Antônio Fagundes sobre peruca em novela: ‘É o personagem’

Antônio Fagundes realmente está chamando a atenção dos telespectadores, na pele do coronel Afrânio, de Velho Chico, atual novela das 21h da Globo. Em uma recente conversa com a reportagem da revista Top, o ator falou um pouco sobre seu atual personagem. 

"É um cara sujo, e precisa ser assim para tocar aquele império. Mas que tem uma desgraça interna, porque toda vez que se olha no espelho, enxerga o que realmente é: puro, idealista, acredita na lei, na relação das pessoas, na igualdade. Ele é um Dorian Gray (protagonista do livro O Retrato de Dorian Gray) ao contrário: vai se estragando por fora, mas o retrato dele continua bonito. Por isso, considero o Afrânio icônico", chegou a afirmar o artista, na ocasião. 

Ainda aproveitando o papo, ele também comentou o fato de muita gente não aprovar a peruca que usa, em todas as cenas que grava, para o folhetim da Globo, deixando claro que a mesma é uma das partes mais importantes de seu papel. 

"Acho engraçada essa grita por causa da peruca do Afrânio. É o mesmo que falar que o nariz de Cyrano de Bergerac (protagonista da obra de mesmo nome) está grande ou a corcunda do Quasímodo (personagem do filme O Corcunda de Notre Dame) não está boa. A peruca, o nariz ou a corcunda são traços emblemáticos e têm um significado. Por que o Saruê tem aquela peruca? Tem de se pensar, antes de falar que está feia. É ruim pensar que eu ou o autor iríamos colocá-la no personagem sem motivo. Eu bati o pé para ficar com a peruca! Todos bateram. Ela é o personagem e está ali para ser retirada, em algum momento, o que irá acontecer", chegou a afirmar ele, todo misterioso, antes de continuar seu raciocínio. 

"Engraçado que algumas pessoas seguem gritando que a peruca do Afrânio está feia, enquanto, dentro dele, tem uma coisa horrível acontecendo, mas que ninguém quer dar atenção. Aquele cara é um predador, que desvia o rio para suas terras, superfatura obras, polui. E para isso ninguém grita. Mas a peruca é terrível, tem de ser retirada. Isso que se passa é a história da nossa vida: notamos coisas estranhas superficiais, mas a profundidade a gente não consegue e não quer perceber", finalizou ele, visivelmente satisfeito com o atual momento de sua vida profissional. 

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