Antonio Fagundes sobre morte de Cesar: “Era por volta do capítulo 80, mas já não sei de mais nada”
Por Redação - 02/08/13 às 15:30
O riso de canto de boca de Antonio Fagundes denuncia sua satisfação com os últimos acontecimentos da carreira. Na tevê, ele vem do bom desempenho no remake de Gabriela, exibido no ano passado, e agora se surpreende com as ambiguidades na pele de César, de Amor à Vida. No teatro, já passou pelos principais palcos nacionais com o espetáculo Vermelho, onde divide a cena com seu filho, Bruno.
"Não tenho do que reclamar. São trabalhos que me empolgam. Chega um momento da carreira onde você já fez de tudo um pouco. Então, só me envolvo com o que realmente me dá prazer", analisa, lembrando que também retomou sua relação com o cinema.
Paralelamente ao teatro e à televisão, Fagundes aguarda o lançamento do suspense Quando Eu Era Vivo, longa de Marco Dutra, e ainda será um chefe de polícia em Alemão, de José Eduardo Belmonte.
"Um monte de projetos bons apareceram ao mesmo tempo. Foi e é difícil conciliar tudo, mas não consegui dizer 'não'", conta.
Contratado da Globo desde 1976, quando viveu o prefeito Lua Viana, da versão original de Saramandaia, Fagundes assume que, ao longo do anos, foi se cansando do esquema industrial de novelas.
"Estou gostando de ver que as tramas estão diminuindo de capítulo. Isso é importante para quem faz e quem assiste à tevê", opina o ator, que, até acertar sua participação em Amor à Vida, confessa que esperava ficar um bom tempo longe dos estúdios da Globo, onde, só na última década, participou de sete novelas.
"Apesar de cansativo, o processo de trabalho sempre me interessa", garante Fagundes, que, na contramão de boa parte dos atores, não recorre a complexos laboratórios para compor os tipos que interpreta.
"Ao longo da carreira e da vida, os verdadeiros atores têm como deformação profissional a observação. É isso que faz com que a gente esteja sempre pronto para fazer um personagem", justifica.
Invejado pelos colegas por sua rápida memorização do texto, ele se mostra cada vez mais criterioso com os convites que recebe para a tevê. Uma das principais preocupações do ator mora na equipe com quem vai passar meses trabalhando intensamente. A outra, é claro, está no personagem. E no caso de seu atual papel, Fagundes é categórico ao afirmar que o fato de ir conhecendo novas nuances de César a cada cena o entusiasmou.
"Eu sabia que ele seria o centro de um jogo de poder, que teria alguns casinhos extraconjugais e mistérios do passado. Mas não na proporção que as tramas estão acontecendo", valoriza ele, que, com tantas reviravoltas, não sabe ao certo quando César irá morrer na novela de Walcyr Carrasco.
"Era por volta do capítulo 80, mas já não sei de mais nada", despista.
Além de todos os projetos e do papel central em Amor à Vida, Fagundes é também um campeão das reprises do canal pago Viva. Atualmente, além de ser visto no seriado Carga Pesada, também é destaque em Rainha da Sucata, de 1989, e Renascer, de 1993, novelas que representam momentos distintos de sua trajetória.
"Na primeira, me deram a chance de fazer humor na tevê e foi maravilhoso. Já a segunda marca meu encontro com o Benedito Ruy Barbosa em um dos papéis mais fortes da minha carreira", relembra.
Sem grandes doses de saudosismo, o ator afirma que, quando pode, dá uma olhada em seus trabalhos antigos. No entanto, garante manter um certo distanciamento crítico ao analisar seu desempenho.
"Depois que passa um tempinho, não é mais você. É um cara lá. Você já envelheceu um pouquinho, já mudou, já engordou", ressalta.
Com 50 anos dedicados à atuação – a estreia foi no teatro amador –, Fagundes não pensa em descansar. Entre os futuros projetos, um novo espetáculo teatral e a vontade de produzir e atuar em filmes de teor mais independente.
"Acho gostoso sempre perseguir alguma coisa. O momento em que eu me sentir realizado é porque acabou, não é?", questiona.
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