Ana Paula Araújo: “Adoro estar ao vivo, no lugar onde a pauta acontece”

Por - 08/02/13 às 08:29

Jorge Rodrigues Jorge/ Carta Z Notícias

Assistir pela televisão aos desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro sempre foi o programa favorito de Carnaval para Ana Paula Araújo. E só isso já traria base para a jornalista comandar por mais um ano o Estúdio Globeleza.

Localizado na dispersão da Apoteose, o espaço entra em ação ao final de cada apresentação transmitida para debater os destaques, melhores momentos e possíveis problemas das agremiações.

Ana Paula Araújo repercute os desfiles do grupo especial carioca no Carnaval da Globo"É uma festa muito bonita e, o principal, é do povo. São as comunidades que fazem o desfile. Isso sempre me emocionou e me instiga para fazer um trabalho à altura do espetáculo", diz ela, que está à frente do RJ TV – 1ª edição, função que concilia com o posto de apresentadora substituta do Fantástico e com o revezamento de âncoras na escala do plantão de final de semana do Jornal Nacional.

Neste ano, Ana Paula divide a cena com a cantora Fernanda Abreu, o ator Eri Johnson e os sambistas Teresa Cristina e Pretinho da Serrinha, que formam o time de comentaristas. Assim como nos anos anteriores, o espaço conta com telões interativos com tecnologia touch screen para a exibição dos melhores momentos, mensagens de internautas, links com repórteres de outros estados e notas dos telespectadores para as escolas.

"Adoro estar ao vivo, no lugar onde a pauta acontece e interagindo com o público. No Carnaval, consigo as três coisas ao mesmo tempo", valoriza Ana Paula.

O Fuxico: De que forma você interage com o público no "Estúdio Globeleza" este ano?

Ana Paula Araújo: As pessoas mandam mensagens de casa pela internet ou pelo celular e leio muitas delas no ar. Temos ainda uma brincadeira: o povo dá uma nota para cada escola que passa. Mas a gente sabe que tem muita torcida que se empenha em detonar uma agremiação rival. Teve um ano em que a Beija-Flor foi campeã, mas ficou em último lugar nessa votação. Suspeitamos de cara que eram as torcidas concorrentes querendo puxar o desfile deles para baixo. 

OF: Como era sua relação com o Carnaval antes de ser pautada para trabalhar nele?

APA: Eu sempre adorei. Nunca consegui desfilar porque trabalho na cobertura. Mas, quando morava em Minas com a minha família, varava as madrugadas ao lado do meu avô, assistindo a tudo pela tevê. A gente só ia dormir depois que a última escola passava. E era uma época em que o desfile acabava bem tarde, já de manhã mesmo, por volta das 8, 9 horas. Por mais que eu gostasse do Carnaval em geral, sempre me encantei para valer pelo desfile das escolas de samba. É uma festa muito bonita e, o principal, é do povo. São as comunidades que fazem o desfile. Isso sempre me emocionou.

OF: Quando você começou a cobrir o Carnaval?

APA: Já no meu segundo ano trabalhando no Rio, ainda em rádio. No primeiro, eu lembro que fiz plantão de manhã e foi horrível. Não tinha nada, as ruas estavam desertas. E tínhamos flashes patrocinados que tinham de entrar de qualquer jeito. Hoje há muitos blocos no Rio de Janeiro, mas isso tem muitos anos. Eu parava em qualquer canto e, quando via alguém com um pandeirinho, pedia para fazermos um esquenta ali mesmo. Era um sacrifício. Deve ter uns 18 ou 19 anos que eu cubro avenida, mas me perco nas contas. 

OF: Atualmente, você é âncora do jornal local da tarde do Rio, está na escala de plantão da bancada do Jornal Nacional, é apresentadora substituta do Fantástico e um dos principais nomes da transmissão do Carnaval. Como enxerga sua atual fase na Globo? 

APA: Vivo um momento muito especial. Sinto que já alcancei mais do que poderia imaginar. É uma fase incrível do RJ TV, onde tenho um espaço como nunca tive. Posso improvisar e fazer um jornal com a minha cara. Ao mesmo tempo, tenho a oportunidade de apresentar dois dos principais programas da televisão brasileira. É bacana porque conquistei isso depois de muito trabalho. Só de Globo, já tenho 18 anos. As equipes me conhecem, é uma vida aqui dentro.

OF: Depois de tanto tempo atuando principalmente em jornais locais, como é hoje o reconhecimento do público em outros estados brasileiros?

APA: O Rio é a minha casa, então, é normal que seja o lugar onde as pessoas conversam comigo como se fossem minhas amigas. Elas me pedem matérias e dão várias sugestões de pauta. Saio sempre com papéis com telefones e pedidos de reportagens. Nos outros lugares também há esse reconhecimento. Ainda menor, mas já começa a crescer. 

OF: E essas pessoas que reconhecem você em outros estados comentam mais sobre o Fantástico ou sobre o Jornal Nacional?

APA: Por incrível que pareça, principalmente pela ocupação do morro do Alemão. As pessoas não esquecem, é impressionante. Falam primeiro do Alemão para, depois, mencionarem o Fantástico, Jornal Nacional e Carnaval. Acho que foi naquela cobertura que a minha imagem ficou mais conhecida em todo o país. 

OF: E foi um trabalho que rendeu um Emmy para a equipe inteira. Esse prêmio mudou seu status dentro da emissora?

APA: A cobertura mais mudou minha vida do que o prêmio em si. É claro que se trata de um orgulho pessoal. Mas já havia da parte de todo mundo um reconhecimento pelo trabalho que foi feito. E, como você disse, foi em equipe e não apenas meu. Fico feliz por ter recebido, tenho meu diploma em local de destaque na minha sala. Quando vou mostrar a casa para as visitas, ali é o ponto principal, onde todo mundo para. Mas, no dia a dia, essas coisas se normalizam e você volta à rotina. Tenho a oportunidade de fazer um bom trabalho todos os dias, assim como a chance de ser criticada. Meu trabalho é de formiguinha. É uma honra ter no meu currículo esse prêmio, mas não dá para se acomodar com isso. A vida não está ganha. 

OF: Você tem vontade de migrar para a rede e conquistar projeção nacional ou prefere a autonomia que o RJ TV lhe dá atualmente?

APA: Pois é, tenho um espaço com muita liberdade mesmo. Olha, eu trabalho e peço que venha o melhor. Sou bem feliz onde estou. Adoro fazer outros programas na rede e sei que é importante na carreira porque traz uma exposição diferente. Mas tenho medo de ficar procurando coisas porque sei que o que já conquistei tem uma importância forte. Então, prefiro deixar acontecer. Se vier algo diferente, tudo bem. Claro que vou gostar de um desafio novo. Mas, como estou satisfeita, espero sem pressão que outra porta se abra em meu futuro. 

OF: Depois de ter atuado como repórter, sente falta de sair mais para as ruas?

APA: Sinto. De vez em quando, até vou. Mas é raro. Meu jornal entra no ar de segunda a sexta. Quando dá, faço alguma matéria fora. Nos períodos que passo no Fantástico, aproveito bem. Mas o que eu adoro é ancorar o RJ TV da rua. Recentemente, teve a pacificação do morro do Jacarezinho e fizemos a transmissão de lá. As coisas que mais curto na televisão são estar ao vivo – por mais que seja uma tensão enorme e dê margem para todos os imprevistos – e também no local onde as coisas estão acontecendo. Nessas horas, junto os dois sem ter de deixar meu posto de apresentadora. 

OF: Já pensou em apresentar um projeto de programa seu para a Globo ou até mesmo para a Globo News? Hoje o espaço para jornalistas cresceu bastante na tevê a cabo. 

APA: Não tenho nada em mente agora. Estou sempre bem atarefada. Mas claro que já me passou pela cabeça. Só que, apesar de apresentar, me sinto repórter no "RJ TV". Tenho de acabar apurando muita coisa porque de alguns assuntos nós só temos imagens de cinegrafistas que saíram sem repórteres. Também faço diversas entrevistas e interajo com os comentaristas. Me sinto repórter e editora, o que me deixa plenamente realizada.

Trajetória Televisiva

"Rio em Manchete" (Manchete, 1993 – 1995) – Repórter e apresentadora.

"Bom Dia Rio" (Globo, 1995 – 1999) – Repórter e apresentadora substituta.

"RJ TV" (Globo, 1999 até hoje) – Repórter e apresentadora.

"Jornal Nacional" (Globo, 2011 até hoje) – Apresentadora em plantões de final de semana. 

"Fantástico" (Globo, 2012 até hoje) – Apresentadora substituta.

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