André Segatti diz que um vilão leva o ator para longe de sua realidade

Por - 01/03/13 às 14:05

Jorge Rodrigues Jorge / Carta Z Notícias

Ao completar 20 anos de carreira na televisão, André Segatti chama atenção por sua extensa coleção de personagens do tipo mau-caráter. Entretanto, o intérprete do ambicioso Magno de Balacobaco nem sempre seguiu esse perfil de escalação. Na verdade, André estreou seu primeiro trabalho em Malhação, em 1998, e na emissora ainda participou das minisséries Labirinto e Chiquinha Gonzaga, da novela Torre de Babel e do programa A Turma do Didi.

Cansado de dar vida a mocinhos, ele resolveu buscar algo diferente de tudo o que já tinha feito antes. Com um pouco de insistência e sorte, Segatti foi chamado para encarnar o  bon vivant Alex, na minissérie Labirinto, escrita por Gilberto Braga e exibida pela Globo em 1998, abrindo portas para inmeros outros trabalhos focados na marginalidade.

"Eu já tinha feito muitos personagens bonzinhos e vivia pedindo para interpretar um vilão. Queria explorar outra faceta da minha atuação", relembra. 

Atualmente, Segatti está com 40 anos e já pode ser considerado um expert em vilanias. Desde que foi contratado pela Record, em 2006, por exemplo, só se dedicou a personagens de índole duvidosa. Tipos como o Gerião Correia da novela Prova de Amor, o Ivo do remake de Bela, A Feia e o Paltiel da minissérie bíblica Rei Davi, entre outros. Apesar disso, o ator não teme se tornar repetitivo em suas aparições na tevê, pois considera cada vilão de seu currículo extremamente diferente dos demais.

"O vilão requer um laboratório mais profundo do ator porque sua personalidade e seus atos são sempre muito distantes da realidade de quem o interpreta", explica.

Em Balacobaco, Segatti vive um vilão mais brando. E, mesmo sendo o braço direito de Norberto, interpretado por Bruno Ferrari, Magno não é exatamente um grande executor de planos malignos. Com raciocínio lento, o personagem se atrapalha ao realizar as tramoias ordenadas por seu chefe e só participa dos atos criminosos pelo dinheiro envolvido no negócio. Para desenvolver o mercenário, o ator buscou referências em visitas a presídios e delegacias, além de atribuir um tom cômico ao papel.

"Ele tem um sorriso largo e um jeito de malandro, o que o torna engraçado. E isso diferencia o Magno de todos os meus outros vilões", compara.

Como a novela assinada por Gisele Joras é voltada para o humor, Segatti tem de tomar certos cuidados na hora de gravar cenas mais engraçadas. Isso porque a linha que divide a comédia do pastelão é muito tênue. Para preservar seu personagem do caricato e torná-lo o mais crível possível para o público, o ator aposta na técnica Stanislavski de interpretação, que ressalta a chamada verdade cênica.

"Eu sempre vou em busca da verdade que está sendo dita na trama, não brinco de interpretar. Sinto a realidade da cena e atuo", garante. 

Mesmo emendando um trabalho atrás do outro no Brasil, Segatti segue morando em Los Angeles, na Califórnia. A mudança para a cidade conhecida internacionalmente por ser um pólo cinematográfico não foi à toa. Dono de uma produtora de longas-metragens, o ator investe em projetos ambiciosos no exterior. Entre as produções em andamento estão tramas com vampiros, remakes de filmes antigos e roteiros recheados de alienígenas.

"Eu produzo longas para poder estar na frente das câmaras também.  Nos Estados Unidos, tudo é diferente do Brasil, roteiros com vampiros e alienígenas dão certo", enfatiza.


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