Alexandre Nero: “Já lancei nove discos. Sim, tenho nove fracassos”
Por Redação - 03/05/13 às 07:51
Salve Jorge sai da grade da Globo no próximo dia 17 e já deixa em Alexandre Nero a sensação de mais um "gol marcado" na tevê. Na pele do advogado Stênio da trama de Gloria Perez, o ator conseguiu se destacar em cenas cômicas ao lado de Giovanna Antonelli, a delegada Helô da novela. E se distanciou totalmente do ar asqueroso que carregou nas cenas do "zoiudo" Baltazar, motorista machista e preconceituoso que interpretou em Fina Estampa e o deixou em evidência na emissora.
"Quando você sai de um sucesso grande, às vezes, é melhor fazer novela das seis. Ao emendar na faixa nobre, esperam muito de você. Mas acho que cumpri meu papel. Stênio não deve nada ao Baltazar", avalia.
Assim como no trabalho em Fina Estampa, quando dividiu suas melhores sequências com Marcelo Serrado, Nero aposta que foi a parceria com Giovanna Antonelli nas cenas que manteve Stênio sempre entre os principais personagens da trama. Tanto que, apesar da ligação do advogado com papéis como a aventureira Bianca, de Cleo Pires, e a vilã Lívia, de Claudia Raia, foi na delegada que Nero decidiu apostar suas fichas.
"A Giovanna é bárbara, tem um carisma e um tempo de comédia ímpares. Desde o início, quando a gente leu a sinopse, sacou que ali tinha caldo. Hoje, eu consigo rir das minhas cenas com ela", conta.
O Fuxico: A reação do público em Salve Jorge é diferente da que você teve em outros personagens? Ou ainda comentam muito sobre o Baltazar, de Fina Estampa?
Alexandre Nero: Falam de todos os personagens. Mas aconteceu uma coisa bem bacana dessa vez: em um mês, já me chamavam de Salve Jorge. E em dois, de Stênio. Na época do Baltazar, demoraram uns quatro meses para me chamar pelo nome do personagem. Em Escrito nas Estrelas, isso pegou logo e acho que em função do Gilmar ter sido um vilão divertido. Era o tipo de personagem que as pessoas gostavam e odiavam ao mesmo tempo, teve uma repercussão enorme. O Stênio é o "bon vivant", um cara carismático e para cima. Acho que isso acaba atraindo mais o contato do telespectador. O Baltazar era zero em tudo isso.
OF: Em cinco anos, esta é sua quinta novela e você ainda fez um seriado na Globo. O papo de descansar a imagem não preocupa você?
AN: Eu lembro que escrevi um texto há um tempo, quando estava rolando o filme O Código Da Vinci. Era uma crítica e eu dizia que parecia estar vendo o Forrest Gump correndo com a Amélie Poulain, e o Magneto vira o vilão da história. Mas vão fazer o quê? Vão deixar de chamar o Tom Hanks só porque ele foi o náufrago e ficou marcado por aquela história? O trabalho do ator é fazer as pessoas esquecerem. Nós sempre seremos os mesmos, fisicamente.
OF: Mas existem formas de, fisicamente, se transformar. E, exceto por mudanças de peso e no corte de cabelo, você não costuma usar tanto esses artifícios. Por quê?
AN: Ricardo Darín é, para mim, a maior referência mundial de ator. E ele está sempre com a mesma cara. Mas é um personagem diferente em cada papel. Adoro esses atores que não se transformam. Também curto vários que se transformam, mas, na maioria das vezes, isso é mais muleta do que personagem especificamente. O cara coloca uma peruca, uma lente diferente, mas continua fazendo o que sempre fez. A mudança tem de ser interior. Só que não posso esquecer que tem o outro lado: as pessoas normalmente assistem de uma maneira mais superficial.
OF: Você chegou a gravar um CD e fez uma peça no Rio, mas o espaço para a música e teatro em sua agenda parece pequeno. Não sente falta de se dedicar mais a essas atividades?
AN: Eu estou bem satisfeito com o que tenho conquistado, não posso reclamar. Claro que eu sinto muita falta disso. Mas hoje é diferente, eu não posso mais entrar em um barzinho e tocar umas músicas. Parece que, se você é ator de tevê no Rio, qualquer coisa que faça tem de ser megaprodução. Na Turquia, eu aproveitei um pouco esse anonimato. Toquei na rua lá. Comprei um ukulele, que é um instrumento havaiano que parece um cavaquinho, pequeno. De vez em quando, eu parava em uma rua movimentada e começava a tocar. Mas lá dava, eu não era o ator da Globo.
OF: Mas ser um ator de novelas não ajuda a aumentar as vendas de CD e público de shows?
AN: Olha, sei que hoje eu faria mais fácil um show por ser um rosto conhecido. Mas não adianta eu querer conquistar meu público de novelas com a minha música. Não é o mesmo. As pessoas que me assistem na televisão vão querer ver o Stênio cantando. Ou o Baltazar, ou qualquer outro personagem que elas tenham gostado. Já lancei nove discos. E muita gente fica chocada quando falo isso. Sim, tenho nove fracassos. Mas o André Abujamra é um gênio e quantos CDs caras como ele vendem? Quantos shows eles fazem? A vida é assim. Eu não tenho uma neurose de trabalhar em cima de peça, de música. Não fico pensando na parte comercial da música, por exemplo. Não quer dizer que eu não queira ganhar dinheiro com ela. Mas a minha onda é diferente.
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