Atriz de Malhação passa por transição de gênero
Por Redação - 24/09/20 às 19:34
Entre o final do ano passado e o início deste ano, Beatriz Damini ficou bastante conhecida por ter atuado em Malhação – Toda Forma de Amar. Na novela teen da Globo, interpretou a personagem Martinha. Na terça-feira (22), em suas redes sociais, foi informado que Beatriz saiu de cena. E entrou Benjamin. Seu verdadeiro eu, graças a transição de gênero. Ele explicou que desde os três anos de idade sentia que estava no corpo errado.
"Benjamin quer te contar uma história. Ele sou eu. Nesta foto eu tinha três anos. Aos três, eu acreditava ter nascido no corpo errado e por muitos anos rezei antes de dormir para acordar no dia seguinte no corpo certo, no corpo de um menino”, iniciou o relato.
O ator disse que, na inocência da infância, tentou explicar aos colegas de escola que estava disfarçado de menina.
“Aos quatro, convenci meus amigos da escola de que eu era um menino disfarçado de menina, mas ninguém além deles poderia saber. Aos sete, quando meus seios começaram a se desenvolver e eu não podia mais brincar na praia sem a parte de cima do biquíni, eu chorei. Aos nove, quando eu menstruei, eu também chorei", disse.
Por conta das cobranças para que se portasse como uma menina deveria, ele tentou se encaixar e reproduzir comportamentos que seriam pertinentes a uma menina de sua idade.
"Foram choros intermitentes que só cessaram depois de dias. Porque eu nasci fêmea, toda fêmea tem que ser menina. Foi isso que sempre me disseram. Então quem sabe seja isso mesmo. Eu sou uma menina e para sempre vou ser. Mas eu não me sinto menina. Não sei nem ser menina. Não interessa. Aprende. É assim que vai ser. Enxuga essas lágrimas. Engole esse choro. Engole tudo o que te diferencia das outras meninas. Engoli. Comprei sutiã. Sou uma menina", relatou.
Depressão e remédios
Foi inevitável que a depressão tomasse conta e os remédios passaram a ser necessários para tentar contar a situação. Benjamin contou como foi cruel ter que namorar um menino na adolescência.
"Aos 12, comecei com as explosões de agressividade com a minha família e com qualquer colega na escola que me chamava de maria-macho. Aos 13, escrevi uma história de um menino chamado Benjamin que sentia demais. Aos 14, veio a primeira depressão. Terapia. Remédios. Aos 16, arrumei um namorado. Antônio. Antônio não é o nome dele de verdade. Tipo Beatriz. Eu controlava até as roupas que o Antônio usava. Troca esse short porque não está combinando com a blusa, Antônio. Aliás, não gosto dessa blusa, deixa eu escolher outra. Tadinho do Antônio. Antônio foi uma das algumas vítimas das minhas projeções de gênero inconscientes. A verdade é que eu queria poder usar as roupas que o Antônio usava. E eu até podia. Mas tinha medo", contou.
Já no início da vida adulta, com uma menina, percebeu definitivamente sua verdadeira personalidade.
"Aos 18, comecei a namorar Ana. Ana não é o nome dela de verdade. Tipo Beatriz. Mas por 21 anos esse nome fez muito sentido. Atriz. Era isso que eu era. Atriz de mim. Quando Ana terminou comigo, percebi que não sabia quem eu era de fato. Fui buscar. Eu sou transexual.”
“E, para você que está lendo, isso apenas deve significar que meu nome de verdade é Benjamin e desejo ser tratado no masculino. Eu sou transexual. E nem por isso eu nasci no corpo errado ou odeio minha genitália ou não me amo como sou. Eu sou transexual. E nem por isso vou reproduzir machismo, misoginia e masculinidade tóxica."
"Eu sou transexual. E nem por isso você tem o direito de especular em cima do eu corpo e da minha existência. Eu sou transexual e essa é a minha história. Nem por isso tudo que eu disse aqui é uma verdade universal e absoluta. A transsexualidade é múltipla. A minha transsexualidade é uma dentre muitas que estão existindo por aí. Eu sou transexual e tenho orgulho da minha história e da minha existência. Eu sou".
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