A Fazenda: Quem é Débora? A psicóloga do reality da Record

No final do mês passado, num surto de ira, Jojo Todynho destruiu uma garrafa térmica. E justificou sua atitude. 

“A Débora falou que eu tinha que botar o ódio pra fora”. 

Raíssa Barbosa já teve três grandes e graves explosões de raiva. Alguns peões citaram que ela deveria conversar com a Debora. 

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Lidi, semana passada, se trancou na dispensa e. no chão desandou a chorar. E pediu para conversar com Debora. 

Mas, quem é ela? Débora Tabacof é responsável pela “sanidade mental” dos confinados em A Fazenda. Formada em psicologia pela PUC de São Paulo, ela foi a psicóloga responsável pela avaliação dos participantes da Casa dos Aristas, em 2001, o primeiro reality show realizado no Brasil, no SBT. E esteve em todas as edições, colocando em prática a teoria de Lacan. 

Com a ida de Rodrigo Carelli – o diretor responsável pelo reality – para a Record, ela foi junto e responde por todas as edições de A Fazenda. É dela também a responsabilidade dos participantes dos realities Power Couple, Dancing Brasil, The Four e Canta Comigo. Não por acaso, entre os profissionais da Psicologia, Debora é reconhecida como a especialista no atendimento de artistas e celebridades. Em Buenos Aires, ela teve formação numa escola de desenvolvimento humano, que destaca as técnicas de consciência e relaxamento utilizadas em seu trabalho na chamada Psicologia da Fama. 

Seu trabalho começa antes do reality ir ao ar, fazendo um estudo com os participantes sobre a super exposição na mídia. Fundadora da Associação de Artes Curativas Himalaia Amazônia Andes onde uniu as práticas do Budismo Tibetano a sua experiência de trabalho anterior na floresta amazônica no projeto Saúde e Alegria, Debora oferece ainda um tratamento especializado nos conflitos entre a imagem pública e o que a pessoa realmente sente e deseja. Um pós-reality.

Real e imaginário

A frase mais comum entre confinados em qualquer reality show é a clássica “estou sendo eu mesmo”. Diante da condição de confinamento, especialistas afirmam que, muitas vezes, os participantes de qualquer programa do gênero passam longe de reproduzir comportamentos que vivem aqui fora. Não é à toa que, em muitos casos, familiares e amigos dizem, diante de determinadas situações, que não reconhecem o participante x ou y. 

As mudanças comportamentais, muitas vezes, se dão pela sensação de liberdade para ousar, apesar das câmeras, cuja existência não há como ignorar. 

Exibicionismo e narcisismo são outros aspectos que são conversados. Quem se inscreve em um programa do gênero, além do prêmio financeiro, quer se tornar uma pessoa conhecida. 

O que garante o sucesso?

Segredo do bom reality é um só: o público ama histórias, sejam quais forem. Com tudo, se o confinamento provoca alterações comportamentais em quem se submete a ele, a volta para o mundo real tende a ser mais desastrosa em termos psicológicos. 

Talvez por isso, nos mais mil participantes em reality no Brasil, até hoje, a maioria finge que nada aconteceu e prefere não fazer referência ao confinamento. 

Entenda o trabalho da psicóloga Debora em cada reality: 

A Casa dos Artistas: A indicação prescrita no formato do reality era de que a psicóloga deveria falar com os participantes durante a exibição do programa, sempre que necessário. A forma de contato se daria através de um espelho de camarim, quando as luzes se acendiam, o participante ficava sozinho no quarto vendo a si mesmo no espelho enquanto ouvia a voz da psicóloga.

Debora achou insatisfatória e buscou nas teorias de Lacan uma nova referência para lidar com os problemas da imagem e da linguagem. A partir de então, iniciou uma investigação acerca da diferença entre a realidade, o real e o programa de TV

Para isso integrou o laboratório de psicologia fundamental da UNICAMP com supervisão de Mário Eduardo Costa Pereira, os seminários do Fórum do Campo Lacaniano e os seminários de Lacan na USP de Christian Dunker. A partir dessa orientação e supervisão embasou sua metodologia e deu novo norte na forma de se trabalhar em reality, abolindo a intermediação através do espelho

Graças a esse trabalho desenvolvido durante todos esses anos, criou-se uma base teórica na qual a Psicologia da Fama trabalha com bastante sucesso nos dias de hoje. 

A Fazenda: Diante das condições criadas pela produção, ela acompanha o comportamento de cada peão a manifestação singular de compromisso que cada participante faz dessas circunstâncias. 

Power Couple:  Debora faz a análise dos relacionamentos conjugais e de como estar em confinamento acompanhado de um parceiro, de alguém que está do mesmo lado no jogo, muda completamente a dinâmica do comportamento humano. 

Troca de Esposas: A psicóloga Débora trabalhou somente durante o casting, o processo de seleção dos participantes através de entrevistas com as pessoas pré-selecionadas para indicar quais eram as mais apropriadas para passar por uma experiência como essa. Dados como violência doméstica e diagnósticos psiquiátricos severos são detectados nas entrevistas e encaminhados para direção do programa. A questão do Troca de Esposas está centrada no quanto o meio ambiente influencia a pessoa a ser quem ela é vice-versa, a pessoa transforma o seu ambiente a partir da sua subjetividade. 

Dancing Brasil: Uma competição de cada participante com si mesmo, já que a evolução de cada artista é que é avaliada. O Trabalho da Psicologia da Fama é voltado para despertar o potencial da pessoa e para ela colocar esse potencial a serviço da dança usando elementos que ela nem sabia sobre si mesma. O apoio para os eliminados é fundamental para que continuem a se desenvolver na vida real, com o glamour de se expressar e aumento de potencial que a dança traz.

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