‘A mulher tem que ser respeitada’, diz Marcos Palmeira

Por - 02/06/17 às 15:00

Reprodução/Instagram/@marcospalmeiraoficial

Com uma extensa carreira no currículo, Marcos Palmeira é um dos atores mais experientes na televisão brasileira. Aos 53 anos, o ator ainda era criança na período mais complicado da ditadura militar no Brasil, e que está sendo retratada agora na supersérie Os Dias Eram Assim, da Globo, em que vive o personagem Toni.

Em entrevista à revista Conta Mais, o ator fez comparações entre os anos 70 e os dias atuais, além de comentar sobre comentar sobre o uso excessivo das redes sociais.

Questionado sobre sentir saudade da época, Marcos conta que sente falta de algumas coisas, mas que foca no momento.

“Talvez os biquínis das mulheres e os telefones que eram diferentes, por exemplo, mas tudo isso é, na real, pura nostalgia. A minha avó sempre disse que a gente tem que ficar ligado no agora, então, o meu tempo é hoje. Sou mais atual, sabe? E se tenho saudades de alguma coisa, é de uma vitrola. Nem tenho mais uma daquelas, mas guardo alguns discos de vinil ainda. Sei que hoje existem umas versões muito boas, com ótima qualidade de som. Eu e minha esposa (Gabriela Gastal), aliás, estamos loucos pra comprar uma dessas para ouvir os nossos discos”, respondeu.

Marcos, além de ator, também é produtor de alimentos orgânicos e acredita que, se houver oportunidade, também poderia retratar o assunto na série.

“Ele (seu personagem) é um cara muito antenado com a qualidade de vida e bastante preocupado com a alimentação. O Toni valoriza muito o surfe que, naquela época, era marginalizado. Ele tem uma visão mais moderna do que a maioria das pessoas que viveram naquele tempo, né? E sobre essa questão da alimentação natural, pode até pintar coisas bem interessantes e a gente começar a falar na série, que se passa nos anos 70, dos produtos orgânicos”, disse.

O ator ainda comentou sobre as diferenças entre os anos 70 e os dias atuais.

“As pessoas eram mais unidas! A ditadura fez com que a classe artística como um todo – e eu falo muito pelo cinema, porque sou filho do Cinema Mundo – se unisse mais. Tinha mais tolerância entre todos. A pressão da ditadura obrigava você a pensar no outro, pois tínhamos um inimigo em comum, né? Com isso, fica mais fácil você dividir as questões. Hoje não é assim…Você não sabe ao certo quem é seu inimigo, o discurso de todo mundo é o mesmo, tanto faz se de direita ou de esquerda. É tudo muito parecido”, apontou.

Ainda sobre as diferenças entre as épocas, Marcos Palmeira falou de machismo.

“A geração dos anos 70, infelizmente, traz todo um machismo que hoje não cabe mais, né? Nós todos temos ainda um pouco dessa questão enraizada e precisamos tratar a cabeça. Acho muito importante que a mulher tenha esse empoderamento atual, poder se posicionar e se defender, pois elas foram muito oprimidas no passado. É algo bem difícil! Tenho uma enteada adolescente, a Alice, de 14 anos, uma filha de 10 anos, a Julia, então, a gente sabe o que quer deixar para elas, que mensagem queremos passar. A mulher tem que ser respeitada e ter o seu espaço. A minha mãe, por exemplo, sempre foi uma feminista e seguiu essa linha, porém, também acho que o radicalismo, em qualquer esfera, é muito prejudicial”, finalizou.

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