Artistas elogiam peça de grupo mineiro, dirigida por Paulo José

Por - 05/05/06 às 10:11

Felipe Panfili

A estréia de Um Homem É Um Homem, montagem do grupo mineiro Galpão, que tem como diretor Paulo José, conquistou uma unanimidade entre os famosos: todos eram só elogios ao trabalho apresentado no palco do Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, centro do Rio. Cristiana Oliveira, que já foi convidada para participar do grupo, na época em que o diretor era Gabriel Vilela, estava emocionada no final do espetáculo que é uma adaptação da peça de Bertold Brecht escrita em 1928 e originalmente se passa na Índia, para os dias atuais e cuja ação ocorre em um país imaginário chamado Urbequistão.

“Conheço o Galpão há muitos anos e desde que começou faz um trabalho sério, completo, tanto de interpretação quanto de corpo e musicalidade. Visitei o grupo em Belo Horizonte (MG) em um momento que ele passava por dificuldade de conseguir patrocínio e vários artistas, que fazem teatro no eixo Rio-São Paulo, foram ser solidários para que o trabalho não fosse interrompido. Na época eles faziam teatro de rua, dirigidos pelo Gabriel Vilela e fui até convidada para ser a Julieta na montagem de Romeu e Julieta. Mas como estava fazendo uma novela, não foi possível. Foi uma perda para mim e se hoje voltar a ser convidada, se estiver disponível, vou de olho fechado trabalhar com esse grupo que acompanhei também a transição de diretor, ou seja, os espetáculos assinados pelo Paulo José”. 

Chico Diaz classificou de muito oportuna a leitura que Paulo José e o Grupo Galpão fizeram da peça de Bertold Brecht. Acompanhado de seu irmão, Henrique Diaz que também é ator e diretor, Chico diz que uma montagem como a que está em cartaz no Carlos Gomes revigora o panorama geral do teatro carioca.

“É uma bela estréia. É muito importante retomar a discussão que o autor faz nessa peça, principalmente por causa das contingências que vivemos atualmente”.

Também aplaudiram a estréia de Um Homem É Um Homem, as atrizes Ivone Hofman e Bel Kutner que mais uma vez se babou pelo trabalho que seu pai, Paulo José, vem desempenhando com essa trupe mineira. Flávio Migliacio e Nildo Parente também se declararam fãs de carteirinha do Galpão, fazendo questão de prestigiar todos os espetáculos que o grupo mineiro traz ao Rio de Janeiro.

Um Homem É Um Homem

No original de Brecht, conforme destaca o programa da peça, a ação transcorre na Índia, em 1928, em um acampamento militar de tropas britânicas que se preparam para promover uma guerra pacificadora em províncias rebeldes. E nos dias de hoje, onde se passaria a peça? O que ocorria na Índia na época em que a peça foi escrita ocorre no Afeganistão, no Iraque e as tropas inglesas de ontem são hoje as forças norte-americanas e inglesas em luta contra a “barbárie oriental”. A farsa de Bush, Blair et caterva    motivou nossa adaptação da comédia, ou tragicomédia, Um Homem É Um Homem, ambientando-a num país imaginário, o Uberquistão, em cuja capital Dagbá estão aquartelados cem mil soldados ocidentais.

Temporada carioca

A temporada carioca do grupo Grupo Galpão com a peça Um Homem é Um Homem iniciada em 4 de maio vai até 4 de junho, no Teatro Carlos Gomes.