Antônio Fagundes: ‘Temos que descobrir uma nova dramaturgia’

Por - 08/06/20 às 12:00

Reprodução/Instagram

Embora esteja apresentando os melhores momentos do Domingão do Fustão, ao longo dos 30 anos de existência, neste período de pandemia por conta do coronavírus, Fausto Silva conversou ao vivo, por videoconferência, com Antônio Fagundes, no domingo (7). O ator contou que está em quarentena ao lado da mulher, Alexandra Martins, em sua casa em São Paulo. 

"É uma segunda lua de mel. Que venha a terceira, a quarta", brincou.

O apresentador questionou o artista sobre as mudanças que devem acontecer, quando essa fase crítica chegar ao fim.

"Você está preparado para fazer daqui para a frente novela sem beijo, sem abraço? Até sem porrada?"

"A gente tem que descobrir uma nova dramaturgia, uma nova forma de se relacionar, infelizmente, durante um tempo, enquanto não aparecer a vacina e a cura para essa doença. Tenho certeza de que isso vai aparecer logo. As pessoas já estão se juntando ao longo do mundo para descobrir uma solução para isso. Logo vai ser resolvido, tenho fé", disse Fagundes.

O ator, que está de férias desde o final de Bom Sucesso, no ela que antecedeu Salve-se Quem Puder, na faixa das 19h, antes da pandeia, destacou que até que tudo se normalize, será um período "engraçado" de comunicação.

"As novelas vão ter que se reinventar, o teatro vai ter que se reinventar, mas nós vamos chegar lá. Nem o mais delirante autor de ficção científica imaginou uma coisa tão violenta e tão impactante para todo mundo", disse.

Faustão destacou o fato de os programas de auditório ficarem sem plateia.

"Não terá mais o calor humano, a gente fica aqui de janelinha."

"Por um tempinho só, Fausto, depois a gente retoma isso", amenizou Fagundes.

Faustão, então, ressaltou a importância de uma vacina que interferisse na consciência da humanidade, para que as pessoas tenham um pouco mais de equilíbrio.

"Essa vacina vai demorar um pouquinho mais", disse Fagundes.

Política

O domingo (7) foi marcado por manifestações em todo o país e Fagundes saiu em defesa da democracia, após uma provocação do apresentador.

"A democracia tem suas mazelas que precisam ser consertadas. Um de seus grandes méritos é que ela não está pronta, tem que ser discutida diariamente. Para isso, a gente tem que ter liberdade. Assim vai conseguir dialogar e deixar os gabinetes do ódio isolados e entender que a sociedade só vai funcionar se a gente se olhar nos olhos e resolvermos os problemas juntos", disse o ator. 

Fagundes também se manifestou a favor dos protestos contra o racismo no Brasil e nos Estados Unidos.

"Ele tem que ser combatido em sua base, temos que gritar nas ruas que isso não pode acontecer. Todo ser humano é igual e tem que ser tratado da mesma forma", considerou.

Sem expectativa

Fagundes afirmou que não cria expectativa de que as pessoas se tornem melhores seres humanos depois da crise humanitária.

"Tem uma imagem que eu vi um dia desses e que gostei muito. A gente entrou numa panela de pressão. O que está lá dentro não se modifica. O que entrou lá, vai continuar lá. Se tem batata não vai sair cenoura. Vamos só exacerbar alguns sentimentos nossos. Aqueles que tinham bons sentimentos vão sair melhores. Os maus, piores. Não acredito de mudanças", afirmou.

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