Atriz de José do Egito diz que atuais programas de TV são banais
Por Redação - 09/04/13 às 08:34
Para dar vida a Mara, em José do Egito, Juliana Boller teve de mergulhar nos estudos e nos textos escritos por Vivian de Oliveira. Com olhar sereno e fala doce, a atriz em nada se parece com a ríspida personagem.
"Mara, em hebreu, quer dizer amargo", justifica, frisando que é mais complicado desenhar um papel cujas características são completamente diferente das que conhece ou já viveu.
Superar dificuldades, no entanto, não é problema para a atriz, que mora longe do pai e da mãe há quase dez anos. Nascida em Petrópolis, cidade da região serrana do Rio de Janeiro, Juliana teve de convencer os pais a deixá-la viajar para a capital uma vez por semana para estudar teatro.
"Quando tinha 13 anos, saía de Petrópolis com alguns amigos, ia de ônibus para o Rio, assistia às aulas no Tablado e voltava", lembra.
Com a paixão latente pelo teatro e buscando cursar uma faculdade de Artes Cênicas, aos 17 anos, Juliana decidiu se mudar de vez para o Rio.
"Como só tinha prática no teatro amador, acabei não passando de primeira para a universidade", lamenta.
Após fazer uma sessão de fotos e enviá-las para uma agência, conseguiu uma vaga na Oficina de Atores da Globo. O aprendizado rendeu trabalhos em Malhação, em 2006, e na novela Paraíso, em 2009, além de algumas participações especiais.
Mas não é só a atuação que ocupa a vida de Juliana. Junto com amigos, também do meio artístico, ela abriu uma produtora. Há um ano localizada em uma sala no Leblon, bairro nobre carioca, a Coletivo Consciente produz mostras culturais, peças e eventos relacionados à música.
"O objetivo é fazer produções unicamente autorais. É produzir o que estamos curtindo, escrevendo e pensando", revela.
Devido às gravações, aulas na Uni-Rio e trabalho na produtora, Juliana lamenta que quase não sobra tempo livre.
"Passei um ano sem ter tevê em casa. Comprei dias antes de estrear a minissérie", diverte-se.
Com o fim das gravações de José do Egito, Juliana destaca a importância da preparação, iniciada em julho de 2012.
"Aprendemos a fazer lã, a tomar banho com areia e banha animal… Enfim, a viver como aqueles povos viviam", ressalta.
Além de frequentar alguns workshops, a atriz também passou 12 horas acampada com todo o elenco no RecNov, central de dramaturgia da Record, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
"Tivemos a oportunidade de conviver como sociedade. Além de seguir costumes da época, como comer em pratos de barro e usando as mãos", relembra.
A proximidade com o elenco começou durante a viagem para o Deserto do Atacama, no Chile.
"Fui para gravar duas cenas, mas acabei passando 11 dias", conta.
A primeira experiência de viagem a trabalho da atriz, apesar de prazerosa, foi sofrida.
"Por causa da falta de umidade, meu nariz sangrava todos os dias", lamenta.
Além da mudança visual, Juliana também passou por transformações na sua maneira de enxergar a vida durante as gravações da trama dirigida por Alexandre Avancini. Loura, a atriz teve de pintar os cabelos de preto e usar um aplique para alongar os fios. Para ela, a mensagem de resgate às origens transmitida pela minissérie é um dos pontos mais importantes da produção.
"Não tem a ver com religião e sim com religiosidade. Os programas de tevê hoje são muito banais. E 'José' promove uma reflexão, um resgate de valores de família e coletividade", pontua.
Na reta final da minissérie bíblica, a personagem de Juliana sofrerá reviravoltas. Em sua fase jovem, Mara foi interpretada por Bia Braga.
"A fase mais revoltada dela foi vivida pela Bia. Eu entro em uma fase onde o cenário geral é tão ruim que não cabe mais tanto ódio", compara, aproveitando para adiantar que o amor transformará Mara, que terá um envolvimento com Benjamim, de Gustavo Leão.
"Ela amadurece nas dificuldades e acaba se rendendo ao sentimento", filosofa.
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