Berenice Procura: De forma sensível, filme expõe a transfobia e humaniza os transexuais

Por - 27/06/18 às 19:00

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Existem muitos motivos que podem levar as pessoas a gostarem de “Berenice Procura”, passando desde a atuação, roteiro, edição, fotografia até a direção, mas nada supera a inteligência e a sensibilidade com que o filme aborda e humaniza os transexuais.

Este suspense baseado no romance homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza, apresenta de cara em formato de notícia uma dura realidade: mais um transexual foi morto no país que mais mata transexuais.

Infelizmente esta notícia que faz parte da realidade do brasileiro se tornou algo tão banal a ponto de dificilmente conseguir gerar comoção da imprensa e da população em geral.

Porém, a grande sacada do filme foi retroceder alguns dias antes do crime e apresenta a história de Isabelle (Valentina Sampaio ), uma linda transgênero, que assim como você e eu, possui amores, sonhos, desejos, família e tudo aquilo que não pensamos quando vemos apenas os números de mortes nos telejornais.

A trama central conta a história de Berenice (Claudia Abreu), uma mulher de 35 anos extremamente dedicada ao seu trabalho de taxista no Rio de Janeiro.

Totalmente consumida pela profissão, ela precisa dividir o pouco tempo que lhe resta entre a criação do filho – um adolescente descobrindo sua sexualidade – e sua conturbada relação com o marido Domingos (Eduardo Moscovis).

É justamente a morte da transexual Isabelle, que possui uma ligação com o filho de Berenice, que irá acender o lado investigativo da taxista e transformar a sua vida.

O filme funciona muito bem como suspense policial e conta com excelentes atuações para contar essa história, destaque para a atriz Vera Holtz que convence muito em seu papel de cafetã de transexuais.

Quem também rouba a cena e surpreende é a top model Valentina Sampaio, que em sua primeira experiência no cinema consegue segurar a onda de uma perosagem que embora meiga e delicada possui uma carga dramática muito grande.

A ausência de diálogo dos tempos atuais também são temas abordados na trama, como na cena onde a família central janta sem trocar uma única palavra. O casal por não ter mais nenhum interesse em comum e o filho por estar distraído no celular.

É interessante observar que esta falta e diálogo mais tarde será um fator de culpa de Berecine que vê nas escolhas do filho um reflexo de sua negligência como mãe.

Como se não bastasse uma história bem contada e um desenvolvimento bem feito, o filme ainda reserva um final surpreende e uma mensagem poderosa, que obviamente não iremos contar para não estragar com a experiência de vocês.

“Berenice Procura” certamente ocupa hoje um lugar entre os melhores filmes LGBTs nacionais de todos os tempos, por sua qualidade técnica, por sua sensibilidade ao abordar temas delicados e principalmente por sua capacidade de gerar reflexão e humanizar uma classe tão desfavorecida como a dos transexuais.

Filmes assim merecem ser vistos, revistos e passados pra frente! Berenice Procura teve sua primeira exibição na Mostra Internacional de São Paulo, terá também exibições no MiX Brasil e estréia nesta quinta (28) nos cinemas.

Confira a entrevista que exclusiva o Empoderadxs fez com o diretor e elenco!

Matéria original do site Empoderadxs, cedida gentilmente para OFuxico.

 

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