Betty Faria revela que odiava a Viúva Porcina

Por - 15/07/20 às 12:50

Divulgação/GNT

Apesar do imenso sucesso eu ainda ecoa até hoje, a Viúva Porcina, personagem interpretado por Betty Faria na primeira adaptação da peça de Dias Gomes, O Berço Do Herói, para a TV, na novela Roque Santeiro, Betty Faria revelou em entrevista ao programa Conversa com Bial, na terça-feira (14) que odiava o papel.

Ela gravou vários capítulos da novela em 1975, quando a produção foi censurada, às vésperas da estreia, pelo governo de Ernesto Geisel. Ao fim do período militar, decretado por João Batista Figueiredo, dez anos depois, a novela foi desengavetada e precisou ser regravada. Foi aí que a protagonista saiu das mãos de Betty e foi parar com Regina Duarte. Roque que na primeira versão era de Francisco Cuoco, passou para José Wilker.

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"Eu odiava a viúva Porcina, eu achava ela de quinta, era uma pessoa detestável, ela hoje estaria naquele grupo que fica lá na frente do palácio da Alvorada, de bandeira, eu tinha implicância com ela", disse Betty. 

A atriz de 79 anos destacou que sua rejeição à Porcina se deu também pelo momento ruim que ela passava. 

"Houve um motivo muito sofrido pra mim afetivamente porque quando eu gravei, o meu filho estava bebezinho, eu deixava com uma pessoa da minha confiança, a minha mãe ia lá pra casa, era uma violência deixar aquela criança e ir fazer a Porcina, que eu detestava. Eu gostava da Tieta, e anos depois eu fiz", disse, referindo-se à adaptação da obra de Jorge Amado, feita também por Aguinaldo Silva. 

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"Betty para sempre faria! Numa época em que todo mundo só fala ‘pras redes’, Betty Faria preferiu fazer o jogo da sinceridade ontem à noite no Programa do Bial e apresentar a todos sua visão pessoal do mundo. Evitou o tempo todo as filigranas de linguagem, preferiu não fazer o jogo fácil do estereótipo e assim se apresentou como a magnífica pessoa e profissional que é: lúcida, corajosa, antenada… Uma grande artista e uma mulher de sua época. Brava Betty, grande Bial, que não entrevista apenas, mas também ouve aqueles que entrevista. Se você não viu a entrevista trate de ir ver correndo", disse Aguinaldo.

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Triste com o país

Na entrevista, Betty disse ainda que está muito triste com o momento crítico do Brasil, causado por divergências e consequências da política, entre outras coisas.

"A amizade, a fraternidade e o respeito são coisas que sinto tanta falta agora. Se você dá uma opinião em uma rede social, vem tanta gente lhe agredir e dizer coisas pesadas. O Brasil está tão dividido, tão estranho. Eu desconheço esse Brasil. Espero que isso passe logo e que as pessoas voltem a se respeitar, sem essa paranoia de 'comunista', 'direita' ou 'esquerda'. Sabe, eu tinha muito orgulho do nosso país, porque fui criada ouvindo que o Brasil era o país do futuro, só que o futuro chegou e não estou orgulhosa".

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Ela ainda destacou situações como a morte do menino Miguel, de 5 anos, que caiu de um prédio em Recife após ser deixado sozinho no elevador, o drama dos índios que estão tendo as terras invadidas e sendo infectados pela Covid-19 e a banalização de crimes.

"O brasileiro está precisando de solidariedade e humanidade. São esses os valores que o brasileiro está precisando, porque isso tudo o que está acontecendo não é normal. É preciso ter uma reeducação moral e cívica", enfatizou.

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