser um problema, e eu lutava pela liberdade dos corpos, pelo direito dos corpos de se expressarem, não podia ser flagrado num vídeo fazendo isso porque serviria a um discurso difamatório”, assegurou Jean.
O grande amigo de Grazi Massafera no confinamento ainda destacou que o mundo não está nada fácil.
“Todas as outras pessoas poderiam e deveriam fazer isso. Agora eu, como representante, até esse momento, não poderia fazer, então isso foi me trazendo uma relação com o mundo cada vez mais difícil", desabafou.
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