Ananda se pronuncia sobre Minerato e destinará indenização ao antirracismo

Por - 28/11/24 às 19:24

Ananda e Ana Paula MineratoAnanda e Ana Paula Minerato - Reprodução/Instagram

A cantora Ananda, integrante do grupo Melanina Carioca, se pronunciou oficialmente nesta quinta-feira (28) para abordar os ataques racistas que sofreu. A artista foi alvo de ofensas feitas por Ana Paula Minerato, que utilizou expressões como “neguinha” e “cabelo duro”. Ananda registrou um boletim de ocorrência e fez um apelo por justiça.

Pronunciamento e ações futuras

“Foi muito difícil fazer esse pronunciamento, mas resolvi fazê-lo trazendo uma dose de letramento racial e um pouco da minha história. O que não podemos mais é aceitar que atitudes racistas fiquem impunes. Racistas não passarão! Quero justiça e destinarei o valor da indenização para projetos de educação antirracista e de gênero.”

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A artista também destacou a importância de tratar o racismo como crime, enfatizando que, embora Minerato tenha pedido desculpas, isso não anula a gravidade do ocorrido.

Reflexões sobre identidade racial

Após o episódio, Ananda refletiu sobre como os ataques racistas também geraram questionamentos sobre sua identidade. Ela explicou a complexidade de sua autopercepção, baseada em seus traços e pele clara.

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“Existe essa questão de eu ser vista dessa forma por conta dos meus traços negroides, mas há essa confusão porque tenho a pele muito clara. Como isso se encaixa? […] Aí a gente vai falar com especialistas”.

A cantora ressaltou que experiências de violência racial marcaram sua infância e adolescência, levando a conflitos internos sobre sua identidade.

“Sofri algumas humilhações, algumas violências em relação a isso, não só com bullying, mas com falas que me atravessaram, por pessoas de quem até eu gostava. A gente vive num país extremamente miscigenado. Aqui, a gente tem uma mistura de tudo. Sou uma pessoa miscigenada”.

Resgate da autoestima e transformação

Ananda revelou que alisou o cabelo por anos devido à pressão estética e racista, mas encontrou força no movimento feminista negro.

“Passei muito tempo com cabelo alisado, foi uma década. E dentro desse tempo, eu entrei na fase adulta, onde tenho uma transição interna. Graças ao movimento do feminismo negro acerca desse assunto, a gente ganha um lugar na prateleira, nos produtos.”

Ela finalizou afirmando que a aceitação de sua identidade foi essencial para fortalecer sua autoestima.

Causa e letramento racial

Além de buscar justiça no caso, Ananda se comprometeu a destinar a indenização que pode receber para iniciativas que promovam educação antirracista e igualdade de gênero.

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Formado desde 2010, já passou pelas editorias de esporte e entretenimento em outros veículos do país e atualmente está no OFuxico. Produz matérias, reportagens, coberturas de eventos, apresenta lives e ainda faz vídeos curtos para as redes sociais