Alex Brasil reflete sobre racismo

Alex Brasil, no ar em Jezabel, da Record TV, deu uma pausa nas gravações para falar sobre como a arte é um importante canal para apresentar a cultura negra e o quanto os profissionais negros que trabalham com conteúdo audiovisual superam o preconceito, a falta de visibilidade e por toda dificuldade encontrada, agarram com unhas e dentes cada oportunidade.

"Eu acho que há uma dívida 'histórica' para conosco negros que dificilmente será paga devidamente; mas que aos poucos começamos a enxergar algumas parcelas sendo pagas. E o melhor é que recebemos as parcelas e mostramos que somos merecedores. Atores negros que quando tem oportunidade mostram que são capazes", iniciou o ator.

Alex relembrou uma cena importante em sua vida artística rumo ao estrelato na TV. A atitude ocorrida em um teste publicitário o deixou muito feliz e o fez perceber que atitudes com essa colaboram para um mudo mais inclusivo.

"Em um teste de publicidade, encontrei um amigo ator que virou roteirista também. Conversando com ele, me perguntou se eu tinha gostado de fazer a tal participação; falei que sim. Aí ele virou e disse: 'Foi eu quem escrevi sua cenas. O personagem não tinha definição, se era negro ou branco, mas eu sabia que se eu não determinasse ao escrever, com certeza eles colocariam um ator branco. Então eu escrevi na descrição do personagem que ele era negro'. Achei incrível! Porque é dessa forma que vamos mudar".

E é justamente nessa mudança de pensamento sobre os negros, que passaram a produzir, escrever, dirigir, a realizar, que surgiu a Afroflix. Além do nome em alusão à Netflix, a plataforma também traz filmes e séries, mas com duas importantes diferença: as produções só entram no catálogo se contarem com uma área de atuação técnica ou artística assinada por uma pessoa negra, além de ser colaborativa. Alex recomenda a plataforma, criada pela cineasta Yasmin Thayná, em todos os aspectos.

"Ela não separa, não segrega. Não acho legal quando há algum tipo de separação; tenho alguns amigos que são mais radicais nessa questão. Mas a plataforma abre um canal, um caminho para que os profissionais negros saibam que seu trabalho vai ser visto. Nós,  negros, começamos a entender que se quisermos algo temos que buscar, produzir, realizar. E plataformas como essa são fundamentais"

Alex Brasil também conta que já deixou de fazer trabalhos, pois queriam o rotular como um ator que só fizesse papéis de bandidos. E por outro lado, já teve a oportunidade de representar figuras negras importantes como o músico Cartola no especial Por Toda Minha Vida na Globo e em outubro estará no elenco da peça sobre o poeta negro, Solano Trindade.

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