Antonio Calloni presta homenagem ao Dia do Ator
Por Redação - 19/08/12 às 14:15
O Dia do Ator é comemorado neste domingo (dia 19). Em seu site (www.antoniocalloni.com), Antonio Calloni, que também é poeta, escreveu um texto sobre a profissão. Ele volta à telinha na novela Salve Jorge, que substituirá Avenida Brasil, na Globo.
“Ser ator é realmente uma profissão de maluco, fascinante. A poética do ridículo, o brincar de faz de conta, o infindável universo onírico e a tremenda cara de pau fazem com que os atores encantem os que os assistem e sonham junto com eles – pelo seu poder de transgressão, pela sedução, pelo poder de conscientização, pela capacidade de simplesmente entreter e pela mágica de poder ser quase todo mundo”, destacou Calloni.
Ele também ressaltou a importância da formação cultural dos profissionais das artes cênicas.
“Lemos Diderot, Stanislavsky, Grotowsky, Meyerhold, D.T. Suzuki e uma infinidade de outros livros (todos fundamentais). Ouvimos muita música clássica para apurarmos nossa noção de ritmo, de cor, de intensidade. Ouvimos samba, pagode, MPB, música sertaneja e o diabo a quatro, graças ao bom Deus. Graças à obrigatória falta de preconceito para ver e viver a vida como ela é (obrigado, grande Nelson!) e poder reproduzi-la, e, melhor ainda, recriá-la como uma pintura, que quase sempre é mais rica do que uma foto”, comparou o ator.
Calloni não esqueceu de mencionar a inspiração da vida cotidiana para os artesãos da arte de representar.
“Conversamos com o Zé que vende coco no quiosque da praia e notamos um gesto diferente, um ritmo novo, outras possibilidades de comportamento e de comunhão com a vida. Observamos sem pensar. Viva o Zé! Precisamos dele. E depois colocamos uma armadura e dizemos que somos cavaleiros da Távora Redonda, dizemos que somos bons, que somos maus, que somos bons e maus, que somos gente”, enfatizou o poeta.
Calloni observou ainda que fazer um bom trabalho de ator é sempre muito arriscado, mesmo que o personagem seja comum, simples, cotidiano.
“É mais arriscado ainda. É raro, mas acontece de se ver um ator dizendo que está arriscando quando, na verdade, está fazendo um trabalho histérico e fora da medida. No caso de uma novela, geralmente as pessoas se acostumam e até passam a gostar. O erro faz parte do show. Eliminá-lo é impossível. Diminuir a margem de erro com estudo, dedicação e, principalmente, leveza e bom humor talvez seja o melhor caminho. Cada um escolhe o seu”, explicou o ator.
Um dos grandes nomes de sua geração, com sucessos na tevê, no cinema e no teatro, em mais de 30 anos de carreira, Calloni faz um balanço positivo de seu ofício de dar vida a personagens tão ricos e distintos.
“É uma profissão generosa, democrática e acolhedora. Qualquer um pode ser ator, basta saber falar, andar, ler e ter o juízo mais ou menos perfeito. Todos têm direito à tentativa e ninguém tira o lugar de ninguém. Fazer um bom trabalho de ator e permanecer digno praticando o ofício já são outros quinhentos, não é para qualquer um”, escreveu em seu site.
Ele termina o texto agradecendo aos seus “nobres e loucos companheiros atores” e citando nominalmente grandes damas de sua arte.
"Quero agradecer aos grandes atores que já superaram o estágio dos adjetivos e conquistaram a liberdade plena da criação. Qual o adjetivo para Fernanda Montenegro, para Laura Cardoso? Quero agradecer também aos que estão começando, aos que estão terminando (se é que isso é possível) e aos que estão por vir. Sou ator, acho que isso quer dizer alguma coisa. Evoé!”, finalizou Calloni.
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