Aisha de Salve Jorge diz que não vai abandonar o teatro por causa da TV
Por Redação - 19/01/13 às 10:09
Personagens fortes demandam preparação intensa. E Dani Moreno, ao saber que interpretaria a Aisha de Salve Jorge, levou isso ao pé da letra. Como viveria uma traficada, a atriz começou, desde o início do ano passado, a analisar filmes, documentários, livros e muitas histórias sobre o assunto.
"Só quem passou por essa tragédia sabe como é. O que eu tento fazer é me aproximar ao máximo", explica.
Um dos temas centrais da novela de Gloria Perez é o tráfico humano. Mas o drama não é abordado apenas pelas personagens que vão trabalhar na Turquia. Na história, Aisha foi levada do Brasil ainda bebê e, mais velha, passa a buscar sua origem e sua família. Dani conheceu pessoalmente vítimas reais desse crime e só então se deu conta da profundidade da questão.
"Quando a gente imagina o tráfico de bebês, não tem noção do vazio dentro de quem foi adotado. Tenho muito orgulho de dar voz a essas pessoas, meu foco é ajudá-las", avalia.
A atriz tem se surpreendido com a reação do pblico que a encontra na rua.
"Me falam: 'Para de procurar sua família, você vai parar no Alemão!'. Mas não é isso que importa. Me preocupa um pouco quando a gente vê como as pessoas são ligadas ao material", defende, citando o fato de que, na trama, tudo indica que Aisha seja filha de Delzuite, papel de Solange Badim, moradora do complexo de favelas.
Para ela, a busca pelas origens e pela própria identidade é mais importante do que os bens materiais que a personagem encontrou em sua família adotiva. Ainda em sua segunda novela, a atriz já se orgulha o papel complexo e comemora atuar com atores de renome, como Zezé Polessa e Antonio Calloni, que interpretam, respectivamente, Berna e Mustafá, os pais de Aisha na trama.
"As gravações estão sendo maravilhosas e eu tenho aprendido muito com a resposta que recebo dos diretores", conta.
Para trabalhar em Salve Jorge, Dani Moreno precisou trocar São Paulo pelo Rio de Janeiro, mas garante que a adaptação foi fácil. Encantada com o mar e a beleza da cidade, a atriz começou até a praticar bodyboard.
"Aqui no Rio é fácil unir a vida saudável com a vida de trabalho. Em São Paulo, é um pouquinho mais difícil, tem de morar perto de um parque", opina.
Em seu trabalho anterior, Amor e Revolução, do SBT, Dani interpretava Marta, uma militante na época da ditadura do Brasil. Foi só durante a novela que a atriz pôde aprender sobre esse período histórico.
"Estudei a vida inteira em escola pública e, em aula, nunca tocaram no assunto. Eu sabia pelos meus pais que teve uma ditadura, mas nunca soube o que aconteceu de fato", revela.
Dani acredita que muita gente que conhecia pouco sobre o governo militar, assim como ela, viu-se descobrindo uma parte importante da história do próprio país com a novela. No meio do tema denso, sua personagem era apaixonada pela melhor amiga. A pergunta que a atriz mais ouvia, na época, era sobre as dificuldades de interpretar uma homossexual, mas ela tirava a polêmica de foco.
"Eu respondia: 'Eu não faço uma lésbica, faço uma mulher apaixonada por uma pessoa que, por acaso, é outra mulher'", conta.
Dani começou sua carreira em um curso de teatro na Zona Oeste de São Paulo. Na época, fez peças de autores como William Shakespeare, Thornton Wilder e Anton Tchekhov. Antes disso tudo, porém, era produtora publicitária. Ela já tinha vontade de atuar, mas o desejo ficava guardado a sete chaves.
"Eu comecei a estudar teatro e as coisas foram caminhando para isso. Como diria outro personagem, também da Gloria Perez, 'maktub', estava escrito", brinca, referindo-se à novela de grande sucesso da autora, O Clone.
Mesmo com planos de voltar aos palcos depois de Salve Jorge, Dani pretende continuar na tevê.
"Eu adoro isso aqui. Preciso voltar para o teatro porque ator não vive sem palco, mas não vou abandonar a tevê", afirma.
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